Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Blog do Paulo Moreira Leite

TV PÚBLICA
Paulo Moreira Leite

Os argumentos de Eugênio Bucci, 9/12/06

‘Num texto destinado ao I Forum Nacional de Tvs Pública, que deve ocorrer em fevereiro, o presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci alinhavou um conjunto de idéias para fundamentar a formação de uma Rede Pública de TV no país. (Leia nota anterior). Em pouco mais de seis páginas, Bucci fala de diversos assuntos. Diz que uma TV pública precisa ser independente do governo e do mercado. Sustenta a visão de que a atual cobertura jornalística das emissoras comerciais foi dominada pelo showbusiness. Defende que a TV pública tenha uma postura de serviço ao cidadão e não faça coberturas chapa branca. Diz que não é papel da TV pública produzir entretenimento, que considera natural e legítimo em emissoras privadas. Bucci também diz que uma emissora pública não deveria ficar assustada com a falta de público (‘essa é sua rotina,’ explica). Alguns argumentos de Bucci:

‘Uma sociedade democrática precisa dos dois pratos da balança, a televisão comercial e a televisão pública. O que a televisão comercial faz a televisão pública não deve pretender fazer; o que a televisão pública faz, se estiver centrada em sua missão, a televisão privada não pode fazer.’

‘Há uma bandeira ética que a televisão pública do Brasil precisa empunhar agora: a bandeira da independência frente aos governos e frente ao mercado.’

‘A cobertura jornalística (das emissoras privadas) de episódios como o massacre de Eldorado de Carajás, a morte de Ayrton Senna ou mesmo o 11 de Setembro denota uma propensão acentuada à finalidade de chocar, de emocionar, de proteger o que há de sensacional no fato em detrimento do sentido do próprio fato. O telejornalismo se abastece do showbusiness, em sua dimensão estética, pois foi engolido por essa industria que lhe é superior.’

‘Ao declarar que não faz entretenimento e que não tem compromisso com o entretenimento a televisão pública já acende uma pequena lanterna para sinalizar que a cultura, o conhecimento e a comunicação tem fôlego para alcançar outras altitudes.’

‘O entretenimento não é natural nesse aparelho de imagem eletrônica que as pessoas têm em casa. Vejamos o teatro, o cinema, o slivros, o rádio: a quantos fins, a quantos objetivos, tudo isso não serviu? Só ao entretenimento? Não é da natureza da televisão o entretenimento – este é que é da natureza de um certo mercado da cultura, mas não da natureza das válvulas, eletrotodos, do controle remoto, da internet, de nada disso.’

‘É preciso (na Tv pública) sair da postura de ser bajulador de platéias, que é uma atitude definidora da industria do entretenimento.’

‘A chatice é um tabu do entretenimento mas não é exatamente uma barreira ao pensamento’

‘A Tv pública não quer o público cativo como quer a televisão comercial. Ela não funcionará como cativeiro, mas como emancipadora e encubadora. O sentido da TV pública é tornar o sujeito suficientemente autônomo para, no limite, poder prescindir da televisão. O sentido da televisão comercial é aprisionar o sujeito na sua forma retangular.’

Leia abaixo artigo do historiador Timothy Garton Ash sobre a BBC inglêsa, a mais conhecida tv pública do planeta, publicado no Estado de 11 de dezembro;

http://txt.estado.com.br/editorias/2006/12/11/ger-1.93.7.20061211.5.1.xml’



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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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