Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Brasil eliminado: um caso de anestesia federal

Foi empáfia (como sentenciou Juca Kfouri, na CBN logo após a derrota)? Foi falta de atitude (como proclamava Galvão Bueno já no meio do primeiro tempo)? Depois da tola euforia ao longo de três semanas, começa agora uma febre de interpretações que deve estender-se até a partida final, no domingo (9/7).


Por ora, vale a pena examinar como a mídia impressa apareceu no sábado (horas antes da débâcle perante a França), para entender a mágica da anestesia.


A mídia não tem culpa, ela apenas espelha os processos. Quem perdeu foi Parreira, quem perdeu foram as vedetes intocáveis, quem perdeu foi a CBF e seus cartolas que fizeram tudo errado. A mídia dirá isso nas próximas horas. É uma lástima que não o tenha dito antes.


Primeira página dos três jornalões de sábado (1º/7):


** O Globo – ‘Argentina cai; Brasil é o continente hoje’. Subtítulo: ‘Parreira pode surpreender e pôr Robinho e Gilberto Silva contra a França’.


** Folha de S.Paulo – ‘Ou vai ou racha’.


** O Estado de S.Paulo – ‘A seleção em busca do erro zero’.


Editores de jornais não têm obrigação de fazer profecias, óbvio. Mas têm o dever de estar atentos à realidade.


Capas dos cadernos esportivos (1º/7):


** Folha – ‘Agora ou nunca’. Subtítulo: ‘Com time mudado, Brasil joga chance única de revanche e de evitar que França se torne maior algoz’.


** Estado – ‘Brasil caça-fantasmas’. Subtítulo: ‘O jogo de hoje pode exorcizar a derrota de 1998, que continua a perseguir uma geração do nosso futebol’.


** O Globo: [charge de Maratona inspirada no comercial do Guaraná] ‘Caramba, que pesadelo!’


‘Futebol de resultados’


O desempenho das estrelas da crônica especializada (alguns são bissextos) e alguns destaques pitorescos.


** No Estadão:


* Luis Fernando Veríssimo (também no Globo): ‘Lubos Michel não mudou a minha vida’. Destaque: ‘Seria muito melhor enfrentar a Argentina em campo neutro’.


* Daniel Piza: ‘À espera do show objetivo’. Frase final: ‘Um grande time, ora, é o que não cai em polarizações’.


* Marcos Caetano: ‘Copa de campeões’. Destaque: ‘Brasil e Alemanha têm grande chance de se cruzarem em Berlim’.


** Folha:


* Painel na Copa: ‘Ronaldo quer lucrar com a marca’.


* Tostão: ‘Jogo de craques’. Subtítulo: ‘O maior perigo são os lançamentos entre os zagueiros para o Henry’. Trecho final: ‘Craques costumam crescer nos jogos importantes. Como há craques dos dois lados, um pouco mais do Brasil, deve ser uma partida sensacional’.


* Juca Kfouri: ‘Chora, Argentina’. Trecho final: ‘Ocorre que se tenho a certeza de que a seleção fará seu melhor jogo, tenho também medo do juiz. Razão pela qual me dou ao direito de ficar no muro’.


* Datafolha: ‘Rainha das penalidades’ (estatística sobre pênaltis).


* José Roberto Torero: ‘A hora da vingança’. Subtítulo: ‘Talvez aquele 3 a 0 seja a maior derrota do nosso futebol. Desde a final de 50’. Final: ‘Tomara que a seleção esteja com apetite’.


** O Globo:


* Fernando Calazans: ‘Força em casa’. Penúltimo parágrafo: ‘Que futebol jogará hoje o Brasil? O verdadeiro futebol brasileiro ou o falso futebol brasileiro que é o futebol de resultados tão de agrado do técnico?’


* Renato Maurício Prado: ‘[Ronaldinho] Gaúcho tem que saltar por Parreira’.


* Agamenon Mendes Pereira (pseudônimo, turma dos Casseta&Planeta): ‘Vive la indiference!’


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