Deborah Howell escolheu como tema de sua coluna de domingo [20/1/08] as pesquisas de opinião. Segundo ela, tais pesquisas revolucionaram as políticas públicas e o jornalismo, ao fornecer a políticos e jornalistas acesso rápido ao ponto de vista dos cidadãos. Apesar de alguns especialistas acreditarem que as pesquisas, além de usadas em excesso, são manipulativas, é certo que seus resultados têm forte influência no discurso dos candidatos políticos.
A realização de pesquisas é algo freqüente na cobertura do Post. Na semana passada, por exemplo, foram publicadas duas delas: uma sobre o primeiro ano de governo do prefeito de Washington, Adrian M. Fenty, e outra sobre a campanha presidencial, realizada pelo diário em parceria com a ABC News, com questões sobre a guerra no Iraque, economia e a perfomance de George W. Bush. O Post realiza suas próprias pesquisas sobre assuntos regionais e locais, em conjunto com a Kaiser Family Foundation e a Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard. Pesquisas científicas são usadas desde os anos 30, quando o Post foi um dos primeiros a assinar os serviços do instituto Gallup. O diário começou a realizar suas próprias pesquisas nos anos 80 e, logo em seguida, fez uma parceria com a ABC News.
Pontos de vista divergentes
Para Andrew Kohut, presidente do Pew Research Center, as pesquisas independentes realizadas por organizações midiáticas são fundamentais. ‘Estas pesquisas dão ao público um panorama mais preciso e compreensível da opinião pública’, afirma. Já Richard E. Vatz, professor de comunicação da Universidade Towson, alega que os leitores não entendem suficientemente bem as margens de erro (em geral, de três a quatro pontos percentuais) e que as pesquisas funcionam mais para criar a opinião pública do que para medi-la.
Na opinião de Jon Cohen, diretor de pesquisas do Post, há muita especulação sobre o fato das pesquisas afetarem as eleições. ‘Eu vi muito pouca evidência disto ou de que a cobertura fique melhor sem as pesquisas. Elas esclarecem mais o que está acontecendo do que as especulações de acadêmicos. Os eleitores são espertos e tomam decisões baseados em seus próprios interesses, sem se influenciar por números’, dispara. Além do mais, acrescenta, as pesquisas apenas dizem às organizações o que as pessoas estão pensando naquele determinado período.
Cohen e a analista de pesquisas Jennifer Agiesta trabalham com editores e repórteres locais e nacionais para escolher os temas das pesquisas e quando fazê-las. ‘O objetivo é ser útil para uma cobertura mais ampla’, explica ele. As pesquisas também dão aos repórteres do Post contatos de eleitores que podem servir como personagens de futuras matérias. O Post e outras organizações de pesquisa selecionam entrevistados usando um processo randômico.
Para que os leitores possam entender os métodos de pesquisa, o diário colocou explicações em seu sítio. Recentemente, alguns leitores questionaram se as pesquisas não deveriam ser feitas também por celulares – e não apenas por telefone fixo, como funciona atualmente. Cohen alega que, até o momento, organizações que fazem pesquisas por celulares não notaram nenhuma diferença nas opiniões, mas afirma que o Post pretende vir a realizar entrevistas por celulares. Outros leitores reclamaram que, recentemente, há mais entrevistados nas pesquisas do Post identificando-se como democratas que como republicanos. Segundo Cohen, o Post não usa como critério de pesquisa o partido político, mas sim dados como idade, gênero, raça e educação. ‘Afiliação partidária não é geográfica. A quantidade de democratas e republicanos muda com o tempo e, sim, estamos tendo recentemente mais pessoas identificando-se como democratas’, conclui.