O governo dos Estados Unidos anunciou que vai aderir às metas de redução na emissão de gases do efeito estufa, acertadas em Copenhague durante a cúpula de dezembro passado.
Qual é o peso relativo dessa informação no noticiário geral que ocupa os jornais de sexta-feira (29/1)? Na opinião da maioria dos editores da imprensa brasileira de assuntos genéricos, praticamente nenhum interesse. O Globo publica um texto curto na página de ‘Ciência’ e a Folha de S.Paulo traz uma nota menor ainda em sua seção correspondente.
A informação já estava disponível nos sites de agências noticiosas internacionais na tarde de quinta-feira (28), por volta das 16 horas, ou seja, houve tempo mais do que suficiente para produzir um material mais consistente e, principalmente, mais de acordo com a relevância do tema.
O texto do Globo, um pouco mais alentado que o da Folha, acrescenta que o governo dos Estados Unidos vai aumentar em US$ 5 bilhões a verba de incentivo às empresas que fabriquem produtos livres de emissões de carbono. O Globo também é o único dos chamados jornais de circulação nacional a citar a consulta do Centro de Pesquisas Pew, na qual se revela que apenas 28% dos americanos entrevistados consideram o aquecimento global como a prioridade a ser tratada em 2010 pelas autoridades dos Estados Unidos.
Em 2007, ano em que foi amplamente divulgado o resultado de estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas demonstrando o efeito de atividades humanas no clima, 38% dos cidadãos americanos afirmavam que essa era a questão que mais os preocupava.
Preocupação circunstancial
Por mais que se diga que a imprensa tradicional anda perdendo credibilidade, a frequência com que os jornais e emissoras de rádio e televisão abordam determinados assuntos ainda influencia o grau de repercussão que tal assunto terá na sociedade.
O fato de os jornais brasileiros, majoritariamente, não acompanharem as decisões derivadas da reunião de chefes de Estado ocorrida em Copenhague, fala muito a respeito das verdadeiras convicções da imprensa sobre o tema.
Revela que, na verdade, a maioria dos editores apenas se preocupa com a questão climática como evento midiático.
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Aquecimento? Que aquecimento? — L.M.C.