Em sua coluna de domingo [27/1/08], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, levantou uma questão preocupante para o jornal: a escassez de leitoras. Segundo pesquisas realizadas pelo diário, jovens mães com idades entre 18 e 34 anos que hoje lêem o Post deixarão de fazê-lo quando envelhecerem. Atualmente, a taxa de leitura já pode ser considerada baixa: estas mulheres representam metade do número de leitores homens com filhos pequenos.
As preocupações em como conquistar – e manter – a atenção das mulheres não são de hoje. Deborah lembra que, há algumas décadas, era comum haver nos jornais ‘seções femininas’, com receitas e colunas sociais, destinadas a atrair este público. Estas editorias foram perdendo força nas décadas de 60 e 70, à medida que as mulheres passaram a engrossar o mercado de trabalho. Posteriormente, surgiram seções como Estilo, Casa, Saúde e Gastronomia.
Falta de tempo
Homens e mulheres podem se interessar pelo mesmo tipo de jornalismo, mas alguns fatores contribuem para que as mulheres não sejam leitoras regulares do Post. Um deles é o tempo – ou a falta dele. As pesquisas indicam que homens e mulheres lêem o jornal de domingo na mesma proporção – o que significa que, quando têm tempo, elas gostam de ler o jornal. Não é preciso ir longe para entender a questão; as próprias mães na redação alegam sofrer com a falta de tempo para ler o Post. Jackie Alvarado, da editoria de esportes, afirma que só assina a edição dominical. ‘Não há tempo durante os dias de semana para que eu leia’, explica.
Outro motivo para o baixo índice de leitoras parece ser o fato de elas não se verem retratadas na cobertura jornalística. A alta hierarquia do Post é formada, em sua grande maioria, por editores homens – e são eles os responsáveis pela escolha das matérias de capa. Deborah acredita que as mulheres querem ver mais matérias ‘femininas’ na capa. Robert McCartney, chefe de redação da seção metropolitana, concorda que é preciso haver uma mudança neste sentido, e recentemente escalou duas repórteres para se dedicarem a matérias de comportamento e estilo de vida. ‘As mulheres estão interessadas em notícias locais. Elas são leitoras atentas do caderno metropolitano e gostam de ver suas questões cotidianas no jornal’, sentencia a repórter Miranda Spivack.