Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Comunique-se / Agência EFE

‘Os atritos entre os meios de comunicação e a Justiça não demoraram para surgir no ‘julgamento do século’, que começou esta semana na Bélgica contra o suposto pedófilo e assassino Marc Dutroux.

A polêmica foi provocada, em primeiro lugar, pela decisão de vários jornais de não respeitarem a exigência de Dutroux, que pediu para não ser filmado ou fotografado no banco dos acusados, o que foi aceito pelo presidente do Tribunal que julga o caso.

O presidente do Tribunal de Arlon (sudeste do país), Stéphane Goux, aprovou na segunda-feira passada a inesperada exigência de Dutroux de não ser fotografado ou filmado pelos jornalistas que cobrem o caso. O único dos quatro acusados a exigir tal coisa.

Nos dois primeiros dias do processo, todas as redes de televisão e jornais o representaram com uma pequena faixa preta em cima de seus olhos ou o desenharam à mão, mas ontem e hoje alguns jornais belgas, como os flamengos ‘Het Laatste Nieuws’ e ‘De Gazet van Antwerpen’, violaram a proibição.

Como castigo, Goux retirou o credenciamento para o resto do processo dos repórteres desses jornais e ameaça agora com uma proibição total para o resto da imprensa, se ‘a coisa degenerar’, advertiu hoje o porta-voz do Tribunal.

Mas segundo a Federação belga de Jornalistas e a Comissão belga de proteção da privacidade, Dutroux não tem direito a exigir que não lhe façam fotos, já que neste caso se trata de notícias atuais e Dutroux se converteu em uma figura pública, comentou hoje o jornal ‘De Standaard’.

Seu rosto, por outro lado, é conhecidíssimo na Bélgica, onde é considerado o ‘inimigo público número um’.

Além disso, o próprio casal Marchal, pais de uma das meninas assassinadas por Dutroux e seus cúmplices, pediu à imprensa que desatendesse a ordem do juiz, segundo La Gazet van Antwerpen.

Paralelamente, o Colégio de Advogados pediu a todos os letrados participantes no processo que se contenham em suas declarações e comparecimentos aos meios de comunicação.

Vários advogados fizeram declarações ao vivo à televisão e à imprensa escrita em paralelo às audiências, e em alguns casos foram eles que procuraram os repórteres.

O presidente do Colégio, Hugo Lamot, disse à EFE que ‘existe uma obrigação deontológica que impõe aos advogados reservar seus argumentos para os juízes; somente se considerarem necessário para o bem de seu cliente podem falar com a imprensa’.

‘Entendemos que o processo contra Dutroux é excepcional quanto à presença da imprensa, mas apesar disso queremos evitar que se crie um precedente’, acrescentou.

‘Há suficientes meios para que a imprensa encontre informação objetiva sem ter de recorrer aos advogados’, concluiu.’



PALESTINA
O Globo

‘Jornalista palestino é assassinado’, copyright O Globo, 3/03/04

‘Homens não identificados mataram a tiros ontem um jornalista e importante assessor do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat, numa emboscada na Cidade de Gaza. Khalil al-Zebin, de 59 anos, dirigia uma revista financiada pela ANP e assessorava Arafat em temas sobre direitos humanos e mídia.

Zebin foi atingido por diversos tiros disparados por um grupo. O ataque aconteceu pouco depois da meia-noite, no lado de fora de seu escritório. Ele foi levado ainda com vida para o hospital Shifa, mas não resistiu aos ferimentos. A polícia informou que está investigando o crime, mas ninguém foi preso.

– Perdemos um herói do povo palestino em um assassinato barato. Não podemos ficar em silêncio diante do que aconteceu – disse Arafat.

Jornalistas em luto exigem rigor nas investigações

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Palestinos chamou o assassinato de Zebin de um ‘claro ataque contra todo o povo palestino’. Jornalistas palestinos entraram em luto e protestaram exigindo que a Autoridade Nacional Palestina investigue uma série de ataques contra eles na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Os palestinos vêm enfrentando uma onda crescente de violência. Gangues armadas, com freqüência formadas por grupos militantes que lutam contra Israel, são acusadas de estarem por trás do crescimento do número de roubos, extorsão, seqüestros e assassinatos que vem ocorrendo em Gaza e na Cisjordânia.

– Está muito claro que há lutas de poder do outro lado. Isso pode ser definido, de certa maneira, como uma anarquia – disse o chefe do Estado-Maior de Israel, Moshe Yaalon, à Rádio do Exército, ao comentar o assassinato do jornalista palestino.

Em Washington, o presidente George W. Bush deu sinais de que poderá apoiar Israel no plano unilateral para desmantelar assentamentos judeus em Gaza, o que, segundo analistas, poderá aumentar ainda mais o clima de violência em toda a região.’



DIANA & FITAS
Jornal do Brasil

‘Reveladas fitas secretas de Diana’, copyright Jornal do Brasil, 5/03/04

‘Fitas de áudio da princesa Diana, cujo conteúdo foi divulgado ontem pela rede de TV americana NBC, revelam uma celebridade que, apesar de amada, lutava secretamente contra a bulimia e idéias suicidas.

– A vida pública é muito diferente, obviamente, da vida particular – disse Diana nas fitas, gravadas por um intermediário em segredo em 1991 para o biógrafo da realeza, Andrew Morton.

Ela continua:

– Quanto à vida pública, queriam uma princesa encantada, que os tocasse e transformasse tudo em ouro e todas as suas preocupações seriam esquecidas (…) Não percebiam que (…) o indivíduo estava se crucificando por dentro, porque não se achava bom o suficiente.

A luta de Diana contra a bulimia (doença na qual a pessoa vomita tudo o que ingere) veio a público em 1986, quando ela desmaiou durante uma viagem com o príncipe Charles ao Canadá. Publicamente, fontes oficiais atribuíram o desmaio à fadiga, mas, em particular, Lady Di disse que Charles estava aborrecido com ela:

– Meu marido me repreendeu. Ele disse que eu poderia ter desmaiado secretamente em outro lugar, atrás de uma porta. Isso tudo foi muito constrangedor… E, no fundo, eu sabia que havia algo errado comigo, mas era muito imatura para falar a respeito.

Ao comentar uma tentativa de suicídio, em 1982, Diana descreveu um Charles frio e distante. Grávida de três meses e se sentindo péssima com a crise no casamento, Diana disse ter tentado conversar com Charles e ameaçado se suicidar.

– Então me joguei pelas escadas, consciente de que estava carregando uma criança. A rainha apareceu, absolutamente horrorizada, tremendo de tão nervosa. Eu sabia que não ia perder o bebê, apesar do machucado em volta do estômago, e Charles saiu para cavalgar. Depois, quando ele voltou, você sabe… foi um descaso, um descaso total – contou a princesa de Gales.

Diana e seu namorado, Dodi Fayed, morreram num acidente de carro, em Paris, em 1997, um ano depois da princesa se divorciar do príncipe Charles.’



AL HURRA ODIADA
O Estado de S. Paulo

‘Canal americano enfrenta protestos’, copyright O Estado de S. Paulo, 6/03/04

‘A tentativa dos Estados Unidos de estabelecer uma emissora de TV nos países árabes para melhorar sua imagem junto ao povo islâmico está surtindo efeito contrário. Disputando espaço com as TVs árabes como Al-Jazira e Al-Arabia, o canal americano para o povo árabe, batizado de Al Hurra, entrou no ar em fevereiro, e vem, desde então, enfrentando forte rejeição da comunidade local.

Entre noticiários que tentam amenizar as conseqüências da guerra no Iraque, Al Hurra, que significa livre, se esforça para conquistar o povo islâmico exaltando as belezas da cultura local.

Mostra a todo momento imagens de cavalos árabes trotando em lindas paisagens e janelas que se abrem representando simbolicamente a liberdade que o povo de lá conquistou com a ocupação americana. Inútil. Os árabes não só não dão audiência ao canal, como protestam contra ele.

Para o povo local, a Al Hurra não passa de mais uma forma de propaganda norte-americana que não mudará a imagem dos Estados Unidos por lá.

A hostilidade é tanta que, em uma coletiva de imprensa no Cairo, um jornalista da Al Hurra foi insultado por colegas egípcios e acabou sendo expulso a pontapés do local.

A insistência do canal em ser aceito acaba provocando mais raiva na população. Durante todo o dia, Al Hurra exibe várias vinhetas que trazem seus empregados dizendo: ‘Trabalho na Al Hurra porque quero dar notícias verdadeiras e equilibradas’.

Os canais árabes consideram essas vinhetas uma afronta e o público acha muito arrogante a atitude dos norte-americanos de acreditarem que o mundo árabe necessita de um canal americano próprio.

Outra reclamação do povo islâmico é que o canal americano, ao noticiar a morte de um palestino ou um iraquiano em explosões, nunca diz: ‘Morreu como um mártir’, como o canal Al-Jazira faz.

A imprensa local acredita que a prova de fogo para provar se de fato a Al Hurra é uma forma descarada de propaganda americana será quando o canal tiver de noticiar uma guerra ou uma verdadeira crise na região. (Dpa)’



Luciana Coelho


‘Moderados agora têm voz, diz criador de TV árabe dos EUA’, copyright Folha de S. Paulo, 8/03/04


‘Quando a rede qatariana de TV Al Jazira entrou no ar, em 1996, para transmitir 24 horas por dia de notícias aos países árabes, foi inevitável vê-la como uma resposta local à CNN e sua eficácia em difundir o noticiário de abordagem americana. O tempo passou e a rede se fixou: se na Guerra do Golfo (1991) a americana ganhou notoriedade com sua cobertura espetaculosa, no ano passado, com a Guerra do Iraque, a qatariana disputou audiência ao lançar seu canal em inglês.


Sob o nome de Al Hurra (do árabe ‘aquela que é livre’), a resposta americana veio neste mês. Chegou com atraso, segundo seu criador, mas com um objetivo claro: dar voz -e conseqüentemente poder- aos moderados da região. ‘É importante podermos ao menos competir no mercado ideológico’, diz o radialista americano Norman Pattiz, 61, que desenvolveu a rede americana voltada ao público árabe. ‘Mas só tentamos persuadir os persuasíveis.’


Leia a seguir os principais trechos da entrevista que Pattiz, presidente da comissão de Oriente Médio do Conselho Regulador da Radiodifusão, concedeu à Folha, por telefone, de Los Angeles.


Folha- Como ocorreu a decisão de criar um canal de TV americano para o Oriente Médio?


Norman Pattiz – Qualquer um familiarizado com a mídia na região sabe que há um alto teor de discursos de ódio disseminado no rádio e na televisão, de incitação à violência, desinformação, censura estatal e até mesmo autocensura entre os jornalistas. Até a criação da rádio Sawa [2002], os EUA não tinham quase acesso à região. E a Sawa começou a fazer sucesso, uma estação claramente americana, que se tornou a mais ouvida por seu público-alvo, de até 25 anos, que a considera confiável…


Folha – Como foi vista a cobertura da Guerra do Iraque pela Sawa?


Pattiz -Eu diria que foi bem equilibrada. Nossa missão, do Conselho Regulador da Radiodifusão e das transmissões internacionais americanas, é dar um exemplo de imprensa livre. Nossos espectadores não são burros. Não estamos no negócio da propaganda ideológica nem no de operações psicológicas. Se tivermos um produto que os espectadores acham crível e confiável, eles continuarão nos ouvindo.


Folha – Mas o conselho é ligado ao governo. Não há pressões?


Pattiz – Um de nossos principais papéis é servir como uma espécie de filtro protetor entre a independência dos jornalistas e as pressões que nos são impostas pelo governo ou pelo Congresso.


Folha – A Sawa ou a Al Hurra poderiam se ver na mesma situação da britânica BBC, acusada de conduzir uma campanha contra o governo que incluiu acusações falsas?


Pattiz -É óbvio que nenhuma organização de notícias com credibilidade quer divulgar informações incorretas, mas coisas assim acontecem às vezes. Nunca estivemos nessa posição e estamos há 60 anos nesse negócio… Mas lidamos com seres humanos, sempre há possibilidade de acontecer.


Folha – Mas, se houvesse informações críveis de fontes confiáveis negativas ao governo, vocês divulgariam sem problemas?


Pattiz -Se é notícia, nós cobrimos. Acho bom lançarmos a Al Hurra em um ano eleitoral nos EUA, porque na cobertura da campanha haverá uma boa dose de crítica ao presidente pelos democratas, assim como haverá aos democratas pelo governo, e as pessoas poderão entender rapidamente o processo democrático numa sociedade livre.


Folha – Como está a aceitação do canal pela população da região?


Pattiz -Não temos como saber ainda, pois só estamos no ar há três semanas. O que sabemos é que a imprensa árabe foi extremamente dura com a Al Hurra, mas grande parte dessas críticas começou antes de irmos ao ar. Parece que há grande preocupação da mídia controlada pelo governo com a chegada da Al Hurra. Também recebemos milhares de e-mails positivos de gente que está assistindo ao canal. Como nosso público-alvo não é a mídia, são as pessoas, neste momento nos interessa qualquer coisa que faça as pessoas saberem que estamos lá.


Folha – Já há números?


Pattiz – Não, é cedo. Só começaremos a medir audiência quando estivermos no ar 24 horas por dia [a partir de 15 de março].


Folha – Qual é a relação de vocês com a Al Jazira?


Pattiz – Eu os conheço bem. O xeque Hamad al Thani, diretor da Al Jazira, foi o primeiro a dar permissão para a Rádio Sawa ter uma freqüência FM, e o pessoal da Al Jazira rompeu alguns tabus muito importantes na região -sobretudo o da imprensa estatal não criticar outros governos. A Al Jazira critica todo mundo. Exceto Qatar.


Folha – Onde eles estão baseados.


Pattiz -O Qatar tem de ter muito jogo de cintura… Por um lado, é o maior aliado militar dos EUA na região, por outro, tem a Al Jazira, que o liga ao sentimento das ruas…


Folha – Se não houvesse Al Jazira seria mais difícil para a Al Hurra?


Pattiz – Com certeza a ascensão da TV por satélite na região, da qual a Al Jazira é o melhor exemplo, não só tornou possível como também necessária a criação da Al Hurra. Mas provavelmente deveríamos ter criado a Al Hurra anos atrás, quando esse tecnologia surgiu. Cerca de 60% da população dessa região tem menos de 25 anos, uma bolha populacional enorme que não tem ainda um bom senso de história. Aí vem a TV por satélite, capaz de cobrir todos os países da região, apresentando informações de uma maneira até então inédita e que, na nossa opinião, pode radicalizar essa população que está crescendo e criar grandes problemas. É por isso que é tão importante podermos ao menos competir no mercado ideológico.


Folha – A cobertura do conflito israelo-palestino pelo canal é tida como enviesada por alguns críticos. Como o sr. a vê?


Pattiz – Não acho enviesada, acho precisa. Uma vez o correspondente palestino da Al Jazira disse que, muitas vezes, era difícil ser objetivo quando se vive lá e se vê tudo por uma lente de aumento. Também é difícil ser objetivo quando a informação vem de uma única fonte. Além disso, a abordagem da crise israelo-palestina pela imprensa tem base no que ocorre hoje, com pouco contexto. Mas a crise não surgiu hoje, ela surgiu em 1948 [com a criação de Israel] e tomou maior proporção em 1967 [com a Guerra dos Seis Dias]. Antes de 1967 não eram os israelenses que estavam nessas áreas, mas os egípcios e os jordanianos, que podiam ter criado um Estado palestino a qualquer hora, mas não o fizeram. Quando seis países invadiram Israel, em 1967, Israel teve que se mudar para o que hoje são os territórios ocupados. Acho que esse tipo de informação deve ser acrescido ao debate. Sem contexto histórico, o que sobra são apenas paixões.


Folha – A Al Hurra vai dar exatamente esse contexto?


Pattiz – Sim. Queremos vender o quadro geral, para que as pessoas julguem com o máximo de informação possível. O que esperamos é ser um canal que dê voz aos moderados, que na região não têm muito espaço.


Folha – Isso é um meio de dar poder a eles.


Pattiz – Sim, com certeza.


Folha – É uma meta dos EUA?


Pattiz – É… Quer dizer, conseguir expor a visão dos moderados é nosso objetivo, mas pretendemos promover debates acirrados entre pessoas com pontos de vista mais radicais e mais moderados.


Folha – A Al Hurra transmite para 22 países diferentes, com graus diferentes de liberalização. Como funciona a programação?


Pattiz – Fazemos o mesmo que a Al Jazira e a Al Arabyia: temos alguns programas específicos para determinados países, mas também tratamos de assuntos pan-árabes. É mais fácil no rádio, que é mais local e pode ter programações diferentes. Na TV por satélite não há essa flexibilidade.


Folha – Haverá espaço para falar de religião?


Pattiz – Com certeza noticiaremos eventos religiosos importantes, por serem notícia, mas não promoveremos nenhuma religião. Podemos ter mesas redondas sobre aspectos religiosos envolvendo um determinado fato.


Folha – Os jornalistas vão aparecer no vídeo no estilo ocidental?


Pattiz -A maioria sim, mas há alguns que preferem roupas tradicionais islâmicas, inclusive que cobrem a cabeça. Nossos convidados se vestem como bem entendem. Mas temos sucursais na região, então haverá muita gente vestida conforme a tradição local. Já os apresentadores devem optar pelo estilo ocidental.


Folha – Vocês estão recebendo críticas por isso?


Pattiz -Recebemos alguns e-mails bem fortes, embora as mensagens negativas sejam uns 2% do total. Há quem ache que somos controlados pelos israelenses ou fazemos parte de uma operação da CIA [serviço secreto dos EUA].


Folha – Mas esse tipo de reação já era esperado, não?


Pattiz -Sim, já passamos por tudo isso com a Rádio Sawa. O que nos anima é que tudo isso foi dito antes, e a Sawa é a rádio mais popular entre seu público-alvo.


Folha- O sr. acha que o mesmo acontecerá com a Al Hurra?


Pattiz -Acho que a Al Hurra vai ter uma audiência considerável.


Folha- Qual a expectativa?


Pattiz -A Al Jazira diz ter 30 milhões de telespectadores. É o número que pretendemos atingir.


Folha- Recentemente, uma reação negativa do público árabe tirou do ar a versão local do ‘Big Brother’, um programa de formato ocidental. Como a Al Hurra vai lidar com uma platéia mais sensível em termos comportamentais?


Pattiz – Bom, já teve até ‘fatwas’ [decretos religiosos] emitidos por líderes islâmicos proibindo os fiéis de ver a Al Hurra.


Folha- Onde?


Pattiz – Na Arábia Saudita e mais uns dois lugares -só que toda vez que alguém diz para outra pessoa não fazer algo, aí é que ela faz. Mas só tentamos persuadir os persuasíveis. Não é nosso trabalho promover a política americana, e sim descrevê-la precisamente, debater seus prós e contras para que as pessoas entendam que, em uma democracia, você pode discordar do governo. Só que as políticas desse governo são extremamente impopulares, e nós seremos vistos, inicialmente, como uma organização de propaganda ideológica. O único jeito de contestar isso é mostrar imparcialidade todo dia. Sem credibilidade com os telespectadores, estaremos fadados ao fracasso.’



MARTHA STEWART CONDENADA
Jornal do Brasil

‘Stewart e seu advogado John Tigue no tribunal, em Manhattan’, copyright Jornal do Brasil, 6/03/04

‘A famosa empresária e apresentadora de TV Martha Stewart, dona de um império comercial que tem como público-alvo as donas de casa dos Estados Unidos, foi considerada culpada no julgamento que avaliou sua participação na venda duvidosa de um pacote de 4 mil ações.

Por cada uma das quatro acusações apresentadas pela promotoria, Stewart, de 62 anos, pode ser condenada a cinco anos de prisão e ao pagamento de uma multa de US$ 250 mil. Mas advogados da empresária já avisaram que recorrerão da sentença.

O júri de Nova York considerou Stewart culpada pela acusação de obstrução da ação da justiça, por duas de falso testemunho e por uma de conspiração para cometer fraude. A causa está relacionada à venda das ações que a empresária tinha da empresa de biotecnologia ImClone Systems, e à tentativa da apresentadora de encobrir o caso. A empresa foi fundada pelo amigo da apresentadora, Samuel Waksal, que foi condenado anteriormente a sete anos de prisão por tráfico de informação.

A acusação alegou que a empresária tinha sido informada de que as autoridades federais não aprovariam o novo medicamento da empresa contra câncer, quando vendeu mais de US$ 200 mil em ações. Na negociação, Stewart evitou perder mais de US$ 50 mil com a posterior queda das ações.

A sentença foi dada uma semana depois que a juíza responsável pelo caso rejeitou uma outra acusação por fraude – que prevê penas de até 10 anos – por considerar que a promotoria não havia apresentado provas suficientes.

Stewart foi julgada junto com o ex-corretor da bolsa Peter Bacanovic, que a promotoria alega que soube de antemão que Waksal estava vendendo ações da própria empresa. Segundo a acusação, Bacanovic pediu a seu assistente que informasse a apresentadora, para que ela também vendesse suas ações.

A empresária escutou a sentença sem demonstrar reação alguma. Logo depois, Stewart deixou o tribunal por uma saída lateral e não deu declarações à imprensa.

O júri também considerou Bacanovic culpado por três das quatro acusações que pesavam contra ele. Com isso, o corretor de ações também poderá ser condenado à prisão.

A sentença final será dada no dia 17 de junho. Nenhum dos dois acusados testemunhou no julgamento, que durou cerca de 2 meses.

As operações na bolsa da empresa Martha Stewart Living Omnimedia Inc., que comercializa livros, uma revista e um programa de televisão sobre decoração, jardinagem e outros temas domésticos, foram interrompidas ontem na Bolsa de Nova York. Segundo a rede de televisão CNN, isto aconteceu momentos antes de a sentença da empresária ter sido anunciada.’



POST vs. CHÁVEZ
Jornal do Brasil

‘‘Post’ critica Chávez’, copyright Jornal do Brasil, 6/03/04

‘‘Dada a posição debilitada da administração Bush na região’, o fim da crise na Venezuela requer a intervenção de seus vizinhos, principalmente do Brasil, afirmou ontem o jornal Washington Post, num editorial intitulado ‘Golpe por tecnicismo’.

O Post culpa o presidente Hugo Chávez de provocar a crise atual em seu país com seu ‘populismo delirante e métodos autoritários’ e pede aos países latino-americanos que ‘estejam preparados’ para recorrer à Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A Carta Democrática é um instrumento que busca proteger os governos democráticos ameaçados por um conflito constitucional.

Ontem, Chávez alertou os EUA para que mantenham ‘suas mãos fora da Venezuela’. Ele voltou a acusar Washington de estar apoiando a nova onda de protestos da oposição, que quer um referendo revogatório do mandato presidencial. Tropas foram deslocadas para as ruas, para controlar as manifestações. Em uma semana, oito pessoas morreram em decorrência da violência.

Por causa da tensão na Venezuela, o quinto maior produtor mundial de petróleo e o terceiro exportador para os EUA, o barril do óleo fechou em US$ 37,26 no mercado de Nova York. Este é o preço mais alto em uma ano, desde o início da invasão ao Iraque.’



O Estado de S. Paulo

‘‘Post’ cobra posição firme do Brasil’, copyright O Estado de S. Paulo, 6/03/04

‘Em editorial publicado ontem, o jornal The Washington Post exortou o Brasil a assumir um papel mais firme para encontrar uma saída política para a Venezuela. ‘Diante da posição frágil da administração (George W.) Bush na região, a esperança de se encontrar uma solução pacífica e democrática para a crise está nas mãos de seus vizinho latino-americanos, a começar pelo Brasil’, afirmou o jornal.

O diário se refere à redução da influência de Bush sobre os governos latino-americanos depois da invasão do Iraque, uma operação muito impopular na América Latina.

‘Se (Hugo) Chávez continuar negando a sua gente um voto democrático, os líderes dos países vizinhos devem estar preparados para invocar a Cláusula Democrática da OEA (Organização dos Estados Americanos) e ameaçá-lo com o isolamento destinado aos autocratas’, defende o editorial, intitulado ‘Golpe por tecnicismo’.

Na opinião do jornal, Chávez barrou ‘grosseiramente’ a tentativa da oposição de realizar um referendo contra ele.

‘Os eleitores poderão reconfirmar suas assinaturas, mas isso se constitui num desafio logístico quase impossível. Trata-se de um golpe kafkiano’, prossegue o jornal. ‘A menos que seja detido, Chávez poderá completar a destruição de uma das mais duradouras democracias da América Latina.’ (The Washington Post e Reuters)’