Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Correspondentes se arriscam para cobrir destruição

Jornalistas encarregados de cobrir a destruição causada pelo ciclone Nargis em Mianmar sofrem com a censura à mídia. Eles têm seus telefones grampeados e, para evitar ser expulsos do país, por vezes escondem que são repórteres. A cobertura de catástrofes sempre implica riscos, pois os desastres causam, em geral, falta de comida e água potável, surtos de doenças e número de mortos assustadores, afirma Jocelyn Gecker [AP, 13/5/08]. No país do sul asiático, no entanto, estes riscos são multiplicados, pois o regime militar não quer que sejam expostos detalhes do sofrimento das vítimas.


De acordo com as Nações Unidas, o ciclone que atingiu a região no dia 2/5 matou entre 62 mil e 100 mil pessoas e deixou mais de dois milhões de desabrigados enfrentando doenças e fome. ‘Este governo é paranóico, xenófobo e acredita que este ciclone diminui sua credibilidade’, explica Aung Zaw, editor da Irrawaddy, revista criada por jornalistas de Mianmar exilados na Tailândia. ‘O regime militar quer esconder a extensão dos danos. E eles não querem que os birmaneses contem aos estrangeiros a história verdadeira’.


Persona non grata


Diversos correspondentes – assim como voluntários estrangeiros – não tiveram sua entrada permitida no país. O jornal The New Light of Myanmar, controlado pela Junta Militar, mostra apenas imagens dos militares distribuindo ajuda a sobreviventes, não mencionando a oferta de ajuda estrangeira.


Diversas organizações de defesa da liberdade de expressão já pediram ao governo para liberar a entrada de jornalistas. ‘A mídia tem um papel importante a desempenhar. [Os jornalistas] ajudam a informar a comunidade de voluntários de todo o mundo sobre as condições dos desabrigados’, diz o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. No ano passado, a organização Repórteres Sem Fronteiras elegeu o país como o sexto predador da liberdade de imprensa no mundo.