O USA Today [25/2/04] fez um estudo com 140 grandes lançamentos do cinema em 2003 nos EUA (ou seja, que entraram em cartaz em pelo menos 600 salas) e conseguiu verificar uma relação entre as arrecadações e as críticas da imprensa. Numa escala de quatro estrelas, meia estrela a mais equivale a até US$ 26,5 milhões a mais de bilheteria.
É claro que não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre as resenhas e os lucros, mas não é mera coincidência que os filmes mais elogiados pela imprensa, como Procurando Nemo e O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei, tenham sido também os de maior bilheteria. Outro caso notável é o do favorito dos críticos americanos em 2003, Encontros e Desencontros, filme de baixo orçamento que conseguiu faturar surpreendentes US$ 43 milhões. O resultado da pesquisa pode surpreender o público, que, em geral, manifesta desagrado com os críticos, conhecidos por só elogiarem obscuros filmes de arte, desprezando os mais comerciais.
Michael Parks, ex-editor do Los Angeles Times e atualmente diretor da Escola de Jornalismo da Universidade da Carolina do Sul, acredita que a influência da crítica sobre o público pode ser fruto de uma mudança na perspectiva dos jornalistas. ‘O que vimos nos últimos 15 anos é uma guinada para a filosofia de ‘vamos ajudar o leitor’’. Eles estariam, portanto, mais preocupados com dizer se as pessoas vão se divertir ou não que com analisar a reinvenção do cinema promovida por este ou aquele diretor.
Os números de faturamento mostram ainda que há dois estilos de cinema que não se deixam abalar pelas críticas: a comédia e os filmes de terror. A imunidade aos ataques da imprensa ficou patente, por exemplo, no caso do assustador Freddy vs. Jason, que, com a reunião dos dois maiores carniceiros do cinema trash, fez seus produtores embolsarem US$ 82,2 milhões.