Luciano Huck foi para a capa da última edição de Época.
Antes esteve nas Páginas Amarelas de Veja, duas vezes na primeira página da Folha e foi assunto de quase sessenta mil ocorrências na Internet.
Por que a celeuma?
O apresentador achou que deveria protestar contra uma violência da qual foi vítima e, como é uma celebridade, teve tratamento VIP.
Então um escritor da periferia achou que deveria defender o ponto de vista dos marginais, botou a boca no trombone e também foi para a primeira página.
À primeira vista tudo isto parece um debate democrático, troca de idéias dentro de uma sociedade pluralista.
Não é.
A imprensa fixou-se nos aspectos mais sensacionalistas, como a chamada na capa da Época – Ele Merecia ser Roubado? – o público leitor foi na onda e manteve a mesma entonação. Dai para o linchamento e o canibalismo foi um passo.
Quando se simplifica o debate como agora acontece, é inevitável que a resposta coletiva seja ainda mais simplista e ainda mais grosseira.
A brutalidade que hoje se nota em alguns blogs e nas seções de cartas dos leitores não acontece por acaso.
Alguém fez vibrar um diapasão, a multidão percebeu o tom e procurou a mesma afinação.
É evidente que Luciano Huck não merecia ser roubado, ninguém merece ser roubado, nem mesmo ladrões.
Mas um assunto sério como este não merece colocações tão ingênuas e tão desatinadas.
Em Tempo: Não satisfeita com a polêmica criada por seus articulistas e convidados, a Folha de S. Paulo foi buscar na Veja o cão de guarda Reinaldo Azevedo, blogueiro e colunista da revista, para mais um artigo sobre Huck e Ferréz, publicado nesta segunda-feira (15/10) na página 3. Azevedo bate pesado em Ferréz e até mesmo na Folha, por ter publicado o artigo do rapper. Já o resultado da busca no Google pela palavra-chave Luciano Huck já supera 445 mil ocorrências. Não é pouca coisa…