Os jornalistas colombianos Hollman Morris e Geovanny Álvarez Castro abandonaram o país na semana passada depois de receberem ameaças de morte vinculadas ao seu trabalho. Hoje (24/10), o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou as autoridades colombianas a realizarem uma pronta investigação e a assegurarem que os dois jornalistas possam regressar à Colômbia e ali trabalhar com segurança.
Morris, jornalista independente e produtor do programa de notícias semanal Contravía, transmitido pelo Canal Uno, abandonou o país com sua família no domingo, conforme relatou ao CPJ. Conhecido por seus informes investigativos sobre o conflito armado na Colômbia, Morris foi ameaçado e intimidado em reiteradas ocasiões. Ele e sua família estão, atualmente, nos Estados Unidos.
Morris contou ao CPJ que, em 26 de setembro, recebeu uma ameaça de morte por meio de uma mensagem eletrônica enviada para seu e-mail pessoal pelo grupo denominado Frente Patriótica Colombiana. Na mensagem, vista pelo CPJ, os agressores explicam que o jornalista está sendo ameaçado ‘por ser um antipatriota, membro de uma guerrilha, e por ser tagarela’. Guerrilhas de esquerda, paramilitares de ultra-direita e as forças armadas colombianas se enfrentam em um conflito que já dura cinco décadas, cometendo violações flagrantes de direitos humanos.
Acusações do presidente
Álvarez, co-diretor e apresentador do programa noticioso La Verdad, na estação comunitária La Nueva, da cidade de Sabanalarga, ao norte do país, deixou a Colômbia dois dias antes de Morris, segundo a Fundación para la Libertad de Prensa. Álvarez disse ao grupo de defesa da liberdade de imprensa que havia recebido várias ameaças de morte anônimas depois de noticiar a corrupção local. Em 21 de setembro, a polícia de Sabanalarga também havia informado o jornalista sobre um possível atentado contra ele. Por medo de outras represálias, o jornalista mantém seu paradeiro em segredo.
‘As autoridades devem investigar de imediato as ameaças de morte contra Hollman Morris e Geovanny Álvarez, e devem levar todos os responsáveis à Justiça’ declarou Joel Simon, diretor-executivo do CPJ. ‘Também devem garantir que os jornalistas possam regressar à Colômbia e proporcionar-lhes a proteção necessária para que possam prosseguir trabalhando sem riscos.’
Gonzálo Guillén, correspondente na Colômbia do jornal El Nuevo Herald, de Miami, abandonou sua residência em Bogotá após receber mais de 20 ameaças de morte. As ameaças ocorreram depois de comentários efetuados pelo presidente Álvaro Uribe Vélez em várias emissoras de rádio nacionais. O CPJ enviou uma carta ao presidente Uribe em 11 de outubro, depois que o presidente fez acusações públicas contra outro jornalista, Daniel Coronell. Na carta, o CPJ exortou o presidente Uribe a retratar-se publicamente pelos comentários sobre os dois jornalistas, a respeitar o dissenso nos meios de comunicação e a abster-se de atacar publicamente repórteres que apresentam pontos de vista críticos.
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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo