Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Documentação inexplorada

O dia 9 de setembro foi uma data em que o governo do PT se conciliou com a expectativa do que deveria ser a administração Luiz Inácio Lula da Silva.

A Agência Brasileira de Inteligência (ex-Serviço Nacional de Informações), nascida como Serviço Federal de Informações e Contra-Informações), abriu seus portões, cancelas e cadeados para a imprensa, em Brasília. O primeiro civil a dirigir um órgão desse tipo no Brasil, o delegado da Polícia Civil Mauro Marcelo de Lima e Silva, foi o autor da proeza inesperada.

Mauro Marcelo, um craque em internet e fã declarado da eficiência americana na área policial, deu seu show. Ofereceu a cada conviva a sua ficha produzida pelo antigo SNI, ofereceu camisetas e bonés com a logomarca da Abin e, para quem quis, um sobrevôo de helicóptero sobre a antiga Agência Central do SNI, hoje sede da sua sucessora.

Traumas e mistérios

O almoço foi no bandejão, junto com os mais altos gerentes da espionagem brasileira, que não deixaram pergunta sem resposta. A sobremesa foram os famosos documentos ‘secretos’ da ditadura militar. Foi permitido abrir e folhear as pastas. Fotos, só das capas.

A simbologia do ato não é pouca coisa, mas o chefe da Abin deve ter-se decepcionado com a ausência dos principais dirigentes da imprensa, que foram todos convidados para essa première. É bem verdade que não chegou a ser uma grande reportagem. Mas foi possível ouvir um pouco sobre os documentos da Guerra do Paraguai – um segredo que, pela idade, deve encerrar um vexame brasileiro maior do que se pode imaginar.

Foi possível também perceber que é possível superar traumas e mistérios sem, é claro, esquecer de nada.

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Jornalista, diretor de redação do Consultor Jurídico (www.conjur.com.br)