Michael Bjerre e Jesper Larsen, repórteres do Berlingske Tidene, um dos maiores jornais da Dinamarca, podem ser presos por publicar informações de um documento confidencial do governo sobre a suposta existência de armas nucleares do Iraque. Os jornalistas foram notificados da acusação na quarta-feira (26/4). O julgamento ainda não foi marcado. Se condenados, os dois podem receber de multa a sentença de dois anos de prisão.
Em fevereiro e março de 2004, Bjerre e Larsen escreveram uma série de artigos com base em relatórios vazados do serviço de inteligência e segurança do governo dinamarquês. Os documentos confidenciais afirmavam que o serviço não tinha encontrado provas de que o Iraque possuía armas de destruição em massa durante o governo de Saddam Hussein – uma das principais justificativas apresentadas pelos EUA para invadir o país em 2003. O editor-chefe do Berlingske Tidene, Niels Lunde, afirmou que os jornalistas agiram corretamente, ressaltando que Larsen e Bjerre fizeram um ‘precioso trabalho’.
Interesse público
O ex-funcionário do serviço de inteligência Frank Grevil foi condenado, no ano passado, pelo vazamento dos documentos para os repórteres, recebendo sentença de quatro meses de prisão. Durante o julgamento, Grevil afirmou que agiu em interesse público.
Em 2002, o primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen, disse ao Parlamento que o governo da Dinamarca estava convencido de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa. Rasmussen afirmou posteriormente, entretanto, que o país havia apoiado a invasão do Iraque e contribuído com tropas para a guerra porque o ditador iraquiano havia se recusado a cooperar com as Nações Unidas, e não por causa das armas. Informações de Jan M. Olsen [AP, 27/4/06].