Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Duas tragédias na Líbia

Os acontecimentos na Líbia remetem a duas tragédias. A primeira e mais evidente é a do processo de descolonização, iniciado há sessenta anos com a criação de uma monarquia. O rei foi derrubado por militares nacionalistas sob a liderança de Muamar Kadafi. O processo revolucionário militarizado produziu, em nome de um socialismo sui generis, uma ditadura familiar feroz, que agora promove massacres para tentar a sobrevivência.


A outra tragédia é a da ignorância sobre o que se passava e o que se passa no país. A mídia ocidental, nos últimos anos, pôs a tônica de sua cobertura na mudança de atitude de Kadafi em face da Europa e dos Estados Unidos, como se ele estivesse à frente de um sistema razoavelmente coeso. O país, como se sabe, é dividido entre regiões, tribos, grupos sociais.


Agora, os jornalistas estrangeiros foram proibidos de sair da capital, Trípoli. Nenhum jornalista pode entrar na Líbia. A internet e a rede de telefonia celular foram cortadas. Alguma informação é passada por celulares ligados a satélites. A eventual queda do regime de Kadafi não garante que o país viverá a curto prazo dias melhores.


 


O valor da liberdade


Pode parecer mera repetição, mas a defesa da liberdade de imprensa, reafirmada na segunda-feira (21/2) pela presidenta Dilma Rousseff na festa dos 90 anos da Folha de S.Paulo, faz parte do processo de consolidação e ampliação da democracia brasileira. É simbólico que as palavras de Dilma tenham sido ditas a convite de um jornal que procura mostrar independência em relação aos poderes e a interesses econômicos e sociais. No sábado (19), a Folha publicou reportagem em que seus nove ex-ombudsmans e a atual ocupante do cargo avaliam a trajetória do jornal. Colocou em destaque as opiniões que mencionam uma crise de identidade, atribuída ao impacto da internet sobre os veículos impressos.


 


Moralmente falidos


O Estado de S. Paulo publicou na segunda-feira (21) matéria de Renée Pereira que dá panorama alarmante de um setor estratégico da economia, sob o título ‘Portos estão moralmente falidos’. Resumo: em quatro meses, cerca de 130 mandados de prisão foram expedidos em ações contra desvio de cargas em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.


Os delinquentes de diferentes portos mandaram para importadores cargas com peso menor do que o contratado. Vexame e prejuízos com seguros. Entidades do agronegócio estimam que ao longo dos anos o setor sangrou bilhões de reais.


O ex-superintendente de Administração do Porto de Paranaguá Daniel Lúcio Oliveira de Souza foi preso em 19 de janeiro numa operação da Polícia Federal. Ele havia sido nomeado em 2008 pelo então governador Roberto Requião em substituição ao irmão de Requião, Eduardo, que assumira o cargo em 2003.


A certa altura, diz a matéria do Estado que, na avaliação de especialistas e representantes dos setores produtivos, o caminho é profissionalizar a gestão. Para isso, uma das primeiras medidas é ‘reduzir a interferência política dentro das autoridades portuárias’. Está aí uma pauta relevante, que poderia mostrar aspectos pouco conhecidos da realidade do país.


 


Observatório na TV


Na terça-feira (22), o Observatório da Imprensa na TV aborda a mídia esportiva espanhola. A Espanha brilha no futebol, no ciclismo, no tênis, na Fórmula 1, entre outras modalidades. Esse protagonismo alimenta a imprensa esportiva do país. O Observatório destaca dois periódicos – o Ás (que pertence ao grupo Prisa, o mesmo que publica o jornal El País) e o Marca, o mais tradicional jornal esportivo da Espanha. Não se esqueça, às 22 horas pela TV Brasil em rede nacional. Em São Paulo, pelo canal 4 da Net e 181 da TVA. Os programas anteriores estão disponíveis em nosso site. Basta clicar www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/oinatv_anteriores.asp.