Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Dunga, a imprensa e a Globo

A coisa está feia entre os jornalistas que cobrem a Copa e o treinador Dunga, principalmente com os da Rede Globo. Talvez a postura de Dunga de não deixar os jogadores darem entrevistas exclusivas, principalmente para a Globo, e de fazer treinamento fechado não agradam muito a emissora. E as constantes críticas estão alimentando o ódio de Dunga.


A última foi a entrevista coletiva de domingo (20/6), após a vitoria do Brasil por 3 a 1 em cima da Costa do Marfim, onde rolou um enfretamento (xingamento e provocações) entre o Dunga e o jornalista da Globo, Alex Escobar.


Penso que Dunga, apesar dos conselhos de Augusto Cury (sério? sim veja aqui!), está errando na dose. A melhor resposta a dar para certas criticas é de trabalhar duro. Porém, é compreensível sentir revolta quando centenas de jornalistas, comentaristas bobos e narradores mais bobos ainda ficam alfinetando um trabalho e dando declarações sem fundamento – ou, para ser mais claro, ficam fritando o cara.


Se o Brasil não joga o fino da bola nesta Copa, o que dizer de Alemanha, Itália, Espanha e França? Mas as criticas mais pesadas ficam em cima do Dunga e o Brasil. Por quê?


No domingo, no Fantástico, Tadeu Schmidt leu um comunicado da Globo referente ao ocorrido na coletiva (veja aqui). Foi um daqueles comunicados descartáveis que a Globo emite. Aliás, a edição do fato como um todo foi bem ao estilo Globo: ‘manipulo porque gosto’. E, ao final, a frase ‘saibam que estamos torcendo para o Brasil’.


Se perdemos a Copa será por causa da Rede Globo.


Não é de hoje


Em 2008, após empate com a Argentina no Mineirão (reportagem de Paulo Cobos, link aqui) ‘Dunga reclamou da imprensa, com recado indireto para a Rede Globo, do público que lotou o Mineirão e da arbitragem do colombiano Oscar Ruiz’. Segue a matéria: ‘O treinador respondeu de forma ríspida à pergunta de um repórter da emissora e deu recado: `Vim para fazer um trabalho, e algumas pessoas não estão contentes. Coloquei regras, e alguns não gostaram disso´, se referindo ao veto de entrevistas exclusivas e a restrições na montagem de grandes estruturas de emissoras de TV nos locais de treinamentos da seleção, fato corriqueiro para a Globo nos tempos de Carlos Alberto Parreira.’


No mesmo ano (2008), após a conquista da medalha de bronze (reportagem de Bruno Freitas, link aqui) nas Olimpiadas, ‘Dunga se virou para a tribuna de imprensa e despejou uma série de palavrões, antes de um gesto irônico de `tchau´. Tudo flagrado pelo telão do estádio. O destino da mensagem eram profissionais da Rede Globo, em rixa cada vez mais assumida pelo treinador’. Na época o próprio Dunga ‘considera que esteja sendo `fritado´ no comando da seleção brasileira pela rede de TV em questão, em razão das normas de trabalho impostas pelo treinador, mais especificamente em relação ao fim de entrevistas exclusivas e ao acesso aos jogadores em horários não reservados à mídia. `Aqui dentro tinha esquema. Comigo não tem. Acabei com o privilégio, e isso causa revolta´’.


Outras referências que sugiro para leitura são as entrevistas para a Terra Maganize (aqui e aqui também).


Tirem a conclusão que quiserem. Porém, lembrem-se, como dizem ao atravessar uma rua: ‘Olhe sempre dos dois lados!’

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Tecnólogo de informática, Lorena, SP