Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

‘É preciso democratizar a mídia’

O deputado eleito com a maior votação da história do Brasil, Ciro Gomes (PSB-CE), disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta segunda-feira, dia 30, que um dos desafios do segundo mandato do Governo Lula vai ser promover a democratização dos meios de comunicação (clique aqui para ouvir). ‘Não temos que ter medo de avançar na questão da democratização dos meios de comunicação do Brasil’, disse Ciro Gomes.


Para Ciro Gomes, o presidente Lula deve ter um contato mais próximo com a imprensa e com os jornalistas. ‘O presidente Lula, de seu lado, deve falar mais com a sociedade brasileira através da mídia’, defendeu Gomes. Ele disse também que é preciso fortalecer os meios de comunicação alternativos e as cooperativas de jornalistas.


Em relação a Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes disse que o ex-presidente precisa ser desmascarado. ‘Esse sujeito circula pelo mundo afora desqualificando o processo político brasileiro’, disse Ciro Gomes.


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[Leia aqui a íntegra da entrevista. Abaixo, o trecho relativo à mídia.]


P.H.A. – Eu gostaria que o senhor aprofundasse, se fosse possível, a questão da mídia e o governo. A questão da mídia no Brasil, na minha modestíssima opinião não é apenas o fato de que a mídia no Brasil é uma mídia de oposição maciçamente, com exceções honrosas, como por exemplo a da Carta Capital, mas é também uma mídia que age no processo político e agiu no processo político. E a mídia, na minha opinião, tem se comportando como uma ameaça ao funcionamento do sistema democrático no Brasil. Como o presidente Lula deve reagir diante desse quadro que se agravou no primeiro mandato dele?


Ciro Gomes – Eu acho que entre outras lições importante que o presidente Lula muita seguramente – eu converso com ele com certa freqüência – é a questão da conciliação do país depois desse processo eleitoral. Não pode ser uma conciliação oportunista e que não faça avançar os bons costumes democráticos que nós estamos vivenciando no país. Um dos pontos dessa conciliação de mérito é tratar essa questão do comportamento democrata de outros setores da nossa mídia. E interferiu certamente com desequilíbrio no processo político-eleitoral, a democracia moderna de massas precisa de uma imprensa plural, se não houver uma imprensa plural há uma distorção grave, perigosa, desqualificadora mesmo do processo democrático. Como eu penso, assim como você disse, eu penso, não estou falando o presidente Lula, jamais que arvoraria nisso, eu penso que o presidente Lula de seu lado deve diretamente conversar com a sociedade brasileira através da mídia. Falar mais com a imprensa, se submeter mais ao crivo, ao escrutínio, à crítica, que se vulgarize, na melhor acepção que esse termo possa ter, a relação do presidente da República, da Presidência da República, com a mídia. Que não seja uma relação puramente espetaculosa, escandalosa, oportunista, inconveniente não aos processos plurais que nós estamos defendendo. De outro lado, nós precisamos ter clareza de que não temos que ter medo que, assim como na economia – menos adjetivo, mais substantivo –, de avançar numa questão substantiva que é a questão da democratização dos meios de comunicação no Brasil. Acho isso com clareza, agora sou mandatário, com um conjunto da sociedade brasileira que se reúne aqui no Ceará, e eu vou participar desse debate. Quando a gente discute democratização dos meios de comunicação, os que têm o monopólio disso vão sempre inventar que isso é autoritário, vão sempre querer desqualificar que isso é controle. Não é. É preciso incentivar dramaticamente os meios de comunicação alternativos, fortalecer cooperativa de jornalistas, financiar e, nisso, conceder canais de televisão, e discutir isso depois das eleições. Na América do Norte não é menos democrática porque as grandes redes de televisão lá são reguladas para não ficar 24 horas no ar. A produção regional no Brasil é uma imposição da questão federativa, da diversidade cultural que está sendo pasteurizada. O vanguardismo cultural precisa ter espaço. Isso tem que ser discutido abertamente, sem preconceito, mas também sem medo. Precisamos conversar com o povo. De boa fé, com clareza, com profundo senso democrático e avançar par ao futuro.

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Jornalista