O Washington Post corrigiu um erro em um post de um de seus blogs que afirmava que Mitt Romney, pré-candidato republicano à presidência americana, estava usando em seus discursos a frase “Keep America American” (Mantenha a América americana, tradução livre), que era usada pela Ku Klux Klan. Na correção, diz o ombudsman do Post, Patrick B. Pexton [16/12/11], o jornal admite que, em um vídeo no YouTube, reproduzido no blog, Romney usou uma frase diferente: “Keep America America” (Mantenha a América América). E, na realidade, não se tratava de um vídeo de campanha oficial, como o Post havia afirmado. “O Post deveria ter entrado em contato com a campanha de Romney para comentários, antes da publicação. Finalmente, pedimos desculpas que o post tenha começado com a acusação de que ‘alguém não havia feito a pesquisa’ quando, na verdade, nós não fizemos a nossa”, dizia a correção.
A repórter Elizabeth Flock escreve muitos dos posts no blogPost, que é uma plataforma para “notícias e conversas que estão reverberando online”. O jornal usa o espaço para fornecer aos leitores informações de útima hora e para verificar a resposta a matérias que são muito populares na web. Os redatores do blog trabalham rápido e publicam muitos links para outros sites e blogs.
Esta semana, ao fazer a ronda das notícias na internet, Elizabeth deparou-se com um post escrito por John Aravosis, do blog de esquerda Americablog, que dizia que Romney usou a frase em seus discursos. Aravosis colocou um link para o vídeo, no qual era difícil distinguir se ele falava “Keep America America” ou “Keep America American”.
A jornalista, no entanto, não entrou em contato com a campanha para comentários, citando apenas uma matéria no Huffington Post na qual a campanha de Romney informava que não faria nenhum comentário. “Não é padrão do Post não pedir comentários”, observou o editor-executivo Marcus Brauchli.
Série de falhas
O texto de Elizabeth foi editado e então publicado. Segundo Brauchli, 15 minutos após a publicação, um editor leu o post e pediu à repórter para entrar em contato com a campanha para atualizá-lo. Ela enviou um email, mas a resposta, que demorou menos de uma hora para chegar, ficou presa como spam, pois o jornal geralmente exclui mensagens de campanhas. No fim das contas, Elizabeth só leu a resposta no dia seguinte, depois que a nota dos editores havia sido escrita. “Tivemos uma falha da repórter e uma do editor”, admitiu Brauchli.
Os erros foram básicos, comentou o ombudsman. Velocidade excessiva pode matar a reputação do jornal. Repórteres adoram ser os primeiros e odeiam ser os últimos, mas a precisão deve vir antes da rapidez. Outro problema é que muitos repórteres pensam que o computador é a principal ferramenta de comunicação. Para o ombudsman, o telefone ainda é o principal meio, caso não seja possível fazer uma entrevista pessoalmente. Para obter um comentário, ainda é mais rápido ligar – inclusive, há mais espontaneidade. Já o email pode ser facilmente ignorado.
E, finalmente, houve erro de julgamento. Muitas matérias escritas pelo Post podem afetar a reputação de uma pessoa. Qualquer repórter que esteja escrevendo uma matéria que questiona a reputação de alguém de modo direto ou indireto, como acusar Romney de usar um slogan da KKK, deve parar e considerar, antes de tudo, se aquilo faz sentido diante do que se sabe sobre a pessoa. Se não faz, é preciso ter certeza dos fatos.