As convenções nacionais dos grandes partidos políticos foram por um século o momento crucial das eleições presidenciais americanas. Era ali que os caciques políticos regionais faziam e desfaziam alianças para indicar os dois nomes que depois concorreriam à Presidência.
Elas deixaram de ser decisivas a partir da década de 1970. A traumática convenção do Partido Democrata em 1968, quando ocorreram violentos choques entre manifestantes e policiais nas ruas de Chicago, foi a última em que se escolheu o candidato (Hubert Humphrey) sem teste prévio das urnas.
Depois disso, as eleições primárias nos Estados se tornaram o caminho para decidir os escolhidos para a disputa final em novembro. Às convenções restou somente o papel de formalizar a decisão anterior dos eleitores.
Mesmo assim, elas continuaram a ser um fator importante por causa da proeminência que as emissoras de TV passaram a ter desde 1956. O espetáculo de salões enormes lotados e discursos de líderes atraía a atenção de quase toda a sociedade.
À caça de imagens
Mesmo sem a emoção da disputa (que às vezes exigia muitas votações dos convencionais, já que era difícil chegar à maioria necessária rapidamente -em 1924, foram 103 votações para os democratas indicarem Alfred Smith), as convenções ainda eram relevantes.
Em 2012, elas deixarão de ser estrelas da TV. O crescente desinteresse dos cidadãos pela política em geral e o descrédito também ascendente da sua confiança nos partidos têm feito com que a audiência das convenções, que passava dos 30% nos anos 1960, chegasse a 15% em 2004 e a 20% em 2008.
Além disso, as mídias sociais e as novas tecnologias da comunicação vão deslocar o locus principal da cobertura das convenções deste ano das TVs para a internet, Facebook, Twitter e congêneres.
As grandes redes de TV aberta planejam dedicar apenas uma hora por noite em horário nobre aos encontros republicano (esta semana em Tampa) e democrata (semana que vem em Charlotte). A cobertura integral ocorrerá pela internet e mídias sociais.
Assim mesmo, os partidos seguem investindo nas convenções, com a esperança de que rendam discursos e imagens que possam ser usadas para energizar seus eleitores.
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[Carlos Eduardo Lins da Silva é jornalista, editor da revista Política Externa e autor de Correspondente Internacional (Contexto)]