Lágrimas, tristeza e comoção generalizada. Estes foram sentimentos e comportamentos expressados pela mídia e sociedade brasileira como pesar pelas vítimas da tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Sou suspeita para falar, pois também fui acometida por todo sentimentalismo e dor que qualquer ser humano portador de sensibilidade sentiria. Contudo, analisei o fato, sobretudo a ênfase dada pela mídia brasileira em tornar a tragédia em espetáculo. Lamentável.
Interessante o poder performático da mídia no adestramento (refinamento) da subjetividade, ditando a que nos deve sensibilizar. Digo isto, pois todos os dias vidas se esvaem, mas pouca evidência é dada pela mídia, a não ser que a população em evidência seja portadora de um capital cultural (“acadêmico/universitário”) e econômico. Como sempre, o que você tem definindo quem você é. Carecemos olhar o ser humano enquanto uma complexidade multidimensional e, não como posição social e econômica. Somos muito mais, chega de sensacionalismo!
Que o poder seja verdadeiramente difuso e não se concentre nas mãos de certas redes midiáticas dominantes, as quais não têm mais por finalidade informar, mas sim tornar os fatos sociais longas metragens hollywoodianos, dominando e manipulando a grande massa populacional movida pelo emocional demasiado (até mesmo inocente). Sentimentalismo sim, mas racionalidade e criticidade para explorar o que está por detrás desses processos que adestra sentimentos como forma de tributo a uma parcela social enquanto outra se torna (in)visível. Precisamos nos preocupar com as pessoas independentes de rótulos e estigmas sociais impostos, ou melhor, precisamos nos preocupar com nosso “processo civilizador”, puramente classista. Ultrapassemos o espetáculo (burguês) nosso de cada dia, onde a imagem humana se torna mercadoria!
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[Taysa Silva Santos é graduanda do Curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia]