Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

E-mail indesejado, resposta exagerada

Em sua coluna de domingo [18/11/07], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, comentou um controverso episódio envolvendo Tim Page, crítico de música clássica do diário. Page enviou um e-mail furioso para Andre Johnson, assessor de Marion Barry, membro da Câmara de Washington, após ter recebido um press release não solicitado. Na mensagem, ele questionava: ‘temos que saber de tudo o que este viciado em crack faz ao tentar se reabilitar com algum novo acontecimento político? Gostaria de ser retirado da lista. Não consigo pensar em nada que o inútil Marion Barry possa fazer que me interesse’. Page alega que já havia pedido para ser retirado da lista de contatos; Johnson diz que não tem registro disso. Barry foi condenado a seis meses de prisão por consumo de drogas em 1990.

O e-mail irritou Johnson e Barry, ex-prefeito de Washington. O editor-executivo do Post, Leonard Downie Jr, classificou a mensagem como um ‘erro terrível’ e pediu desculpas a Barry. Page também se desculpou. ‘Estou envergonhado pelo que fiz e sei que minhas palavras magoaram. Após ter clicado em ‘enviar’, me dei conta de que foi a frase mais estúpida que escrevi em 30 anos de jornalismo. Quero afirmar que minha momentânea insatisfação em receber e-mails não solicitados não tem nada a ver com o Post ou com qualquer um que edite o jornal, ou ainda qualquer um que tenha escrito sobre Barry’, declarou.

Demissão ou aumento?

Em resposta, Barry alegou que aceitou as sinceras desculpas de Downie, mas não ficou satisfeito. Para ele, Page deveria ser demitido. Alguns leitores também defenderam a demissão de Page, enquanto outros o elogiaram e alegaram que ele merece um aumento. Mesmo que o crítico não trabalhe na seção de política, Downie acredita que todo funcionário editorial do Post representa o diário em ‘tudo o que faz’. Até agora, entretanto, o jornalista recebeu apenas uma advertência pela falta de educação.

Page está no Post desde 1995, ganhou o prêmio Pulitzer de crítica e já escreveu 15 livros. Em 2006, ele foi escolhido como uma das 25 pessoas mais influentes dos EUA quando o assunto é ópera pela revista Opera News. Em janeiro, ele será professor-visitante de jornalismo e música da Universidade da Califórnia do Sul – saída temporária aprovada antes do incidente.