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Quem ganhou o debate? Essa é a pergunta que está na mídia desde o domingo à noite. Mas debate político é para ganhar, como uma partida de futebol, ou é uma oportunidade para convencer os eleitores? Não seria mais apropriado perguntar se aquele tipo de debate, naquele formato e naquele clima belicoso, pode ajudar o cidadão na hora do voto?
O debate da TV Bandeirantes, mediado pelo jornalista Ricardo Boechat, iniciou a fase mais quente da campanha eleitoral. Na verdade é uma nova campanha eleitoral sem a insipidez anterior mas, em compensação, sujeita à saturação produzida por uma sucessão de confrontos quase diários. E tudo indica que os próximos serão tão ou mais inflamados do que o do domingo passado.
Marqueteiros e assessores dos candidatos não estão preocupados em esclarecer o eleitor, estão preocupados em ganhar o debate, mesmo que o candidato que ganhe o debate venha a perder na urna dias depois. As emissoras anfitriãs, por sua vez, estão preocupadas com o espetáculo, querem índices de audiência. Quanto melhor for o Ibope do debate, mais recompensados ficarão os anunciantes que patrocinaram o show. Mesmo que o escolhido seja um desastre.
É muito importante que você, telespectador, tenha conhecimento destas questões. Por isso, talvez seja mais importante acompanhar as sabatinas dos grandes jornais, nas quais o candidato fica sozinho diante de jornalistas experimentados e teoricamente independentes.
Uma coisa não deve ser esquecida: o interesse público não pode estar sujeito às leis do circo. A posse de um presidente da República pode ser convertida num magnífico espetáculo cívico, mas a sua escolha é coisa mais séria.