Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Estadão, uma proposta ambiciosa

O jornal O Estado de S.Paulo lança nesta segunda-feira (9/8) um caderno ambicioso, chamado ‘Desafios do Novo Presidente’. Trata-se de uma proposta de rastrear os principais temas que deveriam estar preenchendo a campanha e os debates eleitorais deste ano e apresentar análises que ajudem o leitor a entender como – e se – as idéias dos candidatos preenchem toda a complexidade dos dilemas que aguardam a próxima pessoa que vier a ocupar o Palácio do Planalto.


Na presente edição, dedicada à política externa, diplomatas e outros especialistas em relações internacionais avaliam as chances de o Brasil vir a se consolidar num papel de destaque no mundo multipolarizado, ainda abalado por uma gravíssima crise financeira, desequilibrado em termos de desenvolvimento, alterado por velhos e novos conflitos e sob a ameaça de condições climáticas extremamente críticas.


Como pano de fundo, o jornal apresenta a política externa do atual governo, alinhando alguns dos principais temas que a própria imprensa tem destacado nos últimos anos.


Questão ambiental


A iniciativa do Estadão é interessante, na medida em que abre espaço para um debate, essencial, sobre as novas possibilidades do Brasil no cenário mundial, e com isso cria as condições para a discussão sobre um projeto de país.


Para se relacionar de tal ou qual maneira no contexto global, o Brasil precisa dizer claramente o que quer vir a ser como nação, que tipo de relações pretende estabelecer internamente. Como exemplo, pode-se dizer que a China quer ser potência em todos os campos, mas não dá sinais de pretender ser internamente uma democracia.


O primeiro caderno do que deve compor uma série tem algumas qualidades, mas acaba repetindo a agenda de todos os dias da imprensa brasileira, que o Estadão representa como um clássico. Citada no texto da abertura, por exemplo, a questão ambiental não mereceu uma análise mais extensa no corpo do trabalho.


Ainda sem fôlego


Sabe-se que as mudanças climáticas vão afetar profundamente a economia, os transportes, a demografia e as relações entre os países, e o tema merecia um tratamento mais destacado.


Além disso, a maioria dos textos tem como referência única o atual governo, reforçando o contexto plebiscitário da disputa eleitoral num produto editorial que deveria ter maior alcance.


A iniciativa é interessante, mas ainda não mostrou fôlego. A ver as próximas edições.