Mais um ano se foi. Ou menos um ano nos resta. Depende do ângulo de que se olhe. Um ano um tanto estranho, penso. Um ano em que, como nunca, pelo menos que eu lembre, viu-se uma campanha orquestrada de linchamento moral de determinadas figuras políticas. E, antes que os paladinos da moral e da ética saquem as armas, não se está tentando negar as trapalhadas de alguns indivíduos que cruzaram a linha da legalidade e chafurdaram em práticas pouco recomendáveis, para não dizer criminosas.
A questão principal é que foram alguns indivíduos. Não todo um partido ou toda uma administração. Mas a orquestração, que existiu, sim, e só a negam os culpados e os fanáticos, dedicou-se a comprometer a todos e apresentá-los como a gênese das malfeitorias no âmbito da política nacional. Como já escrevi antes, foi como se a corrupção no Brasil tivesse começado no dia 1º de janeiro de 2003. Antes disso os governantes brasileiros eram a personificação da honestidade e da ética. Se não fosse trágico seria cômico.
Mas, até hoje, não se respondeu à questão principal. A pergunta fundamental é: por que isso aconteceu? As respostas que vi até agora não me satisfazem. Por preconceito de classe, dizem alguns. Por incompatibilidade ideológica dos governantes com os donos da mídia no Brasil, afirmam outros. Será? Não creio. Embora classificado como de esquerda, o governo Lula não investiu contra privilégios históricos da aristocracia brasileira. Os bancos continuaram tendo os maiores lucros do mundo na área financeira, os empresários continuaram com as mesmas práticas anteriores, as empresas de mídia não arrostaram nenhum prejuízo. Enfim, ‘tudo continuou como dantes no quartel de Abrantes’.
A chave
Então, qual o ‘motivo do crime’? Como policial, sei que a resposta a essa pergunta é a informação primordial. Eu sei o como e o quando. Sei, também, quem. Mas é preciso saber o porquê. Arrisco uma teoria. Como todo brasileiro, eu também tenho uma teoria sobre quase tudo. Da derrota da seleção na última Copa à existência da Área 51.
Minha teoria é que toda essa campanha de desmoralização é reação à liberdade concedida à Polícia Federal. Esquemas de corrupção que se desdobram por anos estão sendo desmontados. ‘Intocáveis’ estão aparecendo algemados no Jornal Nacional. De certa forma, a impunidade acabou para os que se julgavam acima das leis. Leis que eles consideravam destinadas à plebe, aos ‘comuns do povo’. Sair das páginas de Caras para o noticiário policial deve ter sido um choque violento para essa gente e seus parceiros de convescotes.
É só uma teoria. Porém, posso indicar quem tem a resposta. É um entrevistado da jornalista Marina Amaral. Eu já havia lido essa entrevista num texto de Venício A. de Lima aqui no Observatório. Agora descobri que está publicada na revista Caros Amigos. É um homem que sabe tudo. Que operou para derrubar o governo. Pois, de acordo com a entrevista, os petistas não eram dignos ou capazes de operar esquemas de corrupção. Tal tarefa é coisa para profissionais dotados das ligações certas nos lugares certos, afirmou o entrevistado. Principalmente na mídia, onde se abafam ou se estimulam os escândalos. Esse homem tem que ser identificado e interrogado. Ele é a chave para esclarecer as dúvidas que persistem em relação a tudo que se leu, viu e ouviu nos últimos meses.
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Policial civil, graduado em Direito e pós-graduando em Segurança Pública e Direitos Humanos, São Pedro do Sul, RS