Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Falta sintonia com o leitor

As capas das revistas deste último fim de semana tratavam de assuntos completamente diferentes, assim também as primeiras páginas dos jornalões de domingo (10/5) onde apenas o Dia das Mães e a gripe suína conseguiram alguma notoriedade e mesmo assim sem grande ênfase.


Em matéria de mordomias aéreas, só apareceu um escândalo – e cabeludo: a Câmara dos Deputados paga o salário do piloto particular que serve ao ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB da Bahia.


As dramáticas enchentes no Norte-Nordeste e a seca do Sul não empolgam, cansaram. Mas não acabaram, os veículos é que se desinteressaram delas.


A crise da imprensa brasileira é diferente da americana: aqui não é a internet que ameaça os jornais, são os jornais que não conseguem sustentar suas coberturas e vivem ciscando, incapazes de manter a continuidade.


E como o jornalismo é um processo contínuo, sucessivo, persistente, esses vácuos minam o interesse do leitor. Leitor desinteressado é infiel, intermitente – isso é um perigo.


Demandas consistentes


Algumas causas são visíveis: a alta do dólar no último semestre afetou a despesa com o papel, os espaços para noticiário encolheram e, como a publicidade também diminuiu por causa da recessão mundial, as pautas ficaram mais restritas.


A coisa pode piorar: O Globo aumentou o preço da sua edição dominical para 4 reais, equiparou-se aos jornalões paulistanos e as autoridades monetárias estão empenhadas em manter o dólar alto.


Assunto não falta, o que falta é sintonia com o leitor. Em tempos de crise suas demandas são muito específicas e consistentes: não adianta enganá-lo com banalidades.