Foi apresentado pela primeira vez, em Cannes, o filme A Mighty Heart, baseado no livro da jornalista Mariane Pearl sobre a busca por seu marido, Daniel Pearl. O repórter do Wall Street Journal foi seqüestrado e assassinado por militantes islâmicos no Paquistão, no início de 2002. Mesmo fora da competição principal, o longa é uma das produções mais comentadas do festival, segundo nota de Mike Collett-White [Reuters, 21/5/07].
O livro de Mariane conta os eventos que levaram à morte de Pearl. Na ocasião, ela estava grávida de sete meses. O longa foi dirigido pelo britânico Michael Winterbottom (de Caminho para Guantánamo e 9 Canções) e produzido por Brad Pitt. Mariane é interpretada por Angelina Jolie.
Lição
Filmado na Índia, o longa retrata os momentos de caos e confusão passados pela jornalista, por funcionários do consulado americano, da inteligência do Paquistão e dos colegas do Journal em busca de Pearl. Angelina contou, em Cannes, que ficou nervosa sobre a responsabilidade de interpretar Mariane de maneira correta. ‘Para mim, este filme é importante porque eu duvido que haja alguém nesta sala que tenha mais razão para guardar ódio em si do que Mariane, e ela não carrega este ódio’, afirmou a atriz. ‘Ela é uma pessoa atenciosa e cheia de compaixão que tenta dialogar para mudar as coisas, tornar as coisas melhores. Isso é uma lição para todos nós’.
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Irã protesta contra desenho animado
O governo do Irã protestou contra a exibição, no festival de Cannes, do desenho animado Persepolis, adaptação de graphic novel de Marjane Satrapi sobre uma menina que cresce no país após a Revolução Islâmica. O filme, da Sony Pictures Classics, compete pela Palma de Ouro, principal prêmio do festival de cinema. Marjane é iraniana radicada na França.
A embaixada francesa em Teerã recebeu uma carta de protesto da Fundação Iran Farabi, órgão ligado ao governo e responsável por festivais no Irã. A carta dizia que o Festival de Cinema de Cannes, ‘em um ato não convencional e inadequado, decidiu exibir um filme sobre o Irã que representa uma face nada realista dos resultados da gloriosa Revolução Islâmica’. O texto afirmava ainda que a inclusão do desenho prejudicaria a reputação do festival. Os organizadores de Cannes não comentaram o assunto.
No início deste ano, o filme 300, da Warner Bros., também causou revolta no Irã. A justificativa na ocasião foi de que o longa sobre uma batalha entre gregos e persas insultava a cultura antiga e instigava o ódio contra o país. O longa foi visto como um ataque à História persa. Informações da AP [21/5/07].
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Polanski abandona coletiva de imprensa
O cineasta Roman Polanski deixou uma coletiva de imprensa durante o Festival de Cinema de Cannes no domingo (20/5) depois de reclamar da qualidade das perguntas feitas pelos jornalistas presentes. Polanski era um dos 30 diretores que apresentavam curtas em homenagem ao cinema – entre eles estavam o mexicano Alejandro Gonzáles Iñárritu, o alemão Wim Wenders e o chinês Wong Kar-wai.
Diversas perguntas durante a coletiva tiveram como tema o futuro do cinema na era digital. Quando o mediador anunciou que os jornalistas tinham apenas mais dois minutos para entrevistar os cineastas, Polanski pegou o microfone. ‘É uma vergonha termos questões tão pobres, tão vazias’, afirmou. ‘E eu acho que foi o computador que levou vocês a este nível. Vocês não estão mais interessados no que acontece no cinema. Francamente, vamos todos almoçar’, sugeriu, antes de deixar a sala – e não ser seguido por nenhum outro diretor.
Em 2002, Polanski levou o prêmio principal do festival com o longa O Pianista. Informações da AP [20/5/07].