Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo


GIBA UM SOB SUSPEITA
Rubens Valente


Executivo diz que jornalista procurou extorqui-lo para não divulgar grampo


‘O ex-presidente da Ford no Brasil, Antonio Maciel Neto, afirmou, em ofício enviado ao Ministério Público Federal, que o jornalista Gilberto Luiz di Pierro, o Giba Um, 60, tentou extorqui-lo. A razão: evitar a publicação da transcrição de uma conversa telefônica que teria sido grampeada pela empresa de espionagem Kroll, contratada pela Brasil Telecom e pelo banco Opportunity.


A transcrição trataria de ‘assuntos privados’ e não revelaria crime ou irregularidade.


No decorrer das negociações para o possível pagamento da extorsão, a assessoria de Maciel recebeu e-mails e gravou uma conversa com Giba Um. O material foi anexado na denúncia enviada à procuradora da República que atua no caso Kroll, Ana Carolina Kano. No início de maio, a procuradora enviou o caso para a Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo.


A jornalista Fernanda Carvalho, ex-assessora de Maciel, gravou a conversa por telefone com Giba Um no dia 16 de janeiro. Giba Um diz na gravação, à qual a Folha teve acesso, que precisa receber US$ 20 mil para não divulgar a transcrição, além de ‘garantir’ que um jornal e uma revista também desistiriam de veicular notas em troca do pagamento.


‘Tranqueira da Kroll’


Ao ser indagado sobre a garantia que teria de que a publicação seria abortada, Giba Um respondeu: ‘Você tem a minha absoluta garantia, que é o aval. O aval é esse’.


Em outro trecho da conversa, Giba Um revela a origem da transcrição: ‘Essa tranqueira é extraída das gravações de lá. Você entendeu? É extraída das gravações que a Kroll fez’.


Segundo o jornalista, estão em circulação outras conversas captadas pela Kroll. ‘Eles grampearam Deus e o mundo e têm conversas de todos os tipos e tamanhos’, diz o jornalista.


A transcrição usada por Giba Um se refere à suposta conversa entre Maciel e o empresário Luis Roberto Demarco, um desafeto de Daniel Dantas (dono do Opportunity) e um dos principais focos do ‘Projeto Tóquio’, montado pela Kroll sob encomenda da Brasil Telecom, então sob controle do banco Opportunity, para investigar petistas e autoridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Demarco é amigo de Maciel.


Ambos negam ter mantido a conversa mencionada pelo jornalista. Demarco disse que a transcrição pode ter sido montada para atingi-lo.


Na conversa com a assessora do ex-presidente da Ford, Giba Um atribui o vazamento da transcrição à briga de Dantas com Demarco. ‘Sempre há pessoas absolutamente cafajestes que, penso eu, querem vazar esse tipo de coisa para sacanear, repito, o amigo [Demarco], não o [executivo]’, diz o jornalista.


Giba Um apresenta programa diário num canal local da provedora de TV paga TVA e mantém um site na internet sobre política e generalidades.


A assessora do executivo também assinou uma declaração na qual relata uma outra conversa não gravada com Giba Um, ocorrida em dezembro. ‘Perguntei de que forma ele poderia nos ajudar a segurar a gravação -e ele foi literal: ‘Eu converso, ajeito, me comprometo e tento lucrar no processo.’


A assessora também relatou que os primeiros contatos de Giba Um ocorreram em janeiro de 2005. Ele pediu um encontro com o presidente da montadora para tratar de um ‘assunto privado’, mas a reunião não ocorreu e os contatos cessaram. No meio do ano, o jornalista pediu uma contribuição para uma ONG de apoio a portadores da Síndrome de Down. O executivo decidiu então fazer uma doação, em valor não revelado, do próprio bolso.’




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Giba Um nega a tentativa de extorsão


‘O jornalista Gilberto di Pierro, o Giba Um, confirmou ter em seu poder a transcrição de uma suposta conversa grampeada entre o ex-presidente da Ford no Brasil, Antonio Maciel Neto, e o empresário Luis Roberto Demarco, um desafeto do dono do banco Opportunity, Daniel Dantas. Mas negou ter pedido dinheiro para não veicular o texto.


Giba Um disse que costuma realizar ‘trabalhos de assessoria’ para pessoas e empresas. Mas não soube explicar que tipo de trabalho poderia ter oferecido a Maciel. Ele disse não se lembrar de ter mencionado a necessidade de pagamento de US$ 20 mil. A cifra consta de e-mail e de conversa gravada por Fernanda Carvalho, ex-assessora do executivo. ‘Talvez ela tenha me pedido para fazer um serviço específico para ela.’


‘Desembarcar essa tranqueira na minha cabeça, sob outro enfoque, eu acho absolutamente constrangedor. Mais não posso dizer porque não sei nem o que tem nesse processo, eu nem sabia que tinha um processo’, disse.


A advogada do executivo, que não quis ter o nome divulgado, afirmou que Maciel decidiu procurar a Justiça porque ‘quer que o assunto seja investigado até o fim’. O banco Opportunity informou que ‘não se manifestará’.’




ALAIN TOURAINE
Uirá Machado


Sociólogo amigo de FHC dá apoio a Lula


‘O sociólogo francês Alain Touraine, 80, amigo de Fernando Henrique Cardoso e um dos intelectuais mais respeitados daquele país, considera o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o único capaz de realizar as transformações sociais de que o Brasil precisa e que os brasileiros agirão de forma irracional se não o reelegerem. Ele não ignora o mensalão, mas atribui os escândalos às práticas antidemocráticas do PT. Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha na 13ª Conferência da Academia da Latinidade, realizada entre os dias 19 e 21 de abril, em Baku:


FOLHA – O que caracteriza a situação atual do Brasil?


TOURAINE – Há uma expectativa muito grande, uma confiança enorme em Lula, um símbolo do povo. A força simbólica de Lula foi tão grande que, talvez, isso tenha sido uma maneira para uma população que não se mobiliza nunca se mobilizar ainda menos que de costume, esperando tudo do presidente. Nos anos que virão, a pressão social vai aumentar. Vai existir nos próximos anos um risco real de populismo, de neopopulismo, não diria autoritário, mas muito personalizado.


FOLHA – Lula representa um risco?


ALAIN TOURAINE – Não diria isso de maneira nenhuma. Em um país que tem pouca capacidade de mobilização, Lula tem representado as expectativas de mobilização de maneira pessoal. Existe um risco de que a segunda Presidência possa enfrentar uma pressão mais forte. Lula é a única pessoa que pode manter um equilíbrio entre as demandas populares e um caminho de institucionalidade e respeito à estrutura econômica internacional. Um país como o Brasil pode escolher um presidente que responda menos que Lula aos anseios da população? Alckmin responde seguramente menos. Seria algo muito pouco lógico, sem sentido, irracional não reeleger Lula. A não ser que haja uma catástrofe, que Lula esteja envolvido em algo.


FOLHA – Para o sr., Lula é a única opção de que o Brasil dispõe para efetuar transformações sociais?


TOURAINE – Sim. Não se imagina Garotinho governando o Brasil.


FOLHA – E quanto a Alckmin?


TOURAINE – O fato de terem escolhido Alckmin significa, para mim, que o PSDB deve esperar mais quatro anos. Se não, Serra seria o candidato, pois é uma figura mais presidencial, não?


FOLHA – Mas o escândalo de corrupção não te impressiona?


TOURAINE – Impressiona muito.


FOLHA – Por que não abala sua confiança em Lula?


TOURAINE – Porque o que os escândalos têm demonstrado é que o PT não é um partido democrático, que é ainda fundamentalmente um partido de tipo stalinista.


FOLHA – O sr. separa Lula do PT? Acredita que ele não se envolveu? Do contrário, o sr. estaria defendendo alguém que sabe corrupto.


TOURAINE – Claro. Ninguém acha que o presidente não estava a par do que acontecia no PT. Ele deixou isso ser feito porque precisava da maioria. Isso foi demonstrado, se descobriu. Se Lula tinha que cair, tinha que cair no começo. Não vejo por que cair agora.’




IRÃ
Sérgio Dávila


Na internet, aiatolá esclarece dúvidas e dá conselhos


‘‘Aiatolá Saanei: estou pensando em fazer uma lipoaspiração. Estarei infringindo a lei islâmica?’ A cada dia, o website www.saanei.org recebe centenas de mensagens como essa, de jovens religiosos que querem saber até que ponto os costumes do mundo moderno são tolerados pelo islã. Eles sabem que podem contar com o aiatolá Yusuf Saanei, esse ‘marjae taghlid’ também conhecido como o ‘aiatolá da Internet’. ‘Marjae taghlid’ é um termo em persa que quer dizer ‘fonte de imitação’ e é uma exigência que o islã faz a seus seguidores: que eles escolham um aiatolá ou líder religioso que tenha essa qualificação e se mirem no exemplo dele e em seus escritos. Enfim, que tenham um mentor. Para se qualificar, tal líder deve ser um expert nas leis islâmicas e ter publicado livros a respeito. Saanei responde a ambos requisitos. Tem um a mais. É um dos mais vocais críticos do regime e tem o que os locais chamam de ‘cabeça aberta’ em relação à religião, o que o faz muito popular entre os jovens mais tradicionais, preocupados em não infringir a sharia, a lei islâmica. ‘Agora, contamos com 20 pessoas trabalhando em nosso site, mas, se eu tivesse orçamento maior, precisaríamos de cem para responder a todas as perguntas que chegam’, conta à Folha o aiatolá. Todos os dias, alguém de sua jovem equipe imprime as principais questões, que o líder xiita, 68 anos, considerado pelo aiatolá Khomeini (1902-1989) um dos novos talentos revelados pela Revolução Islâmica de 1979, examina. Depois do almoço, fecha-se em sua biblioteca de mais de 3.000 livros para então preparar sua resposta, que será enviada por e-mail no dia seguinte. Leia sua entrevista.


FOLHA – Islã combina com Internet, blog, e-mail? YSUF SAANEI – O islamismo nunca se opôs à ciência, à tecnologia, ao progresso. Sempre foi conhecido como a religião dos cientistas. Além disso, a nova mídia é boa para divulgar a religião entre os jovens.


FOLHA – Quais são as perguntas mais freqüentes e de onde vêm? SAANEI – A maioria é sobre a relação entre o islamismo e assuntos modernos, mas também questões políticas. A maior parte vem do Irã, mas temos internautas do mundo inteiro [calcula-se que no mundo haja 120 milhões de xiitas, facção do islamismo predominante no Irã].


FOLHA – A sharia, a lei islâmica, não é ultrapassada ou muito dura e difícil de ser seguida pelos jovens hoje? SAANEI – O islã que eu conheço é fácil de obedecer. Alguns homens no poder ou pessoas sem conhecimento é que dão essa imagem de que é difícil.


FOLHA – O sr. acha que os ideais da Revolução Islâmica ainda falam ao coração dos jovens ou eles quererão fazer a sua própria revolução? SAANEI – Os jovens amavam a Revolução quando o imã Khomeini (1902-1989) estava vivo, mas depois disso tivemos problemas. E sei que os jovens não gostam desses problemas.


FOLHA – E como isso vai acabar? SAANEI – Se os homens do poder se comportarem direito com os estudantes das universidades, como o imã Khomeini fazia em sua época, quando eu era estudante, tudo vai acabar bem. Do jeito que alguns deles estão se comportando é um problema…


FOLHA – O presidente Mahmoud Ahmadinejad escreveu uma carta ao presidente dos EUA, George W. Bush, ainda sem resposta. Se fosse o sr., o que escreveria? SAANEI – Esses problemas dos homens no poder são muito específicos, eu tenho outros mais importantes para tratar. Os homens no poder deveriam se limitar à política. Os políticos deveriam falar somente de política, e deixar o trabalho religioso conosco.’




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Jovens usam internet e SMS contra limitações impostas pelo governo


‘Na semana passada, os estudantes da Universidade de Tecnologia Amirkabir deram de cara com uma construção de lona no meio do campus. No Irã pós-revolução, isso significa que os Sepah -nome do Exército Revolucionário ou Guarda Revolucionária mas que os locais usam pejorativamente para qualquer membro mais radical do governo- pretendem ali enterrar ‘mártires’ (pessoas mortas em nome do islã).


Já aconteceu no campus central da Universidade de Teerã, onde os corpos de 12 soldados desconhecidos da Guerra Irã-Iraque (1980-1988) foram enterrados no centro da quadra de futebol de salão, que hoje virou o maior palco da cidade das orações do meio-dia das sextas-feiras, as principais da semana.


Mas isso não iria acontecer facilmente na Amirkabir, ex-Politécnica, decidiram os estudantes. A universidade é uma das mais combativas e foco de preocupação do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que pôs um aliado na reitoria.


Os primeiros alunos foram disparando para seus colegas SMS (mensagens via celular) em ‘fingilish’, como chamam o farsi fonético escrito em alfabeto latino. Em meia hora, o campus estava tomado por 500 pessoas, que cercaram a tenda e exigiram falar com o reitor.


Não se sabe se haverá outra revolução como a de 1979. Se acontecer, é provável que seja convocada por SMS. O iraniano é um povo à vontade com novas formas de comunicação.


São a quarta língua dos blogs, respondendo por 700 mil dos 100 milhões de diários virtuais que, estima-se, estão em atividade no mundo. O primeiro é de 1999, e a maioria é escrita em farsi ou ‘fingilish’, mas há muitos de ótima qualidade em inglês, como o Tehran Avenue.


O governo está de olho. A primeira prisão de blogueiro foi feita já 2003. No começo da semana, um dos membros do equivalente local da Suprema Corte propôs que os blogs sejam tratados ‘como as fronteiras do país’, sendo sujeitos a aprovação por um censor.


‘É uma proposta tão absurda que ninguém levou a sério’, disse à Folha um fotógrafo que não quis se identificar.


O regime patina na questão do controle das novas tecnologias. Quando os blogs começaram a dar problema aos autores, a plataforma de preferência passou a ser o SMS, sigla em inglês para ‘short message service’, serviço de mensagens curtas, que o iraniano chama de ‘êssémés’.’




EXPORTAÇÃO
Daniel Castro


Globo negocia produção de novela nos EUA


‘Os executivos da Globo nunca estiveram tão atentos ao que acontece na televisão dos Estados Unidos como agora. E desta vez não é para comprar seriado, mas sim para vender novela.


É que as grandes redes abertas americanas, como a NBC e a Fox, vão testar no próximo semestre, no horário nobre, um formato de novela parecido com o que faz sucesso na América Latina, apenas mais curto (60 capítulos) e em inglês.


As redes americanas estão acostumadas a trabalhar com programas teledramatúrgicos semanais, os seriados, que não geram tanta fidelidade do telespectador quanto a novela, que é diária. Com as telenovelas, as redes esperam ter todos os dias em seus horários mais caros um consumidor poderoso: a mulher de 18 a 49 anos.


Se a novela em inglês vingar, um ‘mundo de oportunidades’ se abrirá para os produtores latinos, como a Televisa (México) e a Globo, os maiores especialistas no assunto no mundo.


Diretor-geral da TV Globo, Octavio Florisbal confirma que a emissora já negocia com os americanos. Eles querem, segundo Florisbal, fazer uma parceria em que a Globo transfira o seu ‘know-how’ novelístico _como os estrangeiros fazem com ‘reality shows’ no Brasil.


Profissionais da Globo supervisionariam a produção de novelas nos EUA, com atores americanos e texto em inglês. ‘Pode ser que sobre alguma coisa para nós’, torce Florisbal.


OUTRO CANAL


‘ÍDOLOS 2’ VEM AÍ


A produção de ‘Ídolos’, atual sucesso do SBT, começa em outubro a trabalhar na segunda edição do ‘reality show’ musical. O SBT já adquiriu os direitos de mais uma temporada do programa, mas só pode exibi-la um ano depois da primeira.


JUSTUS EM NOVA YORK


Já ‘O Aprendiz 3’, da Record, começa a ser gravado nesta semana. O apresentador Roberto Justus grava em Nova York chamadas e trechos dos primeiros programas, que vão ao ar a partir de agosto.


‘NO EMBROMATION’


Justus gravará nos EUA porque o vencedor de ‘O Aprendiz 3’ irá trabalhar em Nova York. Dos 24 mil inscritos, sobraram 800, que passarão agora por entrevistas em que terão de provar que têm inglês fluente.


SONY FASHION 1


O Sony quer ‘enlouquecer’ seus telespectadores fascinados por moda. Para comemorar seus dez anos, o canal pago encomendou a estilistas badalados peças inspiradas em sua marca ou programação. Mas os modelos não serão vendidos _e sim sorteados.


SONY FASHION 2


A primeira peça da ‘coleção’, em junho, será uma camisa ‘vintage’ em jacquard da marca V.Rom. Depois virão um tênis Puma assinado por Marcelo Sommer e peças de Valdemar Iódice e Walter Rodrigues.


DÚVIDA CRUEL


A segunda temporada de ‘Floribella’ acaba em agosto, mas a Band ainda não decidiu se emenda uma terceira. Na Argentina, a ‘Floribella’ original só durou dois anos.’




COPA
Lucas Neves


TV a cabo mira ‘loucos’ por futebol


‘Para quem quer respirar futebol durante 31 dias, SporTV e ESPN Brasil oferecem dois ‘pacotes de imersão’. Ambos transmitirão os 64 jogos da Copa, mas o primeiro tem a seu favor o circo tecnológico e humano armado pela nave-mãe, a Globo, em solo alemão: transmissões em alta definição, no formato widescreen e com som Dolby 5.1 (semelhantes aos de cinema), feitas por um ‘exército’ de 150 profissionais.


Quem abrigará o experimento digital é o SporTV Copa, que poderá ser sintonizado por assinantes tanto do sistema digital quanto do analógico da Net e promete aumentar em 33% o campo de visão do espectador.


Na linha da pirotecnia, o SporTV 2 vai ganhar ares de Bloomberg esportivo, com exibição em formato de mosaico. Em uma das janelas, as oscilações do mercado financeiro cederão lugar a estatísticas sobre os jogos. Em outro setor, o esquema tático dos times será revelado por tomadas aéreas. Aos que não curtem xadrez nem altura, a terceira janela reserva o acompanhamento permanente de jogadores específicos.


Com menos alarde e uma equipe de 40 pessoas na Alemanha, a ESPN Brasil (que se desmembra em dois canais) aposta em rostos conhecidos. Soninha comandará edições diárias do ‘Bate-Bola’ direto do país-sede, assim como José Trajano, Juca Kfouri e Fernando Calazans, com cadeira cativa na mesa do ‘Linha de Passe’.


As dúvidas mais insólitas sobre esta e edições passadas serão tiradas no ‘Loucos por Copa’, apresentado pelo mesmo Marcelo Duarte, que estará à frente de um programa centrado em anedotas off-estádio.


Rota alternativa


Na TV aberta (fora da Globo), o cardápio para o torcedor que prefere doses mais homeopáticas de futebol é variado. O ‘Pânico na TV’, da Rede TV!, aterrissa em território germânico com Vesgo e Ceará, e a promessa é atazanar jogadores, famosos e turistas.


Mais sisudas, porém mais informativas, devem ser as coberturas de Band, Record e SBT, com delegações que variam entre 25 e 60 profissionais. A emissora evangélica já se gaba de ter sido a primeira a transmitir ao vivo do hotel onde a seleção está concentrada.


Com menos recursos, Cultura e Gazeta não vão pousar na Alemanha, mas seus programas esportivos e de entretenimento vão tratar do torneio.


TV POR ASSINATURA


3 serão os canais usados pelo SporTV para fazer suas transmissões. Um deles trará estatísticas e tomadas aéreas, e outro exibirá as partidas com som e imagem digitais


40 profissionais integram a delegação enviada pela ESPN Brasil à Alemanha. A emissora vai organizar um bolão cujos primeiros colocados ganharão lap tops e camisas oficiais das seleções.’


Juliano Barreto e Thiago Ney


Web investe em interação com vídeos para atrair fãs; celulares terão ringtones


‘Ficar longe da televisão durante os jogos da Copa será menos insuportável para os fãs de futebol no Mundial deste ano. Os portais brasileiros apostaram alto no casamento entre internet e vídeo. Já as operadoras de telefonia celular tentarão marcar seus gols com a ajuda de serviços interativos.


Na rede, o investimento mais pesado foi feito pela versão on-line da Globo. No www.globoesporte.com/copa, os assinantes poderão ver ao vivo qualquer um dos 64 jogos da Copa, além de clipes da programação de Sportv e Globo.


O Yahoo! (em inglês, fifaworldcup.yahoo.com) fez parceria com a Fifa para oferecer vídeos sobre a história das edições do torneio. Nas reportagens da versão brasileira da página (br.esportes.yahoo.com/copa2006), há até o inusitado ‘Guia da Cerveja’.


A página especial do UOL para a Copa terá o colunista da Folha Juca Kfouri no comando de um blog, de um programa de TV e de um podcast. No esporte.uol.com.br/copa/2006/ tv, o internauta poderá assistir a gols e reportagens e conhecer as cidades que recebem os jogos. A Folha Online (www.folha.com.br/folha/especial/2006/copa/), entre outros serviços, oferece um simulador em que o internauta pode projetar as fases da Copa de acordo com seus palpites, além da ficha dos jogadores brasileiros que já disputaram o torneio.


O diário ‘Lance!’ colocou em sua página (www.lancenet.com.br/copa2006/) blogs de jornalistas, notícias em tempo real e informações históricas. Os portais Terra (esportes.terra.com.br/futebol/copa 2006) e iG (www.ig.com.br) contarão com equipes na Alemanha e transmissão de entrevistas. Todos os portais terão áreas de acesso livre, mas, em vários casos, apenas seus assinantes poderão assistir aos vídeos com qualidade de imagem razoável.


As operadoras aproveitarão o Mundial para oferecer aos usuários vários serviços interativos -alguns deles, pagos.


A Claro terá ringtones temáticos, exibição de vídeos tirados do Canal 100 e acompanhamento dos jogos, enquanto na TIM pode-se fazer download de músicas e de gritos de torcidas. A Vivo conta com informações sobre os jogadores brasileiros e vídeos com os melhores momentos das partidas. A Oi fornecerá papéis de parede, notícias e um quiz, entre outros.’


Bia Abramo


TV já vive overdose de Copa do Mundo


COMEÇOU. O massacre midiático da Copa do Mundo já substituiu os ataques do PCC, a questão com a Bolívia e as CPIs. Agora, a seleção é o centro das atenções nacionais, hasta la vitória.


Razão tem o ‘Casseta e Planeta’, em seu quadro ‘O País dos Alemão’, que tem se dedicado a ironizar o telejornalismo e suas pautas ‘criativas’ sobre o país-sede. Esse jornalismo de variedades, com pitadas de turismo, informações geográficas de almanaque e uma coleção incrível de clichês, invade programas de todos os tipos -inclusive telejornais. É difícil, se não impossível, fazer jornalismo de fato com uma espécie de regra não-escrita de excesso nas coberturas, de superexploração dos grandes assuntos. Se há pauta -e pauta boa-, há que fazê-la render até que se esgarce. Daí o recurso a fazer matérias e mais matérias abordando aspectos extra-laterais, as ditas ‘curiosidades’. Note-se que esse não é um problema exclusivo do jornalismo de TV, mas geral. Essa tem sido uma prática também no impresso. Mas, na televisão, que já tem uma quedinha para apelar às sensações e emoções do espectador, sempre soa um tanto mais apelativo, repetitivo, tedioso. É preciso dominar de maneira integral os sentidos e a atenção do espectador, com quaisquer recursos disponíveis. O diabo é que, quando poderia haver jornalismo, digamos, ‘de verdade’, as características monopolistas da TV e a sua promiscuidade com o comércio atrapalham. Por exemplo, será que a Rede Globo tem direito a ter acesso exclusivo ao hotel onde está concentrada a seleção? A emissora, já detentora dos diretos de transmissão dos jogos, entrou no saguão do hotel para entrevistar os jogadores já na chegada, indo de encontro à proibição explícita de Parreira, o que gerou mal-estar entre comissão técnica e assessoria de imprensa da CBF. Essa exclusividade, que não é fruto da maior agilidade, experiência ou competência jornalística, mas sim de acordos, joga a idéia de notícia meio pelo ralo: afinal, quem pode reportar um acontecimento? Quem compra privilégios? Quem tem mais dinheiro? Com esse ataque midiático constante e invasivo, não deveria se constituir surpresa se fatos como o curto-circuito de Ronaldo na final da Copa de 98 venham a se repetir.’




HQ REAL
Marco Aurélio Canônico


Quadrinhos capturam violência da vida urbana


‘Como bem sabe qualquer habitante de grandes metrópoles brasileiras, quando bandidos como os do PCC decidem mostrar força, há pouco espaço para super-heróis e roteiros do tipo ‘o bem sempre vence o mal’, típicos dos quadrinhos.


Mas as HQs não são sempre descoladas da realidade, como é de conhecimento de qualquer leitor do gênero. Existe uma vasta gama de quadrinhos de temática urbana, conectados à paranóia do mundo real e ao cotidiano de seus habitantes.


Três representantes dessa vertente realista estão sendo lançados agora. ‘Chapa Quente’, de André Kitagawa, ‘O Messias’, de Gonçalo Junior e Flávio Luiz, e ‘Subs’, de Ulisses Tavares e Julio Shimamoto, não têm mutantes superpoderosos nem vilões que querem dominar o mundo -têm apenas o cara que brigou com a namorada, um casal que sofre um seqüestro-relâmpago, favelados, empresários, enfim, a fauna urbana regular.


‘O Messias’ (Opera Graphica Editora, 128 págs., R$ 29) é o mais atual dos três lançamentos, e o que tem a conexão mais clara com eventos recentes como o ataque do PCC a São Paulo e a fraqueza do poder público sobre a criminalidade. Ele retrata o medo clássico das elites e de todos os ‘incluídos’: o dia em que o morro desce e toma a cidade de assalto.


‘Eu sempre imaginei que podia acontecer algo como estes ataques recentes, um poder central comandando uma investida contra a cidade’, explica o baiano Gonçalo Junior, 39, autor do roteiro ilustrado por seu conterrâneo Flávio Luiz.


A história fala de uma facção criminosa de uma favela carioca, comandada por um criminoso ascendente que se julga o tal ‘messias’ do título. A polêmica alegoria religiosa que marca a obra não é ocasional.


‘A idéia surgiu em 1997, quando era muito evidente a evangelização das favelas, a crescente presença de igrejas e pastores -foi quando começaram também as denúncias de associação de alguns deles com o tráfico’, diz o autor.


Cinema em HQ


Para construir seu roteiro, Gonçalo Junior escolheu um ritmo cinematográfico, o que torna ‘O Messias’ -todo em preto-e-branco, sem texto- ‘um filme mudo em quadrinhos’, como diz o escritor.


‘Tinha acabado de assistir ao ‘Encouraçado Potemkin’, do diretor russo Sergei Eisenstein, e a força das imagens, do estilo narrativo ficou na minha cabeça’, explica Gonçalo Junior.


O paulistano André Kitagawa, 33, é outro que se vale da narrativa de cinema, ainda que seu texto esteja mais para o submundo sujo do italiano Abel Ferrara do que para o expressionismo de Eisenstein.


As sete histórias de ‘Chapa Quente’ (Atrito Art Editorial, 56 págs., R$ 20) precisaram ser descobertas no palco -viraram peça dirigida em parceria com Mario Bortolotto- para só então ganharem a coletânea.


‘O álbum é uma mistura de histórias pessoais, casos que eu ouvi e inspiração tirada de livros, filmes, manchetes de jornal’, afirma Kitagawa.


As histórias de ‘Chapa Quente’ falam de gente como o trio de amigos que baixa na favela atrás de uma boca de fumo, o casal que pega o caminho errado e acaba indo parar na periferia, o jovem sem perspectiva que vai tomar pinga e acaba confundido com outra pessoa.


Apesar da obra de Kitagawa transbordar ‘toda aquela melancolia que parece vir de um mar de antenas de TV num domingo à tarde modorrento na periferia de São Paulo’, como destaca Bortolotto na introdução, há momentos bem humorados, como nas histórias ‘O Pacote’ e ‘Super T’.


Humor


O humor em diversas formas -ironia, humor negro etc.- também marca presença em ‘Subs’ (Via Lettera Editora, 72 págs., R$ 34), dos veteranos Ulisses Tavares e Julio Shimamoto -o primeiro, poeta, professor, dramaturgo e espírito inquieto; o segundo, uma lenda das HQs, colecionador de prêmios e ilustrador de longa data.


Curiosamente, o cinema também está na gênese de ‘Subs’. ‘As história são roteiros para curtas que eu escrevi na década de 90 e que acabaram não virando filme’, explica Tavares, que escolheu Shimamoto para retratar a temática de poder, dinheiro, sexo e violência que permeia os textos.


‘Sempre estive muito próximos dos quadrinistas, fiz livros com o Spacca, com o Angeli, com o Ota; gosto da linguagem dos quadrinhos’, afirma.


Na HQ, o poeta se permitiu mais liberdades em relação ao cotidiano, em comparação com ‘Chapa Quente’ e ‘O Messias’.


‘O excesso de realidade violenta em que vivemos assusta e paralisa as pessoas. Os quadrinhos não são apenas espelho, eles reinterpretam a realidade, acrescentam imaginação’, diz.


MARCOS DA HQ URBANA


‘ANIMAL’


‘Feio, forte e formal’ era o mote desta publicação editada entre 1987 e 1991, pela VHD. Reunia a nata dos quadrinhos underground internacionais -com destaque para os autores europeus como Manara, Liberatore e Tamburini- e brasileiros, com gente como Paulo Garfunkel e Libero Malavoglia (criadores do samurai urbano de ‘O Vira Lata’). A revista tinha também o encarte ‘MAU’, além de informações sobre música, cinema, sexo e assuntos correlatos


‘CIRCO’


Publicada pela editora homônima (de onde saíram também ‘Chiclete com Banana’, ‘Geraldão’ e assemelhados), era mais ou menos o oposto da ‘Animal’: uma revista em que o destaque eram os brasileiros, mas onde também entravam artistas internacionais badalados (Robert Crumb, Moebius). Editada por Toninho Mendes e Luiz Gê (este, também autor regular), abrigou gente como Laerte, Angeli, Glauco (todos colaboradores da Folha) e Paulo Caruso


‘UM CONTRATO COM DEUS’


Will Eisner (1917-2005) é uma das principais influências de todo quadrinista que retrata o cotidiano e a urbe. ‘Um Contrato com Deus’, de 1978, é o álbum que deu origem às ‘graphic novels’ (os romances gráficos, de narrativa cinematográfica). Nele, o autor recria quatro histórias acerca da vida no Bronx na década de 1930. Além de dar o peixe, Eisner também se preocupou em ensinar a pescar, com os livros-aula ‘Quadrinhos e Arte Seqüencial’ e ‘Narrativas Gráficas’.’




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Folha de S. Paulo


Sábado, 27 de maio de 2006


DESGASTE BRASILEIRO
Clóvis Rossi


‘Esculacho’


‘SÃO PAULO – Consta que, ao ser preso, um dos assassinos do jornalista Tim Lopes (da Rede Globo) disse aos policiais: ‘Prende, mas não esculacha’. Queria dizer: prender, tudo bem, faz parte do jogo. Mas sem bater ou humilhar. Suspeito que a parte sadia da sociedade brasileira deveria agora dizer algo parecido ao mundo político, governantes obviamente incluídos: ‘Não esculachem’. Corrupção, passou batida. Enquanto os Estados Unidos acabam de condenar os executivos da Enron, no Brasil ninguém foi preso em nenhum dos mil escândalos recentes e não tão recentes (Edemar Cid Ferreira, preso ontem, só pode ter sido acidente de trabalho, porque, aqui, nem assassinos confessos ficam presos). Passou tão batida que um advogado, suspeito de trabalhar para o crime organizado, não tem pejo nenhum de praticar o ‘esculacho’ em pleno Congresso Nacional, do que dá prova o seguinte diálogo entre o deputado Arnaldo Faria de Sá e o advogado Sérgio Weslei da Cunha: Arnaldo: ‘Você aprendeu bem com a malandragem, hein?’. Sérgio Weslei: ‘A gente aprende rápido aqui’. Para completar o ‘esculacho’, todas as reações do público que recebi pedem a prisão dos deputados, não a do advogado, a única que acabou de fato acontecendo. É claro que não se inventou ainda um ‘desmoralizômetro’ para medir o desgaste de autoridades/instituições, mas parece igualmente claro que o ‘esculacho’ do mundo político jamais foi tão marcante, tão contundente. Não é tudo: quando policiais dão entrevistas à TV com o rosto (e o nome) escondido, como vem acontecendo reiteradamente, está oficializado o ‘esculacho’ que um bandido não quis para si, mas que seus colegas impuseram ao país.’




PROIBIDO
Folha de S. Paulo


Justiça manda tirar ‘Folha do Amapá’ do ar


‘DA AGÊNCIA FOLHA – O juiz auxiliar do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amapá Adão Carvalho determinou a suspensão da edição eletrônica de número 572 do jornal ‘Folha do Amapá’ por ‘propaganda eleitoral antecipada negativa e desobediência à decisão liminar’ que já havia suspendido a sua edição anterior.


Há uma semana, no que a ANJ (Associação Nacional de Jornais) considerou caso de ‘evidente censura à imprensa’, o juiz Anselmo Gonçalves da Silva determinou retirada do conteúdo da edição 571 do ar por considerar que os textos tinham ‘nítida intenção de denegrir a imagem [do candidato à reeleição Waldez Góes, PDT] perante o eleitorado’.


Desta vez, o PDT-AP formulou representação contra o jornal e também contra o candidato a governador João Capiberibe (PSB), colaborador do periódico. Para o juiz, o jornal ‘ofendeu’ o TRE.


O magistrado estipulou multa de R$ 10 mil em caso de descumprimento, o dobro da anterior.’




SKY / DIRECTV
Elvira Lobato


Globo já negocia exclusividade no futebol


‘A exclusividade do sistema Net na transmissão dos jogos dos campeonatos de futebol está com os dias contados. A Globo negocia acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para que todas as operadoras de TV paga possam ter acesso aos campeonatos de futebol, e não apenas as afiliadas do sistema Net.


A negociação acontece após cinco anos de disputa com a Associação NeoTV, cooperativa que reúne 54 empresas de TV por assinatura. Na próxima quarta-feira, está previsto o julgamento do processo administrativo aberto pela NeoTV em 2001, no qual ela reivindica o acesso ao canais SporTV 1 e 2 e às transmissões ‘pay-per-view’, da Globosat.


A Globo, internamente, dá como certo que o Cade vai proibi-la de continuar limitando a venda dos canais SporTV aos afiliados do sistema Net e acelerou as tratativas para o acordo. Mas a NeoTV reclama de não participar da negociação.


Sinal


Para executivos da Globo, a decisão tomada, anteontem, pelo Cade, de proibir o grupo News (controlador da Sky) de negociar canais exclusivos sinalizou que os conselheiros devem seguir o mesmo caminho no julgamento do processo aberto pela NeoTV.


O Cade impôs várias restrições ao grupo News (do magnata mundial Rupert Murdoch) para aprovar a fusão da Sky com a DirecTV. A News está proibida, por cinco anos, de discriminar os concorrentes com conteúdos exclusivos e de exercer direito de exclusividade sobre os cinco maiores campeonatos de futebol de maior interesse no Brasil (Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil, Paulista e Carioca).


A medida afeta a Fox (empresa da News), mas não atinge a Globo, que também é acionista da Sky. Por decorrência, não afeta a Globosat nem a Net Serviços, que comercializa os canais Globosat.


Para o diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, o Cade não se referiu à Globo nas restrições relativas à exclusividade de programação na Sky porque tratará do assunto no julgamento de quarta-feira. O grupo espera fechar o acordo antes, o que resultaria no fim do processo administrativo, mas não informa as condições que estão sendo discutidas.


Só os esportivos


A diretora-geral da NeoTV, Neusa Risette, antecipou que a entidade não aceitará comprar todo o pacote de canais da Globosat para ter acesso à programação esportiva.


‘Nosso pedido é para comprar apenas os canais de esporte, que têm relevância concorrencial. Não podemos impor um pacote inteiro aos assinantes’, afirmou.


De acordo com ela, muitos associados da NeoTV compravam canais da Globosat antes de a empresa adotar a política de exclusividade, em 2000. ‘A Globo rompeu os contratos, e elas tiveram muita dificuldade para construir um novo produto e continuar sobrevivendo.’


Muda o mercado


Numa coisa a NeoTV e a Globo concordam: as restrições impostas pelo Cade para aprovar a fusão Sky/DirecTV mudaram o cenário da competição no mercado de TV por assinatura. ‘Foi um avanço’, resumiu a diretora da NeoTV.


Para Alberto Pecegueiro, se o Cade proibir a Globo de manter a exclusividade dos canais Globosat para o sistema Net, começará uma nova era para a TV paga na próxima semana, em que a competição entre as operadoras deixará de ser determinada pela exclusividade do conteúdo de programação.


Ele diz que a mudança já começou. Há um mês, depois de muitos anos de disputa e discussão, a TVA assinou acordo de distribuição do Canal Brasil, produzido pela Globo, e negocia a compra dos canais Telecine. ‘Está acontecendo um processo de distensão no mercado’, diz o diretor da Globosat.


A exclusividade de programação começou com a TVA, nos anos 90, quando ela se associou à ESPN e à HBO. As Organizações Globo imitaram prática mais tarde.’




TV DIGITAL
Patrícia Zimmermann


Europeus tentam convencer Lula a optar por sua TV digital


‘O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, deverá aproveitar o encontro que terá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima quarta-feira, dia 31, para reforçar os argumentos pela escolha do sistema europeu de TV digital (DVB), segundo informou ontem, por meio de nota divulgada à imprensa, a Coalizão DVB, que reúne empresas favoráveis ao sistema europeu.


A expectativa é a de que o governo brasileiro defina na próxima semana qual será a tecnologia adotada no país para a digitalização da TV aberta brasileira.’




COPA
Daniel Castro


Band terá sua ‘Fátima Bernardes’ na Copa


‘Embora não tenham o direito de transmitir os jogos, Band e Record vão neste ano copiar o modelo da Globo de cobertura jornalística da Copa do Mundo.


A Record decidiu anteontem, em cima da hora, incluir Celso Freitas no time de 25 profissionais que escalou para cobrir o Mundial ‘in loco’. No entanto, ele ficará na Alemanha apenas de 2 a 10 de junho, período em que apresentará de lá parte do ‘Jornal da Record’, ao vivo, e um ‘Repórter Record’.


Já a Band terá sua versão de Fátima Bernardes, a ‘musa’ do penta, estrela da delegação de 160 profissionais que a Globo embarca na próxima semana.


A aposta da Band é Mariana Ferrão, ex-moça do tempo que virou âncora de seu principal telejornal. Assim como Fátima, ela fará reportagens ‘leves’ (ou de quem não entende de futebol) sobre o dia-a-dia da seleção brasileira. Mas, devido aos altos custos de aluguel de satélite, a Band não irá ancorar telejornais ao vivo da Alemanha.


O SBT também investirá nesta Copa. Mandará à Alemanha 30 profissionais. Mas a âncora Ana Paula Padrão, que faria o ‘SBT Brasil’ de lá apenas na última semana do Mundial, caso a seleção brasileira se classificasse, desistiu de viajar. Estuda-se agora enviar Hermano Henning em seu lugar.


A Rede TV! diz que também enviará 25 profissionais. A Cultura está contratando um cinegrafista e um repórter que já moram na Alemanha.


‘MOLE VIDA’ VIVE 1


‘Minha Nada Mole Vida’ não acabou no episódio de ontem. O diretor artístico da Globo, Mário Lúcio Vaz, bateu o martelo anteontem: a série terá uma segunda temporada, com seis episódios, que entram no ar após o segundo turno.


‘MOLE VIDA’ VIVE 2


O programa ganhou uma nova chance porque sua audiência cresceu de 18 para 22 pontos – número que já é bom para o seu horário (sextas, 23h30).


SEGREDO NO BAÚ


O SBT procura em seu site jovens de 18 a 26 anos, ‘descomprometidos’, que ‘gostam de balada’ e têm ‘mais de quatro amigos que topam participar de um programa de provas’. Nenhum diretor da emissora sabe do que se trata. Silvio Santos ainda não contou pra ninguém.


NOVELA ATUAL 1


Em alta na mídia por causa dos recentes ataques do PCC, a violência urbana será o tema principal da novela da Record que substituirá ‘Cidadão Brasileiro’ a partir de novembro ou de janeiro de 2007.


NOVELA ATUAL 2


Nesta semana, o autor Marcílio Moraes entregou a sinopse da trama _que não se passará em São Paulo, terra do PCC, mas no Rio de Janeiro, território de outras siglas do crime.


ABORTO ÀS 18H


A direção da Globo ‘acertou’ ao abortar para a faixa das 18h a novela que Walther Negrão escrevia para substituir ‘Sinhá Moça’. Nesta semana, a trama (que tinha o título provisório de ‘Salvador’) foi classificada como inadequada para antes das 20h, por conteúdo violento.’




LILLIAN ROSS
Sylvia Colombo


Parati vai receber a avó do ‘new journalism’


‘Quando Lillian Ross começou no jornalismo, nos anos 50, usava um bloquinho espiral de 7,5 cm por 12,5 cm. E só. Hoje, super-adaptada aos tempos modernos, é possível ‘conversar’ com essa simpática senhora de 79 anos por e-mail, ferramenta que ela deve manejar habilmente, dada a rapidez com que responde mensagens. Foi por essa via que Ross falou com a Folha. A escritora virá para a 4ª Flip (Feira Literária Internacional de Parati) e participará de um projeto ligado à sua editora no Brasil (Companhia das Letras), mas que ainda não foi revelado. Ross é considerada uma das fundadoras do chamado ‘new journalism’ (ou romance de não-ficção), gênero que mistura narrativa jornalística com literária e que teve seu ‘boom’ ligado à revista norte-americana ‘The New Yorker’. Ross foi repórter da publicação e, quando tinha 25 anos, produziu para ela uma série de reportagens que dariam origem a ‘Filme’, sua obra mais importante. Nela, a jornalista acompanha os bastidores da filmagem de ‘A Glória de um Covarde’, de John Huston, e a maneira cruel como o filme foi despedaçado pela máquina hollywoodiana. A Flip acontece de 9 a 13 de agosto, em Parati. A programação e as informações sobre os ingressos ainda não foram divulgadas, mas mais um nome de peso já está garantido, o argentino Ricardo Piglia (confira lista abaixo).


FOLHA – Como foi ‘inventar’ o ‘new journalism’?


LILIAN ROSS- Quando comecei a fazer a reportagem para ‘Filme’, fiquei muito envolvida com as pessoas sobre as quais estava escrevendo. Eram como personagens de ficção, e a ação parecia novelística para mim. Então escrevi uma carta para meu editor, dizendo-lhe que queria escrever a reportagem como se ela fosse um romance. Mas só quando o texto foi publicado é que os leitores perceberam o que eu tinha feito, pois a história os envolveu da mesma maneira como aconteceria caso se tratasse de um romance. Com o tempo, passaram a dizer que aquilo era uma inovação em termos de não-ficção.


FOLHA – A sra. conheceu Truman Capote?


ROSS – Conheci Capote nos anos 50. Encontrei-o pela primeira vez na casa de Charlie Chaplin, em Vevey, na Suíça, e ele imediatamente começou a me perguntar coisas sobre ‘a maneira como eu escrevia’, como tinha feito ‘Filme’ e sobre fazer relatos sobre a realidade usando um formato ficcional. Eu tinha descoberto desde ‘Portrait of Hemingway’ (1950) que era muito divertido e interessante usar diálogos, mostrar a relação entre as pessoas por meio da maneira como elas conversavam ou agiam.


FOLHA – Considera que ele tenha sido um seguidor seu?


ROSS – Capote queria fama e dinheiro. E, com um tanto de autopromoção e publicidade, ele passou a dizer que havia inventado o romance de não-ficção. Ele conseguiu o que queria, fama e dinheiro. Eu sempre estive mais interessada no prazer de escrever. Nunca pensei no poder daquilo que estava fazendo. Isso ficou evidente pelos diversos níveis de compreensão e apreciação dos leitores. Depois vieram aqueles que se auto-proclamavam seguidores do ‘new journalism’.


FOLHA – Como eles são?


ROSS – Eles imitam os bons escritores, mas nunca realmente entendendo ou gostando daquele trabalho. Eles estragaram tudo, porque tomaram liberdade com os fatos, descreveram o que as pessoas ‘pensaram’ etc. Sempre acreditei que era possível mostrar o que as pessoas pensavam por suas palavras e ações. Acho que a maior parte dos que usam jargões como ‘novelas de não-ficção’ ou ‘new journalism’ está tentando se autopromover.


FOLHA – O que está fazendo agora?


ROSS – Mantenho minha colaboração para a seção ‘The Talk of the Town’ da ‘New Yorker’ e estou escrevendo um livro sobre atores que foram únicos para mim. Entre eles, Anthony Hopkins, Anjelica Huston, Bruce Willis, Robin Williams, Frances McDormand, Clint Eastwood, Edie Falco, Jessica Lange e Sean Penn. Tento mostrar o que há de único em cada ator e quais são os elementos particulares que possuem para fazer com que gostemos de assisti-los. Eu gosto de atores. Admiro-os muito. Acho que são os mais corajosos dos artistas.’


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Folha de S. Paulo


O Estado de S. Paulo


O Globo


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