Na segunda-feira passada (9/4) comentamos aqui a manchete de primeira página da Folha de S.Paulo do dia anterior (domingo, 8/4). Apesar de escondida pela oferta de brindes, imaginava-se que a revelação teria enorme repercussão já que mencionava um veemente relatório da Confederação Internacional de Controladores de Vôo sobre as causas da tragédia do dia 29 de setembro de 2006, e que teria sido entregue à presidência da República.
A revelação da Folha não alvoroçou a concorrência. Só incomodou – e com razão – o governo, que avisou à Folha não ter recebido o tal relatório.
No sábado (14/4), a Folha retratou-se, acionada havia vários dias pelo novo ombudsman: reconheceu que o relatório da entidade internacional não fora entregue à presidência.
Tudo bem, reconhecer erros só engrandece um jornal. Mas por que razão o governo não desmentiu a manchete publicamente? E como é que fica a outra parte da notícia – as conclusões do relatório? Não mereceriam resposta do governo? E o resto da mídia que não se sensibilizou na semana passada e continua insensível até hoje?
A trágica colisão aérea do Boeing com o Legacy deixou um saldo de 154 mortes, inúmeros apagões nos aeroportos do país e algo ainda mais perigoso: uma enorme carga de apatia.