Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Folha de S. Paulo

MEMÓRIA / MACEDO SOARES
Luís Nassif

O ‘príncipe’ dos jornalistas

Na história do jornalismo brasileiro, um dos nomes de relevo foi José Eduardo Macedo Soares, que militou dos anos 20 aos anos 50 na imprensa e, durante longo período, era tratado como ‘o príncipe dos jornalistas brasileiros’. O JE, como era chamado.

Os Macedo Soares eram de Saquarema, Estado do Rio. Um deles embarcou para São Paulo em meados do século passado. Os filhos, José Carlos e José Eduardo, foram criados em São Paulo, mas continuaram mantendo o interesse político no Rio.

JE entrou para a Marinha, mas logo sua paixão pelo jornalismo levou-o a se demitir como aspirante, para fundar ‘O Imparcial’, que acabou se transformando no principal porta-voz dos tenentes na década de 20.

Horácio Carvalho era um jovem lindíssimo, neto do Barão de Amparo, da nobreza decadente de Vassouras. José Eduardo conheceu-o muito jovem e foi tomado de uma amizade que varou toda a vida. No Tiro de Guerra, José Eduardo acompanhava de carro o jovem amigo marchando. Mais tarde, acompanhava-o nas provas da faculdade.

Certa feita, o Clube dos Jovens Tenentes empastelou ‘O Imparcial’. Não foi serviço bem-feito, mantendo praticamente o patrimônio intocado. Mesmo assim, Getúlio mandou que se indenizasse o proprietário e se levassem os despojos do jornal à hasta pública. José Eduardo fez com que Horácio comprasse os equipamentos e, com a indenização do governo, dos destroços de ‘O Imparcial’ nasceu o ‘Diário Carioca’.

No governo Protógenes Guimarães, interventor do Estado do Rio, Horácio foi nomeado secretário do Interior, dentro do esquema Vargas. Mantinha ótimas relações com Alzira Vargas e Amaral Peixoto.

Ocorre que JE pensava em ser o homem de Vargas no Rio. Quando Vargas nomeou seu genro Amaral Peixoto, JE rompeu com o governo e tornar-se-ia uma pedra no sapato de seu ex-colega de armas, brindando-o com os apelidos ‘Alzirante’ e ‘Leão dos Mares Guanabarinos’.

Figura curiosa a de JE. Homossexual convicto, conseguia comportar-se com a distinção de um senador romano. Usava sempre gelô, e sua figura imponente era realçada por um olho caído, arriado, que, obrigando-o a jogar a cabeça para trás, conferia-lhe aquela aparência majestosa de senador romano.

Era dono de lendária coragem pessoal. Conta-se que certa vez levou um tiro do caudilho gaúcho Flores da Cunha, que lhe varou o chapéu. JE caminhou resoluto em direção ao oponente, arrancou-lhe a arma das mãos e foi embora. Um delegado de polícia procurou-o, instando-o a denunciar o agressor. Não só não denunciou como no dia seguinte devolveu a arma ao gaúcho. Ganhou a gratidão eterna, em meio a lágrimas sinceras.

Em 1944, José Eduardo foi brutalmente agredido na Cinelândia. Aparentemente foi um desencontro amoroso, mas que foi explorado habilmente por Carlos Lacerda para martelar o governo Vargas. Apesar de homossexual convicto, foi pai de duas filhas. Uma delas, Lota Macedo Soares, construiu o parque do Flamengo para Lacerda.

Seu modo de trabalhar era lendário. Escrevia à mão num bloco de rascunho de papel jornal, enormes garranchos que comportavam apenas sete a oito palavras por página. Sua ortografia era absolutamente original. Escrevia ném, misturava palavras com dois eles e pê agá. Mas era brilhante.

Vivia uma vida frugal, em apartamento simples, mas povoado de obras de arte, por onde passavam os grandes nomes da República. Diariamente escrevia seu artigo para a primeira página do ‘Diário Carioca’.

Era um pequeno jornal, que contava com um dos mais brilhantes corpos de cronistas que a imprensa brasileira já conheceu. O chefe de Redação era Pompeu de Souza; o adjunto, Danton Jobim. Prudente Moraes Neto era Pedro Lima, cronista político que deixou a crônica no governo JK por não concordar nem com o governo nem com a linha do jornal. Luiz Paulistano de Orleans Santana era chefe de reportagem. Havia ainda Paulo Mendes Campos, Sérgio Porto e Armando Nogueira. O secretário era Everardo Guilhon.’

TELEVISÃO
Daniel Castro

Globo adia de novo pesquisa de ‘Belíssima’

‘A Globo adiou pela segunda vez a realização de pesquisas com grupos de telespectadores para avaliar ‘Belíssima’. Essas pesquisas costumam ocorrer por volta do 20º capítulo e servem para detectar personagens e tramas que não estão sendo aceitas ou compreendidas pelo público.

No caso de ‘Belíssima’, a rodada de pesquisas do 20º capítulo foi adiada porque a novela começou muito bem no Ibope e a cúpula da Globo avaliou que não havia nada a ser corrigido na produção.

As primeiras pesquisas foram marcadas, então, para o início de janeiro. Mas, como a novela continua bem de audiência (média de 48 pontos), a sondagem foi remarcada para fevereiro, após o 80º capítulo. Assim, captará a repercussão de reviravoltas, como o desaparecimento da vilã Bia Falcão (Fernanda Montenegro), que sofrerá um acidente de carro no capítulo 64 (19 de janeiro).

Antes de morrer, Bia irá revelar a Murat (Lima Duarte) que Cemil (Leopoldo Pacheco) não é filho dele, mas de Katina (Irene Ravache) com Nikos (Tony Ramos). Bia contará o segredo a Murat na frente de Katina, mas Cemil, por enquanto, não saberá da verdade.

Bia fará a revelação porque Katina não se esforçará, a pedido dela, para impedir que Nikos viaje à Grécia, onde investigará a armação (de Bia) que levará Vitória (Cláudia Abreu) a ser julgada pelo assassinato do marido, Pedro (Henri Castelli).

OUTRO CANAL

América 1 O diretor de novelas da Globo Jayme Monjardim acaba de voltar de Cuba, onde seu filme ‘Olga’ ganhou três prêmios em um festival. O ministro da Cultura cubano aproveitou a viagem e convidou Monjardim a gravar alguma novela da Globo no país.

América 2 Monjardim prometeu ao ministro avaliar a proposta com calma e até já tem algumas idéias, mas no próximo ano estará ocupado com ‘Páginas da Vida’, de Manoel Carlos, cujas primeiras cenas, com Ana Paula Arósio, serão gravadas na Holanda.

Inédito Após dar ‘consultoria técnica’ aos roteiristas de ‘Bang Bang’, Carlos Lombardi se dedicará agora à sua próxima novela, ‘Pé na Jaca’, que deve entrar no ar no final de 2006. ‘Vou convidar o Antônio Fagundes. Queria que ele fizesse um trambiqueiro religioso, um pai-de-santo branco. Ele nunca fez esse papel’, sonha.

Dose tripla Tom Cavalcante terá três programas na Record a partir de março de 2006. Além do ‘Show do Tom’ (que vira semanal), fará o ‘Tom de Bola’ (às quartas, após o futebol) e a sitcom ‘Uma Família Muito Louca’ (às sextas, 22h30).

Dose dupla A Band transmitirá em 2006, além do concurso Miss Brasil (que será no Rio de Janeiro, em 8 de abril), o Miss São Paulo. O evento será em Campinas em março, com mini-show do cantor Fábio Júnior.’

Marcelo Forlani

Bonequinha de luxo

‘Chegando ao aeroporto, ela já estava lá, nas bancas de revistas. Passeando pelas ruas de Los Angeles, era só olhar para qualquer lado e lá estava ela novamente. Neste fim de 2005, Jennifer Aniston, 36, provou que o turbulento fim de seu casamento de cinco anos com Brad Pitt deixou cicatrizes, mas sem qualquer trauma maior. Não por acaso, ela foi eleita a primeira mulher do ano da revista ‘GQ’ e aparece em grande destaque no pôster do filme ‘Dizem por Aí’, que estréia hoje nos EUA. Um presente de Natal para os seus fãs e para ela.

Aniston conversou com a reportagem da Folha em um luxuoso hotel no subúrbio de Los Angeles para promover o lançamento de ‘Fora de Rumo’, mas acabou discutindo de forma franca temas polêmicos, como casamento, carreira e, claro, ‘Friends’.

Apesar de só estrear agora, ‘Dizem por Aí’ foi o primeiro trabalho de Aniston após o fim de ‘Friends’, em junho de 2004. No filme, ela interpreta Sarah, uma mulher cuja mãe teria inspirado a sra. Robinson do livro ‘A Primeira Noite de um Homem’, que virou o longa-metragem de 1967, dirigido por Mike Nichols e estrelado por Anne Bancroft e Dustin Hoffman. Mais: Sarah seria a filha gerada no famoso romance.

A difícil relação entre mãe e filha retratada na história tem um paralelo com os problemas pessoais que Aniston enfrenta com a sua mãe desde que seus pais se divorciaram. Mas, quando questionada sobre o relacionamento das duas hoje, a atriz se limita a responder: ‘Eu a amo muito, ela é ótima e acho que nós não precisamos falar sobre ela, né?’, deixando bem claro que aprendeu a manter alguns assuntos privados, o que raramente acontecia em seu casamento, sempre presente na mídia.

Enquanto ‘Dizem por Aí’ entra em cartaz no Brasil em 27 de janeiro, ‘Fora de Rumo’ chega por aqui quase um mês depois. Neste suspense que marca a estréia do sueco Mikael Hufström em Hollywood, Aniston interpreta Lucinda e traz à tona um assunto delicado para a atriz, a infidelidade. Certo dia, ela conhece Charles (Clive Owen) em um trem. Mesmo sem demonstrar grande insatisfação em seus casamentos, não demoram para transformar a amizade em algo mais. E com conseqüências inimagináveis. O jornalista Marcelo Forlani viajou a convite da Buena Vista’

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Não pretendo voltar à TV, conta Aniston

‘Mais conhecida pelo jeito meio desajeitado e meigo com que interpretava Rachel Green na TV, Jennifer Aniston aposta que seu personagem em ‘Fora de Rumo’ vai ajudar a deixar sua antiga personagem para trás. ‘[Lucinda] era algo completamente diferente para mim e eu queria muito fazer.’

Seria parte de uma estratégia para mostrar um amadurecimento? ‘Eu amadureci muito nestes últimos anos e espero que isso se reflita no meu trabalho. Mas pode esperar: eu vou voltar a dar risadas nos próximos filmes.’ O plano, então, é deixar a TV para trás? ‘Acho que não vou querer voltar à TV, porque ‘Friends’ foi muito importante’, diz, emocionada. ‘E estou gostando muito de fazer filmes. Sinto-me com muita sorte por ter sido convidada para isso e pretendo continuar enquanto me quiserem.’

De fato, Aniston não tem muito do que reclamar. Dos seis atores principais da série, ela é quem tem conseguido os melhores resultados. Sua atuação mais elogiada até o momento foi no drama ‘Por um Sentido na Vida’, de 2002, filme revelado em Sundance, o principal festival do cinema independente dos Estados Unidos.

No início do ano, a atriz participa pela segunda vez do festival. ‘Friends with Money’, no qual atua com Catherine Keener, Frances McDormand e Joan Cusack, abre o evento em 19 de janeiro. ‘Foi incrível fazer esse filme! Trabalhei com ótimas mulheres e tinha uma energia feminina muito forte por lá’, lembra, sobre a mistura de drama e comédia escrita e dirigida por Nicole Holofcener (‘Sex and the City’). Outro que chega em 2006 é ‘The Break Up’ (ainda sem título em português), que estréia nos EUA em junho, comédia co-estrelada pelo namorado, Vince Vaughn.

Mas Aniston não depende só dos convites. Enquanto ainda era casada com Brad Pitt, eles fundaram a produtora Plan B Entertainment. Com a empresa, ela garante a chance de financiar projetos que julga interessantes, sejam eles pensados ou não para tê-la no elenco. ‘É legal fazer essa outra parte também, porque você vai descobrindo que tipo de filmes gosta de fazer e vê também o que não gosta e não quer fazer de novo’, comenta a atriz.

Apesar do jeito mais sério com que respondia a algumas perguntas, Aniston tem mais de Rachel do que se possa imaginar. Além de já ter trabalhado como garçonete, se diz muito ansiosa e atribui isso à sua herança grega. ‘Sou agitada, falo muito e sempre que sirvo comida faço as pessoas comerem tudo e rápido’, ri.

Quando volta para o lado pessoal, franze as sobrancelhas, pára um pouco e responde da forma mais simpática que consegue. ‘Sim, claro que ainda acredito no casamento.’ O que é mais importante numa relação? ‘As coisas mais óbvias, confiança, honestidade e amizade.’ Como foi lidar com tudo que ocorreu no último ano? ‘Tive coisas más e boas, mas no geral tive um ano muito bom. Não o trocaria por nada. Se não estivesse bem, não estaria aqui.’

É este estilo simples de ver as coisas, sem estrelismos, que mantém Jennifer Aniston como uma das pessoas mais queridas do showbizz. ‘Eu adoro esse sentimento. As pessoas são muito bondosas, carinhosas e me apóiam. Eu me sinto sortuda’, diz. Mas tem uma parte do seu passado que a condena: estreou no cinema no sofrível terror ‘Leprechaun’ (1993). Questionada se já fez algum filme de que se arrependa, se esquiva com humor. ‘Se você não se lembra, eu é que não vou te ajudar.’’

Lúcia Valentim Rodrigues

‘Friends’ acaba no mesmo dilema da 1ª temporada

‘Finalmente ‘Friends’ acaba também em DVD. A décima temporada da série não tem mais a graça do começo, mas ainda assim merece ser vista.

Os criadores Kevin S. Bright, Marta Kauffman e David Crane já sabiam desde o ano anterior que o programa terminaria. Isso fez com que escrevessem os roteiros se despedindo aos poucos, mas não foi tempo suficiente para seduzir o público para o derivado ‘Joey’.

Joey (Matt LeBlanc) e Rachel (Jennifer Aniston) tentam engatar um romance, que se esfumaça antes mesmo de incomodar. Depois, a série vira um eterno sacolejar para fazer o suspense do último capítulo: Ross e Rachel ficam juntos? Com a mesma dúvida de dez anos atrás, não tem jeito: até Aniston se cansou de ‘Friends’.

Nos extras, há comentários, erros de gravação e um clipe que resulta num aperitivo da bobajada que a produtora faria a seguir.

Friends – 10ª Temporada

Distribuidora: Warner; R$ 120′

Elaine Lipworth

Para Sarah Jessica Parker, vida sem ‘Sex and the City’ foi ‘aterrorizante’,

‘Do Independent – Sarah Jessica Parker está tentando me persuadir de que sua vida não é tão fabulosa quanto parece. Mas não me sinto convencida. A elegante atriz que vejo sentada diante de mim discutindo as dificuldades de sua vida como mãe que trabalha fora foi a estrela de um dos mais populares programas na história recente da televisão, ‘Sex and the City’. As estimativas indicam que tenha faturado US$ 38 milhões como modelo da cadeia de lojas Gap; ela lançou um perfume com sua marca; e tem diversos projetos novos em preparação. Parker é casada com o ator Matthew Broderick, e os dois têm um filho pequeno. Com certeza, Sarah Jessica Parker tem tudo.

Ela parece uma pessoa confiante. Assim, é difícil levar a sério sua confidência de que a perspectiva de retomar sua carreira no cinema depois de Carrie Bradshaw custou-lhe muitas noites de sono. ‘Foi realmente um período aterrorizante’, conta Parker, 40, que interpreta uma empresária reprimida e insegura em seu novo trabalho, ‘Tudo em Família’ -que estréia no dia 13-, uma cálida comédia em que contracena com Diane Keaton e Claire Danes.

‘Não encontro palavras para descrever quão difícil foi começar. Eu estava certa de que seria despedida. Estava contracenando com Diane Keaton e tinha medo de ir para o estúdio.’

‘Tudo em Família’ gira em torno de uma família problemática que planeja passar as festas unida. Dermot Mulroney decide levar a noiva para conhecer seus pais, mas o personagem de Parker, Meredith, não é de modo algum a mulher que Keaton imaginava para seu idolatrado filho.

‘Achei que Meredith seria radicalmente diferente de Carrie’, diz Parker, para explicar por que aceitou o papel. ‘Ela é uma pessoa tão rígida, tão inflexível, tão desprovida de tato. Embora seja uma empresária de enorme sucesso, como pessoa é um desastre.’

Dada sua reputação como ícone da moda, não surpreende que Parker tenha sido a principal responsável pela aparência do personagem. Ela optou por tailleurs severos, bastante distintos do guarda-roupa que caracterizava o papel com que tanto se identificou. ‘Meredith desce para o café-da-manhã ‘vestida’, enquanto os demais circulam de pijama. Eu queria muito fazer esse filme porque era algo completamente novo, assustador, um desafio.’

Parker está longe de ser uma novata no cinema. Assim, é curioso que ache ser preciso provar uma vez mais todo o seu talento. Em ‘LA Story’, ela roubou as cenas. E teve papéis importantes em ‘Casos e Casamentos’, ‘O Clube das Desquitadas’, ‘Ed Wood’…

O desafio atual é se afastar do papel da colunista de sexo que a definiu por tanto tempo. ‘Não estou fugindo de Carrie, mas era hora de voltar a papéis mais variados. Mas sinto falta dela’, diz.

‘A cada vez que começo um filme, é difícil. Estou completamente em pânico quanto ao próximo, ‘Spinning into Butter’ [dissolvendo em manteiga]. Minha primeira cena foi com Miranda Richardson’, conta, ‘o que foi horripilante, porque eu a adoro e queria interpretar tão bem quanto ela’.

É pouco comum ouvir uma estrela falar com tanta franqueza. ‘As expectativas que você e os outros têm são imensas. Eu tenho vontade de agradar’, confessa.

Ela acaba de filmar ‘Failure to Launch’ [falha de lançamento], comédia com Matthew McConaughey e Kathy Bates, e fará dois filmes no ano que vem, ‘Whistle’ [assobio], de David Mamet, e ‘Slammer’, de Adam Shankman. ‘Às vezes me preocupo com a possibilidade de trabalhar demais, me expor demais, mas, você sabe, como uma amiga gosta de dizer, há tempo para dormir quando a gente morrer.’ Tradução Paulo Migliacci’

Laura Mattos

Record prepara novela das 7 no Pantanal

‘A próxima novela das sete da Record, que substituirá a bem-sucedida ‘Prova de Amor’ a partir de junho, deve ser gravada no Pantanal. O protagonista é um rapaz da região que se muda para o Rio de Janeiro e luta pela defesa de uma tribo indígena e de uma área ameaçada em sua terra natal.

A Globo, por sua vez, acaba de comprar os direitos de ‘Pantanal’, de Benedito Ruy Barbosa, sucesso de audiência na Manchete, em 1990. A intenção é usar parte da história como trama paralela da próxima novela das oito do autor, programada para 2007.

O folhetim da Record será baseado em ‘Bicho do Mato’, escrita por Chico de Assis e exibida pela Globo em 1972, cujos direitos foram adquiridos pela TV da Igreja Universal. A história era ambientada no interior de Mato Grosso. O jovem Juba (Osmar Prado), capataz de fazenda, tentava vingar a morte do pai e apaixonava-se por Ruth (Débora Duarte), da cidade grande. Tinha como amigo um índio, que o ensinava os segredos do mato. Foi a estréia do ator Mario Gomes na Globo.

Na Record, a adaptação é feita por Bosco Brasil e Cristianne Fridman. A supervisão é de Tiago Santiago, ‘queridinho’ da emissora, responsável pelo remake de ‘A Escrava Isaura’ e autor de ‘Prova de Amor’, que tem roubado audiência da global ‘Bang Bang’ (leia texto ao lado).

Santiago não confirma que a nova novela vá ser gravada no Pantanal. Segundo o escritor, as locações estão em estudo e existe a possibilidade de a direção do canal optar pela região amazônica.

O protagonista, ainda indefinido, viverá em um triângulo amoroso formado por uma conterrânea e uma moça da capital carioca. Um dos motes centrais será a dificuldade do rapaz ‘do mato’ em sobreviver no caos da metrópole, conforme o roteiro original.

Clone

Assim como ‘Prova de Amor’, sua substituta seguirá a fórmula ‘global’. O objetivo da Record é se aproximar ao máximo da concorrente, e, por isso, Santiago terá de emendar uma novela na outra. Ele foi ‘criado’ na teledramaturgia da Globo, onde trabalhou por 21 anos como colaborador do time VIP de novelistas. Conquistou a direção da Record justamente por carregar o know-how da líder.

Foi escolhido pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como o autor revelação da televisão brasileira deste ano. Disse que não esperava receber o prêmio e que ficou ‘muito feliz’.

Em 2006, a Record lança mão de sua principal ‘aquisição’ na retomada da teledramaturgia. Lauro César Muniz, consagrado autor de ‘O Salvador da Pátria’ (Globo, 1989), estréia em março a novela das oito ‘Cidadão Brasileiro’. Sua sucessora, no final do próximo ano, poderá ser um remake de ‘Gabriela’, sucesso da Globo de 1975, que consagrou Sônia Braga.

Firme na meta de copiar ‘ipsis litteris’ a grade de programação dos Marinho, a TV de Edir Macedo tem planos de estrear uma novela das seis e até uma trama juvenil vespertina, à ‘Malhação’.

Procura autores-colaboradores da Globo, como Tiago Santiago mas também cogita as ‘grifes’. Esbarra, entretanto, nos altos salários, como o de Glória Perez (cujo contrato está vencendo).

Para sua ‘Malhação’, foi ventilado o nome de Ana Maria Moretzshon, uma das criadoras da novelinha global e autora de uma série juvenil famosa em Portugal.’

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‘Prova de Amor’ ameaça passar ‘Bang Bang’

‘‘Prova de Amor’, da Record, pode se tornar em breve o novo ‘Pantanal’ da teledramaturgia. O folhetim tem chances de passar o Ibope da Globo, feito obtido pela trama de Benedito Ruy Barbosa na extinta TV Manchete, em 1990.

Com menos de dois meses de exibição, o folhetim das sete da Record já chegou a atingir 15,7 pontos de média, resultado só alcançado pela antecessora, ‘Escrava Isaura’, na reta final. Enquanto isso, a confusa ‘Bang Bang’, da Globo, pode entrar para a história como o pior desempenho da emissora no horário. A audiência do faroeste caótico protagonizado por Fernanda Lima gira em torno de 25 pontos, dez a menos do que seria um resultado satisfatório (‘Da Cor do Pecado’, do ano passado, passava dos 40).

A diferença entre as concorrentes já caiu a três pontos na Grande São Paulo. Em Recife, a da Record chegou à liderança. Para o autor Tiago Santiago, ‘Prova de Amor’ tem chances de ultrapassar ‘Bang Bang’ em SP (principal mercado do Ibope), e ele aposta que isso ocorra até março. ‘Há muitos trunfos na história. Os gêmeos vão se encontrar e trocar de lugar [na novela, os irmãos foram separados no nascimento, quando um deles foi seqüestrado].’

Ele lembra que ‘Pantanal’ não concorria diretamente com novelas da Globo, pois ia ao ar depois da trama das oito. ‘Prova de Amor’ pode ser a primeira a ganhar de uma novela da Globo.’

À Folha, Benedito Ruy Barbosa afirmou que ‘Pantanal’ sempre se manteve em primeiro lugar. Ele diz ter se sentido ‘realizado’ por ter conseguido fazer uma novela de sucesso fora da Globo.

A possibilidade de reviver esse ‘trauma’ tem deixado a direção da Globo em polvorosa. O problema de ‘Bang Bang’ começou logo na primeira semana de exibição, quando o autor, Mário Prata, abandonou o projeto.

Márcia Prates, sua colaboradora, assumiu, fez mudanças, mas não conseguiu elevar a audiência.

O último convocado foi o autor Carlos Lombardi (‘Uga Uga’, ‘Kubanacan’), que diminuiu a roupa dos personagens, entre outras mudanças no rumo do roteiro. Mas a audiência ainda não deu sinais de recuperação.’

Bia Abramo

Visibilidade foi a palavra de ordem em 2005

‘Sinal dos tempos: os dois grandes destaques da TV em 2005 são off-Globo. Embora a TV da Gente esteja operando em caráter ainda quase experimental, só a afirmação expressa em seu slogan ‘a cor do Brasil’ sugere a importância política da emissora. Trata-se de dar visibilidade à população negra e fazê-lo invertendo o sinal daquilo que sempre foi a tradição da TV brasileira: ocultar, disfarçar e folclorizar a presença negra. Estreou há pouco mais de um mês e sua programação enfrenta ainda enormes dificuldades operacionais, mas já representa um ponto de inflexão fundamental na história da TV brasileira.

Num ano em que a política institucional passou por uma crise inaudita, o outro destaque da TV também tem sentido mais político do que qualquer outra coisa. O monopólio da Globo sofreu mais uma fissura com o sucesso das novelas da Record. Depois de uma tentativa sem pé nem cabeça de ‘inovar’, numa combinação de novela e ‘reality show’ que resultou no fiasco de ‘Metamorphoses’, a emissora acertou o passo com roteiros mais convencionais, bastante decalcados daqueles que consolidaram a liderança da Globo na ficção televisiva. Com uma pequena ajuda de uma gorda injeção de investimentos que possibilitou uma migração de atores recém-saídos de produções globais, a Record realmente emplacou uma forma alternativa, mesmo que ainda um tanto derivativa, de fazer novelas.

Visibilidade foi uma espécie de palavra de ordem da TV neste ano. A transformação da transmissão direta das CPIs pela TV Senado em espetáculo, inaugurando um voyeurismo político, mostrou um espectador interessado em acompanhar e testemunhar até mesmo as questões mais intestinais do poder.

Na outra ponta, pode-se dizer que foi um ano de orgulho gay na TV. Da torcida descarada e quase unânime para transformar o professor gay Jean Wyllis em milionário à comoção pelo beijo que não aconteceu entre os personagens Júnior e Zeca de ‘América’, passando pela simpatia despertada pelo casal de lésbicas em sua luta para adotar um garoto em ‘Senhora do Destino’, 2005 pode até ser considerado espécie de marco nessa área.

Na TV a cabo, o clima aterrador, o roteiro improvável e imaginativo e alguns atores de talento fizeram de ‘Lost’ um seriado daqueles viciantes e que terá a primeira temporada exibida na Globo a partir de fevereiro. ‘House’, com seu cinismo anguloso, sem brechas, criou uma espécie de drama às avessas, em que a simpatia pelo sofrimento humano é objeto de piada, de desprezo e sinal de fraqueza. Interessante (e os diálogos ótimos ajudam), ainda que um tantinho repulsivo.

Essa espécie de retrospectiva breve e idiossincrática não ficaria completa sem mencionar um ‘já foi tarde’: até a conclusão desta coluna, João Kleber continuava fora do ar.’

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Folha de S. Paulo

Sábado, 24 dezembro de 2005

CENSURA NA FSP
Frederico Vasconcelos

Folha pede liminar contra censura

‘A Empresa Folha da Manhã, que edita a Folha, impetrou mandado de segurança com pedido de liminar no Tribunal Regional Federal, em São Paulo, requerendo a imediata restituição do direito de veicular qualquer informação sobre o processo criminal que envolve o banqueiro Daniel Dantas, as empresas Kroll, Brasil Telecom, Telecom Italia e figuras do primeiro escalão do governo Lula.

Distribuído ao desembargador André Custódio Nekatschalow, o pedido considera a medida determinada pelo juiz Sílvio Luis Ferreira da Rocha, da 5ª Vara Criminal, ‘uma absurda e ilegal violação ao direito de informação’.

O juiz Ferreira da Rocha ordenou a retirada da internet de determinadas páginas que contivessem informações sobre o caso Kroll -atos de espionagem realizados pela empresa, supostamente a pedido de Daniel Dantas.

No mandado, a Folha define como ‘inadmissível’ a decisão da juíza substituta, Margarete Sacristan, que, ao restringir a censura inicial, proibiu a divulgação de interceptações telefônicas e telemáticas e documentos bancários e fiscais dos denunciados.

‘A retirada da internet de matérias jornalísticas que já foram divulgadas parece uma tentativa de ‘reescrever’ a História. É completamente descabida e soa próxima do totalitarismo’, afirma a advogada Taís Gasparian, no pedido. Para ela, trata-se de ‘uma tentativa de manipulação de fatos do passado’ e ‘uma decisão que impede a divulgação futura’.

Quando a medida foi divulgada, a Associação Nacional dos Jornais protestou, por entender que ‘a determinação fere o dispositivo constitucional que assegura a liberdade de imprensa e o direito de a sociedade ser informada’.

Sigilo

As investigações sobre a espionagem da Kroll tiveram início em reportagem veiculada com exclusividade pela Folha, em julho de 2004. O mandado observa que os jornalistas não violaram o sigilo do processo, pois divulgaram informações obtidas de suas fontes.

Segundo o pedido, a responsabilização penal determinada na decisão da juíza substituta ‘viola frontal e diretamente a liberdade de imprensa, de comunicação e a garantia ao sigilo de fonte’.

O mandado afirma que a imprensa não pode conferir o conteúdo dos processos e tampouco lhe compete guardá-lo. ‘A guarda do segredo de justiça não cabe à imprensa, mas à autoridade policial e seus agentes, ao órgão acusador, a autoridade judiciária, aos investigados e seus defensores.’’

FSP CONTESTADA
Painel do Leitor

Ministério da Cultura

‘‘As considerações de Ferreira Gullar sobre o Ministério da Cultura na Folha de ontem (Ilustrada) são reveladoras. Em primeiro lugar, revelam o desconhecimento do poeta em relação ao papel institucional do MinC e às realizações e conquistas da gestão do ministro Gilberto Gil. Um dado apenas serve para mostrar como a cultura mudou -e mudou para melhor- neste governo: em 2006, o orçamento do MinC será o dobro do que foi gasto em 2002. Em segundo lugar, revelam uma concepção arcaica e clientelista da ação do Estado na cultura. Gullar, que o MinC teve a honra de indicar para o importante Prêmio Conrado Wessel de Literatura, neste ano, ao menos admite que ‘não se envolve, ou acompanha’. Coerente com essa confissão, deveria abster-se de opinar sobre assuntos que assumidamente ignora. A base da opinião criteriosa é a informação. E a desinformação do poeta se torna ainda mais evidente quando ele relaciona o ministro Gil ao projeto do Conselho Federal de Jornalismo. Esse projeto não foi ‘proposto’ nem ‘defendido’ pelo MinC. Finalmente, não deixa de ser curioso um comunista criticar algo ou alguém por uma suposta ‘centralização’. A ‘centralização’ não era a marca registrada dos finados regimes stalinistas dos quais Gullar foi e segue sendo um defensor?’ Sérgio Sá Leitão, secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (Brasília, DF)

Resposta do articulista Ferreira Gullar – Li a nota do MinC. Parece escrita pelo antigo SNI.

‘O que há de admirável em Ferreira Gullar é a sua permanente disposição para a luta corporal. Esse poeta sincero e corajoso vive no corpo-a-corpo com as coisas e com as idéias quando fala de poesia, quando critica Lula ou elogia o ‘Manifesto Comunista’. Ele é direto, não põe panos quentes, não tangencia, em atitude oposta à dos concretistas, que faziam uma poesia de planilha e transformaram o poema em ‘objeto’ de matéria plástica. Ao tempo do concretismo, pelo menos três poetas superaram as posições de Haroldo de Campos e companhia: o próprio Ferreira Gullar, Mário Faustino e Mário Chamie. Quem viveu foi testemunha.’ Gilberto de Mello Kujawski (São Paulo, SP)

Metrô no Rio

‘Em relação à coluna de Janio de Freitas de 22/12, o BNDES esclarece que sempre esteve empenhado em retomar o financiamento das obras da linha 1 do metrô do Rio. Várias iniciativas do BNDES nesse sentido foram realizadas, sem sucesso. Isso porque o Banco estava impossibilitado de efetuar novas liberações de financiamento devido à condição de inadimplência do Rio de Janeiro, o que levou o Estado a ser inscrito no Controle de Crédito do Setor Público do Banco Central (Cadip). Com a decisão superior do STF, o BNDES fica habilitado a realizar novos desembolsos ao metrô carioca, fato comemorado pelo presidente do Banco, Guido Mantega.’ Gelcio Siqueira, gerente de imprensa do BNDES (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do jornalista Janio de Freitas – O contrato de financiamento foi assinado por BNDES e Estado do Rio. Apesar disso, durante um ano, o governo federal proibiu liberação, a pretexto de inadimplência fluminense. O STF derrotou o governo federal.

Opportunity

‘A Folha, em sua edição de 22/12, reproduz conteúdo editorial do blog do jornalista Josias de Souza no qual o Opportunity é acusado de ‘mandar’ a Kroll ‘espionar’ jornalistas (Brasil, pág. A10). A Kroll foi contratada pela Brasil Telecom, não pelo Opportunity, com o intuito de identificar irregularidades cometidas no processo de aquisição da CRT pela Brasil Telecom. O conteúdo do que relata Josias de Souza está em desacordo com a abertura de sua reportagem. Está escrito, na abertura, que, ‘a pedido do banqueiro Daniel Dantas’, a Kroll ‘bisbilhotou o cotidiano de vários jornalistas durante o ano de 2004’. A continuidade da leitura não revela uma só prova de ‘bisbilhotice’. São citados trechos de um relatório (não encomendado pelo Opportunity, repita-se) que contém informações que um repórter de nível mediano provavelmente não teria dificuldade em obter. Ou seja, o próprio Josias de Souza se encarrega de desdizer abertura e títulos que apresentavam a reportagem ao não apresentar um só indício de ‘espionagem’. O Opportunity sempre pautou seu relacionamento com a imprensa pelo mais irrestrito respeito, o que apenas reforça a necessidade de não deixar sem resposta acusação tão grave quanto à da reportagem citada.’ Maria Amalia D. M. Coutrim, Opportunity (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do jornalista Josias de Souza – A Brasil Telecom foi mera intermediária da contratação. Os relatórios da Kroll eram entregues a quem os encomendou: o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.’

POLÍTICA CULTURAL
Thiago Ney

Assembléia paulista aprova Lei da Cultura

‘A Assembléia Legislativa de SP aprovou na madrugada de ontem a chamada Lei da Cultura, que cria o Programa de Ação Cultural (PAC), iniciativa da secretaria estadual da Cultura.

O projeto, encaminhado pelo secretário João Batista de Andrade, pretende servir como instrumento de ajuda de financiamento a ‘setores frágeis da cultura’. ‘Será importante para obras de interesse cultural que têm dificuldades comerciais’, afirma Andrade. ‘Setores como o hip hop, o teatro experimental, cineastas fazendo o primeiro filme ou até publicações literárias serão beneficiados.’

O PAC funcionará a partir de três mecanismos: por recurso orçamentário (dinheiro encaminhado pelo Estado por meio de editais); por um fundo que recebe rendas de loterias, projetos comerciais doações etc.; por incentivo fiscal (descontado do ICMS).

Segundo estimativas de Andrade, o PAC deve ser responsável por injetar R$ 40 milhões em seu primeiro ano -R$ 20 milhões por meio de editais e outros R$ 20 mi em renúncia fiscal.

O governador Geraldo Alckmin deve sancionar a lei ainda neste ano, para que entre em vigor no início de 2006. O projeto havia sido iniciado em maio, quando Andrade entrou na secretaria. Em outubro, foi à Assembléia. Deputados como Vicente Cândido (PT), que havia formulado programa semelhante há dois anos, requisitaram emendas, como a inclusão de uma conferência bianual sobre cultura.’

TELEVISÃO
Daniel Castro

TV Cultura cresce 186% e distribui facas

‘Emissora pública mantida pelo Estado de São Paulo, a TV Cultura distribuiu nesta semana como brinde de final de ano um ostentoso kit de facas para churrasco. São sete facas, de vários tamanhos e utilidades, e um talher para manipular carnes em grelha da marca Mundial, dentro de uma pasta de couro ou que imita couro.

O kit, que chama a atenção por ser aparentemente mais caro do que os distribuídos pelas redes comerciais (exceto Globo), foi enviado a publicitários, anunciantes, autoridades e jornalistas.

Segundo Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da Cultura), foram distribuídos cerca de cem kits, adquiridos em permuta (troca de espaço publicitário pelo produto). Cada um, diz, custou R$ 87. Nas lojas, facas semelhantes às maiores do kit da Mundial custam até R$ 180 cada.

‘Foi uma permuta para comemorar um ano excepcional’, afirma Mendonça. A TV Cultura aumentou suas receitas com publicidade comercial em seus intervalos de R$ 7 milhões em 2004 para R$ 20 milhões em 2005, um crescimento de 186%. Segundo Mendonça, dessa forma a emissora ampliou sua produção de programas e ainda reduziu a dependência em relação ao Estado, que injetou R$ 80 milhões na fundação. ‘O Estado colocou R$ 5 milhões a menos do que em 2004’, diz.

Para 2006, a previsão é de 20% de crescimento nas receitas.

OUTRO CANAL

Tecnologia A Band está usando em São Paulo celulares para transmissão de reportagens. Oito repórteres estão equipados com telefones que armazenam até um minuto de vídeo. A idéia é que eles filmem flagrantes que possam ser exibidos cinco minutos depois, em imagens que ocupam um quarto da tela do televisor. Em Minas, a TV Alterosa (SBT) emprega celulares no jornalismo desde maio.

Remake 1 As ex-’Casa dos Artistas’ Analice Nicolau e Cinthia Benini dançaram. Quem vai apresentar o programa de curiosidades ‘Ver Para Crer’ serão César Filho e Celso Portiolli, revelam novas chamadas em exibição na programação do SBT.

Remake 2 Em evento ao mercado publicitário em novembro, Analice e Cinthia foram anunciadas como apresentadoras do programa, a partir de março. Mas Silvio Santos mudou de idéia.

Estratégia A Globo comprou os direitos do texto de ‘Pantanal’, de Benedito Ruy Barbosa na extinta Manchete, mais para evitar que a concorrência faça um ‘remake’ da novela do que para utilidade própria. A emissora apenas usará trechos de ‘Pantanal’ na próxima novela das oito de Barbosa, seu contratado.

Médio Deu 24 pontos, com a sintonia de 48% dos televisores ligados na Grande São Paulo, o irregular ‘Correndo Atrás’, exibido anteontem pela Globo.’

Marco Aurélio Canônico

Falta humor a ‘talk show’ de Space Ghost

‘Dentre as novas tendências dos desenhos animados, o Cartoon Network encontrou um filão ao reaproveitar personagens antigos em papéis completamente diversos dos seus originais, fazendo animações que são, muitas vezes, montagens de cenas antigas reeditadas sobre um texto novo.

‘Space Ghost de Costa a Costa’, que o canal exibe em seu bloco noturno e que ganha, hoje e amanhã, um especial de Natal, é um exemplo: aqui, o célebre herói intergalático criado pela dupla Hanna-Barbera se transforma em apresentador de um ‘talk show’ que ironiza um dos mais bem-sucedidos programas do gênero, o norte-americano ‘Late Show’, de David Letterman.

A idéia é boa: o personagem recebe, de fato, entrevistados reais (músicos, atores, personalidades em geral), que interagem com o desenho. O problema está na execução: a animação aposta em um humor nonsense e absurdo que acaba soando apenas idiota e desperdiça entrevistas que poderiam ser boas em um formato mais livre como o do desenho.

Outro problema está na dublagem, que soa deslocada (com as gírias e referências abrasileiradas), principalmente ao dar voz aos entrevistados famosos.

No especial de Natal, que compila três episódios de ‘Space Ghost de Costa a Costa’, os problemas ficam evidentes, por exemplo, naquilo que poderia ser uma divertida conversa com o músico Beck, mas que acaba sendo apenas entediante.

Mesmo a breve aparição de bandas interessantes do cenário indie, como o Pavement e o Man or Astro-Man?, acaba sendo desperdiçada em meio à falta de graça do programa.

Especial de Natal do Space Ghost

Quando: hoje e amanhã, à meia-noite, no Cartoon Network’

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