Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo


PRIMEIRA PÁGINA, FSP
Sylvia Colombo e Rafael Cariello


Folha lança nova edição de livro de primeiras páginas


‘Como fazer um dia caber numa página de 53cm de altura por 30cm de largura? O problema ganha contornos mais dramáticos nos dias em que se tem a impressão de ver a história acontecer -aquela que terminará nos livros e ajudará a explicar mudanças significativas na sociedade, na economia e na política-, ao mesmo tempo em que os fatos se atropelam diante dos repórteres.


A Publifolha acaba de publicar 223 exemplos bem-sucedidos desse momento agudo do trabalho jornalístico, ao reunir as capas mais importantes da história da Folha, desde 1921, na nova edição do livro ‘Folha de S.Paulo -Primeira Página’ (R$ 69; 240 págs.).


Esta é a sexta versão do livro, lançado originalmente em 1985. Da última atualização, em 2000, até a atual, foram excluídas páginas que ficaram menos importantes historicamente, concentradas principalmente nas décadas de 1980 e 1990, e incluídas outras, mais recentes, como a do episódio do mensalão, que derrubou ministros e deu início à mais grave crise do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.


As primeiras páginas da Folha mostram também, à sua maneira, a fórmula tipicamente brasileira para a apresentação das notícias mais importantes de um dia. É que os jornais do país, de uma maneira geral, têm características bastante diferentes das soluções gráficas adotadas por jornais estrangeiros.


O editor de arte da Folha, Massimo Gentile, descreve algumas dessas peculiaridades. ‘O grande número de chamadas, que são pequenos resumos, e as fotos grandes, por exemplo. A capa tenta dar uma visão ampla do cardápio dos assuntos mais importantes do jornal daquele dia. São características brasileiras que a Folha desenvolve muito bem’, diz.


‘O jornal fez com que os leitores criassem um hábito, pois eles já sabem que aquele assunto destacado na capa vai estar maior lá dentro. Nos jornais ingleses, por exemplo, não existe essa preocupação. Às vezes a reportagem inteira começa e morre na capa mesmo’, diz o editor.


O modelo da Folha descrito por Gentile encontra-se, na verdade, a meio caminho de dois ‘padrões’ principais, ao menos se seguirmos a divisão proposta por Matt Mansfield, editor da primeira página do ‘San Jose Mercury News’: jornais que ‘tentam capturar a história para gerações vindouras’, cujo exemplo maior é o americano ‘The New York Times’, e capas mais preocupadas com questões e notícias locais, independentemente de quão perecíveis possam ser.


Para Gentile, o fato de a Folha obedecer a certos padrões na edição da sua capa guarda um paradoxo. ‘Os grandes jornais que vivem essencialmente de assinaturas, como a Folha, poderiam, em tese, fazer o que quisessem na primeira página, pois não precisam tanto entrar na disputa pelos leitores que compram jornais em bancas. Ainda assim, a Folha insiste numa capa chamativa, nervosa e colorida, pois quer conquistar novos leitores e o público mais jovem.’


O apego excessivo a regras e formatos repetitivos na capa é criticado por Bill Gaspard, ex-diretor de design do ‘Los Angeles Times’. ‘Muitos modelos de capas são tão constrangidos por regras -número de histórias, referências, resumo das chamadas etc.- que acabam tendo dificuldade de refletir o noticiário.’


Também nisso a Folha segue uma solução mista, subordinada a regras, mas capaz de criar ao reconhecer fatos verdadeiramente relevantes -como se pode ver nas páginas do livro.


Guinada


Está lá, por exemplo, a série de capas da cobertura da votação da emenda das Diretas-Já pelo Congresso, em 1984. A ocasião marcou uma guinada na linha editorial da jornal, que fez campanha aberta pela redemocratização do Brasil e estabeleceu, então, como linhas-mestras de seu projeto o jornalismo crítico, apartidário, pluralista e independente.


Também estão no livro fatos que marcaram a história recente, como os atentados de 11 de Setembro, de Madri e de Londres, além da Guerra do Iraque. Mais distantes no tempo aparecem as primeiras páginas que narraram a morte de João Pessoa (‘Foi assassinado, em Recife, o sr. João Pessoa’ – 27 de julho de 1930), a saída de Janio Quadros da Presidência (‘Extra, extra, Janio renunciou’ -25 de agosto de 1961) ou a chegada à Lua (‘A Lua no bolso’ – 21 de julho de 1969).


De uma diagramação pesada, sem fotos e pouca hierarquização dos assuntos às soluções gráficas mais recentes, com imagens grandes, infográficos e pequenas chamadas que sintetizam os assuntos da edição, muita coisa se passou.


Desde 1921, o ano da fundação da ‘Folha da Noite’ (que, em 1960, viria a se tornar Folha de S.Paulo, após fusão com a ‘Folha da Manhã’ e a ‘Folha da Tarde’, ambos pertencentes à mesma empresa), essas páginas refletem parte da história, misturada a notícias cotidianas, mesmo frívolas, cuja importância não sobreviveu ao dia seguinte da publicação.


É o caso da capa do dia 15 de março de 1985, que noticiava: ‘Tancredo é operado’, fato que marcaria a conturbada transição à democracia no país. Mais abaixo, outro título: ‘Menudo faz o primeiro show no Brasil.’’




***


A procura da manchete em dia de pouca notícia


‘Não é todo dia que se faz história. De fato, parece mesmo mais difícil chegar à manchete de um dia qualquer. Às 12h da última terça, por exemplo, ninguém fazia idéia do assunto que ocuparia o alto da capa da Folha.


Na sala central e envidraçada da Redação, editores faziam a segunda reunião do dia. Pelo ‘viva voz’, Vinicius Torres Freire, secretário de redação, conversa com Valdo Cruz, diretor da Sucursal de Brasília. ‘O [ex-ministro Antonio] Palocci está onde?’, pergunta Torres Freire. ‘Na casa dele’, responde Cruz. ‘Ainda é a casa de ministro?’, insiste o secretário. ‘É. Ele tem 60 dias para sair.’


‘Temos alguma pista nova desse caso?’, continua o secretário. ‘Por enquanto, não’, diz Cruz.


Reunião das 17h. Circulam boatos de que uma ‘bomba’, prometida pelo advogado José Roberto Batochio, poderia desestabilizar o ministro Márcio Thomaz Bastos. ‘Isso tudo ainda é boato?’, pergunta Vaguinaldo Marinheiro, secretário-interino de redação. ‘É boato’, responde Cruz. ‘Assim sendo, qual é o abre do material?’, quer saber. ‘Palocci depõe amanhã’, responde Cruz -um fato burocrático, importante, mas que não revela nada. O reconhecimento da falta de assunto provoca risos na sala.


Às 19h15, Vaguinaldo atende um telefonema de Brasília. A notícia é que o Ministério Público pedirá a quebra do sigilo telefônico de Palocci e de assessores de Thomaz Bastos. Às 19h30, sai a primeira manchete: ‘Pedida quebra de sigilo de Palocci’.


Às 22h15, finalmente, notícia: Batochio se apresentou como defensor de Palocci. Enquanto os repórteres esperavam pelo advogado num hotel de Brasília, Palocci depôs, em casa, à Polícia Federal. Nova revelação: o ex-ministro havia sido indiciado pela suspeita de quebra de sigilo bancário. Vaguinaldo liga para Brasília. Repõe o telefone no gancho e avisa aos redatores: ‘A manchete vai mudar. Será ‘Palocci depõe na PF e é indiciado’.’ O título anterior vira uma chamada menor, abaixo. A nova capa está pronta.’




ALCKMIN SOB SUSPEITA
Chico de Gois


PT pede que o presidente da Nossa Caixa seja afastado temporariamente


‘O líder do PT na Assembléia Legislativa, Ênio Tatto, protocolou ontem na Procuradoria Geral do Estado uma representação na qual pede o afastamento temporário do presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, por ‘manifesto prejuízo à condução dos atos administrativos decorrentes de sua gestão’.


O pedido é baseado nas reportagens publicadas pela Folha, que noticiou que o banco gastou R$ 44,8 milhões em publicidade sem a formalização de contratos com as empresas Colucci e Associados e Full Jazz. Além disso, na distribuição de propaganda, a instituição beneficiou programas ou veículos de comunicação ligados a deputados da base governista.


Outra denúncia que embasa a representação diz respeito à compra em duplicidade de 500 fornos a gás para a doação ao programa das padarias artesanais, do Fundo de Solidariedade, durante a administração da ex-primeira-dama do Estado Lu Alckmin.


O presidente da Nossa Caixa disse, por meio de sua assessoria, que só se manifestará após ser comunicado oficialmente.


Para o líder do PT, as ações, sob o comando de Monteiro, ‘enquadram-se em diversos incisos’ da Lei de Improbidade Administrativa. Ele cita, por exemplo, o que tipifica como ato de improbidade ‘ordenar ou permitir realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento’.


Tatto pede que a procuradoria determine o envio de documentos sobre a prorrogação dos contratos com as agências de publicidade, cópia da auditoria realizada no banco, relação das empresas de publicidade contratadas nos últimos cinco anos e cópia do documento que possibilitou a doação dos fornos às prefeituras. Anteontem, o PT aprovou na Comissão de Finanças da Assembléia a convocação de Monteiro.’




DAN BROWN ABSOLVIDO
Folha de S. Paulo


Justiça inocenta Dan Brown, autor de ‘O Código Da Vinci’, de acusação de plágio


‘A Justiça britânica inocentou ontem o escritor norte-americano Dan Brown, o autor do best-seller ‘O Código Da Vinci’, acusado de plagiar o livro de dois autores britânicos.


Brown comemorou a decisão e afirmou que o veredicto mostra que a acusação não era justificada. ‘Estou assombrado que esses autores tenham decidido me acusar’, disse em Londres.


Os historiadores britânicos Michael Baigent e Richard Leigh acusavam o escritor de ter copiado a estrutura de ‘O Santo Graal e a Linhagem Sagrada’, publicado por eles em 1982 e relançado pela Nova Fronteira no Brasil. A editora Random House, que publicou as duas obras, também foi alvo de acusação.


Tanto ‘O Código Da Vinci’ quanto ‘O Santo Graal e a Linhagem Sagrada’ afirmam que Jesus Cristo se casou com Maria Madalena, com quem teria tido um filho.


Traduzido para 44 idiomas e com uma versão cinematográfica prevista para estrear em 19 de maio, o livro de Brown vendeu mais de 40 milhões de exemplares no mundo todo.’




MEMÓRIA / CAREQUINHA
Carlos Heitor Cony


Carequinha, o bom


‘No último domingo, minha filha que mora em Roma fez anos. Usando os recursos da internet, minha outra filha e eu a despertamos ao som de Carequinha cantando a musiquinha da infância das duas: ‘Parabéns! Parabéns!’. Foi uma choradeira só. Veio tudo de volta, toda a infância delas, o tempo mais gostoso de minha mocidade, tempo em que um palhaço ainda nos comovia -ao contrário de certos palhaços de hoje, que nos fazem chorar.


A voz dele, propositadamente rachada, que não o impediu de emplacar um sucesso na marchinha de Miguel Gustavo, ‘Ela é Fã da Emilinha’, campeã de um Carnaval dos anos mais antigos do passado.


Carequinha foi logomarca e trilha musical do início esforçado de nossa televisão. Pulara do circo, habitat natural de um palhaço, para o grande circo eletrônico ainda em preto-e-branco, uma televisão ingênua como ele e na qual fazia a ligação do passado com o presente, trazendo sua máscara, seus tombos, sua boca enorme e vermelha escondendo a nostalgia disfarçada dos palhaços -’e enquanto o lábio trêmulo gargalha, dentro do peito o coração soluça’, segundo o soneto famoso.


Certa vez, despojado de suas vestes litúrgicas de picadeiro, ele cantou ao violão uma música de sua autoria. Era a herança dos palhaços que ele cantava, o apelo da multidão que pede riso e alegria, e a alma ferida lá dentro, olhando a platéia que o exige e aplaude, sem ver que seus olhos estão molhados. Nada mais triste do que o olhar de um palhaço mal protegido pelo alvaiade cor de luar.


Crianças daquela época, crianças de três gerações, acompanhavam aquelas cambalhotas segurando o chapéu, terminando-as com o chapéu na cabeça. O palhaço-herói, o palhaço-ícone de um mundo que poderia ser, roque roque do ratinho, o bom menino não faz xixi na cama -um mundo que se vai com ele. Ano que vem, minhas filhas e eu novamente tocaremos o seu parabéns com mais emoção e saudade.’




REDE GLOBO
Folha de S. Paulo


Globo conclui captação por bônus perpétuo


‘A Globo Comunicações e Participações, empresa resultante da fusão de TV Globo e Globopar, concluiu ontem captação externa de US$ 325 milhões por bônus perpétuos, títulos de dívida sem vencimento predeterminado.


Segundo o diretor corporativo da Globo, Jorge Nóbrega, houve uma forte procura, o que fez a companhia optar pelo aumento da emissão -inicialmente, a idéia era lançar US$ 250 milhões em títulos. A demanda pelos títulos chegou a US$ 600 milhões.


Os recursos obtidos serão destinados integralmente para o pagamento de dívidas antigas, cujas taxas de juros são maiores do que a dos bônus perpétuos. A Globo resgatará papéis com vencimento em 2011.


O endividamento total da Globo é de US$ 1,136 bilhão -ao final de 2004, somava US$ 2,154 bilhões. A venda de ações da Net para a Telmex e de outros ativos foi usada para quitar dívidas, permitindo a redução.’




CINEMA & MÍDIA
Laura M. Holson


Hollywood investe em produções locais


‘DO ‘NEW YORK TIMES’ – Se produzir um filme em Hollywood é complicado, considerem as negociações para ‘Kung-Fusão’, a comédia de ação chinesa dirigida pelo ator Stephen Chow.


Gareth Wigan, executivo de filmes internacionais na Sony Picture Entertainment, foi apresentado a Chow em 2002, quando eles começaram a discutir o financiamento de ‘Kung-Fusão’.


Desde 1998, a Sony Pictures, controlada pela Sony, vinha produzindo filmes para audiências locais no exterior -um mercado ainda pequeno, mas visto por muitos executivos como dotado de grande potencial para o futuro.


Wigan estava entusiasmado com o filme até que Chow, conhecido por improvisar cenas e diálogos, entregou a ele uma folha de papel com uma sinopse de duas frases e explicou que estava pronto para começar as filmagens. ‘Eu disse que ele teria de escrever um roteiro de verdade’, disse Wigan.


O diretor concordou. Foram necessárias quatro versões, mas mesmo assim Wigan teve que aceitar um arranjo incomum. Embora Chow tivesse em seu poder uma cópia do roteiro, nenhum dos atores era obrigado a memorizá-lo.


‘O que queríamos era ter uma estrutura clara e firme para o filme’, disse Wigan. Quando ela foi desenvolvida, acrescentou, ‘demos a Stephen liberdade para manipular o roteiro como quisesse’.


E a aposta deu certo. ‘Kung-Fusão’ foi grande sucesso na Ásia em 2004, arrecadando US$ 67 milhões na região e mais US$ 34 milhões em outros países, entre os quais os Estados Unidos.


Com a nova queda nas vendas de ingressos de cinema registrada em 2005 no mercado norte-americano e o debate cada vez mais intenso sobre a forma e data de lançamento de novos filmes, mais estúdios de Hollywood começam a prestar atenção ao florescente mercado para filmes em idiomas locais, como um segmento relativamente próspero em meio a um mercado fraco.


Sucesso brasileiro


No ano passado, a Walt Disney formou uma parceria para lançar seu primeiro filme falado em chinês, que sai este ano. Em janeiro, a Twentieth Century Fox, divisão da News Corp., conquistou um sucesso no Brasil com uma comédia em português sobre troca de identidades entre um homem e uma mulher, ‘Se Eu Fosse Você’.


A Sony, junto com a Warner Brothers, é líder no mercado de produções em idiomas locais, e está realizando filmes na Índia, Rússia e México em 2006.


Um dos motivos para que os estúdios procurem oportunidades no exterior é que as audiências crescem mais em outros países do que nos Estados Unidos.


Em 2005, as bilheterias mundiais de cinema arrecadaram US$ 23,24 bilhões, queda de 7,9% ante 2004, mas ainda assim 46% a mais do que o total de 2000, de acordo com a MPAA (Motion Picture Association of America), a organização setorial dos estúdios. Em contraste, as bilheterias norte-americanas, que representavam US$ 8,99 bilhões, ou 39%, do total mundial, registraram alta de apenas 17% com relação a 2000.


‘O modelo para a cultura popular vem de Hollywood, mas os interesses estão se tornando mais locais’, disse Tomas Jegeus, co-presidente da divisão de distribuição cinematográfica internacional da Twentieth Century Fox.


Inicialmente, os estúdios de Hollywood tentavam adquirir direitos de distribuição de filmes estrangeiros, a fim de ocupar suas vastas estruturas de distribuição, cuja manutenção é dispendiosa. Mas, a despeito do influxo de dinheiro e do crescente interesse, o mercado continua pequeno.


A maioria dos estúdios, na verdade, não financia projetos a não ser que eles tenham chance de recuperar custos nas bilheterias.


Considerem esse dado: no ano passado, 549 filmes foram lançados nos Estados Unidos, de acordo com a MPAA. Em contraste, o número de filmes em idioma local produzidos pelos grandes estúdios de Hollywood desde 2000 (sozinhos ou em parceria) atinge mal e mal um terço disso.


Os lucros também são mínimos. Faturar entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões com um filme cuja produção tenha custado US$ 1 milhão é ‘excelente’, disse Richard Fox, vice-presidente executivo da divisão internacional da Warner Brothers, divisão da Time Warner. O estúdio dele produziu ou co-produziu 30 filmes em idiomas locais, entre os quais ‘A Very Long Engagement’ (Um Noivado Muito Longo], rodado na França e lançado em 2004. ‘Comparar a maioria dos mercados ao dos Estados Unidos é uma distorção.’


Salas de cinema


Mas o que pode representar o maior obstáculo para os estúdios é aquilo sobre o qual eles têm menos controle: as salas de exibição. Muitos países, entre os quais Rússia, Brasil e Coréia do Sul, têm número limitado de salas de exibição, o que dificulta um lançamento à maneira norte-americana.


‘Se Eu Fosse Você’, da Fox, por exemplo, teve lançamento amplo no Brasil. Estreou em 200 salas e, até agora, arrecadou US$ 11,5 milhões nas bilheterias. Em contraste, um grande filme norte-americano estréia em até 3.700 salas e pode arrecadar US$ 65 milhões em seu primeiro final de semana de exibição no país.


Ainda assim, o que a maioria dos executivos espera poder encontrar é aquela rara pérola que atravessa fronteiras e se torna sucesso também nos EUA ou, melhor ainda, em todo o mundo.


‘O que faço ao conversar com cineastas é dizer que estou lá para aprender’, afirma Wigan, que é vice-presidente do conselho da Columbia TriStar, subsidiária da Sony Pictures. ‘Estou lá em grande parte para fazer perguntas’.


‘O Tigre e o Dragão’, dirigido pelo taiwanês Ang Lee em 2000, foi um desses raros sucessos para a Sony. Foi distribuído pela Sony Pictures Classics nos Estados Unidos e arrecadou US$ 128 milhões nas bilheterias norte-americanas. O filme arrecadou US$ 209 milhões no mundo.


A Sony produziu ou co-produziu 27 filmes em idiomas estrangeiros desde 1998, diz Wigan, dos quais 8 na China, 4 em Hong Kong e Taiwan, 14 no Reino Unido e Europa e 1 no México.


A empresa, como a Warner Brothers e a Fox, esteve ativa no Brasil em larga medida devido aos incentivos fiscais. Os incentivos referentes a impostos recolhidos sobre a distribuição de filmes no Brasil tornam vantajoso para os estúdios investir no país, ou teriam de se contentar em ter mais dinheiro retido.


Embora muitas empresas prevejam que a Índia será o próximo mercado quente, a maior parte dos estúdios tem a China na mira, no momento. Uma razão para o investimento nesse país é que o governo chinês restringe a importação de filmes estrangeiros a 20 por ano (a lista incluía ‘Harry Potter e o Cálice de Fogo’ e ‘Crônicas de Nárnia’ no ano passado).


Mas os analistas do setor dizem que, ao estimular a produção local de filmes na China, os estúdios podem procurar termos mais favoráveis ao negociar com as autoridades regulatórias chinesas, que controlam não apenas que filmes estrangeiros podem ser importados mas também os títulos que passam na televisão e chegam às lojas em DVD.


Tradução de Paulo Migliacci’




TELEVISÃO
Daniel Castro


Pobres sustentam ibope de novela da Record


‘No ar há quatro semanas, ‘Cidadão Brasileiro’, a novela que inaugurou a faixa das 20h da Record, deve sua audiência estável de dois dígitos aos mais pobres.


As classes C e DE têm peso bem maior na audiência de ‘Cidadão Brasileiro’ do que na do ‘Jornal Nacional’ e de ‘Belíssima’, que a Globo exibe no horário.


Em março, ‘Cidadão Brasileiro’ foi sintonizada em 15,5% do total de domicílios DE da Grande São Paulo. Na classe C, a novela teve penetração de 13,7%. Na classe AB, a mais rica, esse indicador (chamado de audiência populacional) cai para 9,4%.


Já o ‘Jornal Nacional’ e ‘Belíssima’ têm uma audiência populacional mais equilibrada. ‘Belíssima’, por exemplo, é vista em 20% dos domicílios AB, em 23% dos C e em 25% dos DE.


Na Grande São Paulo, segundo o Ibope, há 1,8 milhão de domicílios de classe AB, 2,3 milhões de C e 1,4 milhão de DE.


A novela da Record vem marcando médias de 13 pontos domiciliares em São Paulo e no Rio de Janeiro, audiência que surpreendeu a emissora (que não esperava tanto). Além das capitais do Sudeste, ‘Cidadão Brasileiro’ tem boa audiência no Nordeste (marca 19 pontos no Recife e 15 em Fortaleza). Mas vai mal no Sul (só quatro pontos em Porto Alegre).


Na Grande São Paulo, segundo a Record, a novela tem alcance (é vista no mínimo um minuto) de 6,3 milhões de pessoas.


OUTRO CANAL


E-greja 1 São fortes os rumores de que o missionário R.R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça (concorrente da Igreja Universal, pilar da Record), estaria se tornando sócio da Rede TV!. Mas tanto a emissora quanto o missionário negam.


E-greja 2 Luís Mauro Santos da Silva, assessor de R.R. Soares, admite apenas que negocia a compra de mais horários na Rede TV! (a igreja já ocupa uma hora). Especula-se que Soares ocupará parte das manhãs da Rede TV!. E que exigirá exclusividade no ‘segmento’ religioso (nenhuma outra igreja poderá entrar na emissora).


Trave A Globo acaba de descobrir que não poderá contar com o ex-jogador Dunga como comentarista na Copa do Mundo, no lugar de Walter Casagrande, de licença. Dunga já fechou com a Band. Durante a Copa, participará da mesa-redonda ‘Apito Final’ e comentará jogos do Brasil no canal BandSports.


Visto Sônia Braga foi excluída da lista de atores que embarcaram para a Holanda para gravar as primeiras cenas de ‘Páginas da Vida’. A emissora optou por gravar em estúdio as cenas de sua personagem ambientadas em Amsterdã _uma exposição de esculturas.


Crime O ‘Fantástico’ vai recuperar amanhã o ‘furo’ que tomou, meses atrás, de seu clone na Record, o ‘Domingo Espetacular’. Exibirá uma entrevista com a estudante Suzane Richthofen.’




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Folha de S. Paulo – 1


Folha de S. Paulo – 2


O Estado de S. Paulo – 1


O Estado de S. Paulo – 2


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