Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Forças ocultas e o poder dos compradores

A juíza, deputada e atual candidata ao governo do Estado do Rio, Denise Frossard, em entrevista a Jô Soares, no pico da crise do chamado ‘mensalão’, deixou uma pergunta no ar: quem está comprando o Brasil? A pergunta vinha ao encontro de algumas preocupações que me assaltavam desde que ouvi, numa das muitas matérias veiculadas então, uma rápida referência ao interesse de uma empresa estrangeira na compra da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Referência feita por Maurício Marinho para explicar o flagrante do qual, segundo a imprensa, participaram ex-agentes do famigerado SNI, de triste memória.

Quem está comprando o Brasil? Aguardei a resposta da própria de juíza que, pela prática no Judiciário, teria seus motivos para fazer a estranha pergunta. O humorista não pressionou pela resposta. E sem resposta a pergunta ficou no ar. Provavelmente cairia no meu total esquecimento não fosse matéria sobre a proposta de compra da Amazônia veiculada, há algumas semanas, pelo Jornal do SBT, que levou a imediata e dura resposta do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim – ‘a Amazônia não está à venda’. E, mais recentemente, reiterou a posição do governo brasileiro em texto assinado por ele, pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Rezende, publicado na Folha de S. Paulo.

Ora, se a matéria sobre a compra da Amazônia fosse mais uma daquelas ‘metáforas’, como a de Carlos Chagas sobre a ONG para salvar Plutão, não teria mobilizado as autoridades brasileiras. A seqüência do raciocínio é óbvia, apesar de parecer paranóica: realmente tem alguém querendo comprar o Brasil! Caso contrário, o que a juíza candidata do PPS pretendeu dizer com a pergunta que deixou no ar? Não pode ter sido se promover, ‘estrelar’ na imprensa como fazem tantos deputados. Os jornalistas sequer ouviram, ou se ouviram, não consideraram assunto a ser investigado, diante de tantos outros com bem maior poder de venda de jornais. Que, de tão ‘bons’, continuam vendendo até hoje.

Getúlio e Jânio

Especialmente hoje, em tempos de disputa eleitoral, não só continuam vendendo como surgem temas semelhante, tão mal explicados quanto, para ocupar as manchetes e tornar o debate eleitoral uma disputa de moleques para ver quem cospe mais longe!

A reboque das manchetes, a oposição não deixa por menos. Quer lavar toda a roupa suja. Menos a própria. Para quem assiste, fica clara a vontade do candidato-presidente em lavar mais do que roupa suja. Não creio que seja pelo cargo ou pela lisura no trato com seus opositores demonstrada durante toda a vida política. Teria ele a resposta? Poderia dizer de onde ou de quem vem a pressão para comprar o Brasil?

E aqui lembro de Getúlio Vargas e de Jânio Quadros. Lembro das ‘forças ocultas’. Suicídio ou renúncia? Até onde vai o poder de ‘persuasão’ dos compradores do Brasil?

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Jornalista, mestre em Administração, especialista em Produção Editorial, professora de Comunicação/Jornalismo da Unibahia, Lauro de Freitas, BA