A greve do sistema de transporte público de Nova York atrapalhou a vida dos trabalhadores e turistas e prejudicou a venda dos jornais. Por outro lado, a demanda por notícias sobre a paralisação impulsionou a cobertura dos sítios de notícias na internet e aumentou o tráfego online da maioria deles.
Os primeiros dias de greve geraram mais notícias e maior interesse do público, mas também impediram que alguns funcionários de jornais chegassem a tempo a seus locais de trabalho, o que prejudicou a produção. Já trabalhadores que costumam comprar e ler os jornais durante o trajeto de metrô ou ônibus não o fizeram. Para piorar a situação, uma restrição que impedia que veículos com menos de quatro passageiros circulassem em Manhattan durante a hora do rush afetou a distribuição das primeiras edições das publicações.
Impressão mais cedo
New York Times, Daily News e New York Post imprimem suas edições fora de Manhattan. ‘Nós mudamos a ordem de distribuição para permitir que os jornais cheguem em Manhattan antes das cinco da manhã’, afirmou a porta-voz do Times Catherine Mathis, referindo-se ao período de restrição de veículos com menos de quatro pessoas, das cinco às 11 horas da manhã. James Brill, vice-presidente sênior de circulação do Daily News, que imprime em Nova Jersey, contou que o horário de impressão teve que ser adiantado em uma hora.
O Post, que imprime no Bronx, não teve problemas de horário, mas, assim como seus concorrentes, teve as vendas prejudicadas. Como cerca de 90% de seus exemplares são vendidos nas ruas, as conseqüências são sérias. ‘Nós estamos definitivamente sendo machucados’, afirmou Paul Glaeser, diretor de circulação do Post. ‘Não há muita gente entrando na cidade. Os metrôs e ônibus são nosso pão com manteiga.’
O Wall Street Journal, que tem grande parte de seus exemplares entregues para assinantes, não chegou a ser prejudicado pela queda de venda em banca, mas também teve problemas com a distribuição. Foi preciso mandar os caminhões mais cedo para Manhattan para evitar as restrições no trânsito, afirma o porta-voz da Dow Jones, empresa proprietária do jornal, Bob Christie. Para os funcionários da redação, que fica em Manhattan, foi montado um esquema de vans que os pegam em pontos específicos da cidade. Christie contou ainda que o editor-executivo Paul Steiger tem dividido táxis com desconhecidos para chegar ao trabalho, e que o subeditor-executivo Marcus Brauchli tem ido de bicicleta do Brooklyn até a redação.
Rede abriga maior cobertura
Impacto positivo da paralisação, o aumento do tráfego online levou os sítios dos jornais a aumentarem a cobertura. O Daily News colocou um link em sua página que dá acesso direto ao sítio oficial da greve e deu destaque a seu colunista de tráfego, Gridlock Sam. O Post divulgou mapas e gráficos com planos de contingência. No sítio do Times, foi construído um mapa interativo de Nova York para mostrar histórias de leitores sobre como estão lidando com a greve. Fiona Spruill, subeditora do sítio, conta que os leitores já enviaram mais de 500 histórias. O NYTimes.com também tem disponibilizado depoimentos em áudio dos afetados pela greve.
Nos editoriais, os jornais nova-iorquinos criticam pesadamente os trabalhadores do sistema de transporte público, cujo sindicato protesta contra as empresas privadas de ônibus operadas pela Autoridade Metropolitana dos Transportes. O Post afirmou que o presidente do sindicato ‘apunhalou milhares de nova-iorquinos pelas costas’, enquanto o Daily Mail o desafiou a justificar a greve ‘negligente e ilegal’. O Times concluiu que o sindicato está tentando ‘manter a cidade refém’. Informações de Joe Strupp [Editor & Publisher, 21/12/05].