Em carta encaminhada ao diretor de redação da revista Veja, jornalista Eurípedes Alcântara, o diretor-presidente da Brasil Telecom Internet, jornalista Caio Túlio Costa, demonstra como são meramente retóricas as críticas que o colunista Diogo Mainard faz ao portal. Eis o texto:
Em respeito aos leitores de Veja, peço publicar o seguinte:
A Editora Abril é parceira do iG. A Editora Abril publica Veja. Veja emprega o colunista Diogo Mainardi. Veja está no iG. A coluna de Mainardi pode ser lida no iG. A se acreditar em Diogo Mainardi, então, ele próprio é petista. Quem sabe, tenha sido contratado pelo PT para falar mal do próprio Lula num diabólico papel de bobo da corte.
Mainard assaca contra o iG no seu espaço da Veja com data de capa de 6 de setembro. Comete injúrias, calúnias, difamações. Nada diferente do que tem feito para aparecer. Não há como deixá-lo sem resposta, em respeito aos leitores de Veja.
Sim, os jornalistas Paulo Henrique Amorim, Franklin Martins e Mino Carta estão no portal. Estão sim. Porque são bons, têm história, são sérios, independentes. Têm a mesma independência que Mainard tem na Veja. A diferença é que são responsáveis. Não ganham pelos seus contratos com o iG o tanto que Mainardi inventa que ganham, apesar de merecerem ganhar mais. José Dirceu também tem blog no iG. Tem sim, como centenas de outras pessoas têm blog na internet e nenhuma delas é remunerada, nem José Dirceu.
O iG é ecumênico. Não é uma rua de mão única nem faz patrulha ideológica, como faz Mainardi. Publica as revistas da Abril, notícias da Agência Estado, da Reuters, publica artigos dos amigos de Diogo Mainardi que escrevem no site No Mínimo, traduz jornais como The New York Times, reproduz o noticiário da BBC, contém colunas e sites de inúmeros colaboradores de diversos matizes, como todo usuário do iG conhece.
O iG é plural. Vai ampliar ainda mais seu conteúdo. Vai seguir em frente em respeito aos internautas que o usam e também ajudam a construir o seu conteúdo. Diogo Mainardi é bobinho. Não há como levá-lo a sério.
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Diogo Mainardi responde
Meu artigo [ver abaixo] diz que o iG começou a ser aparelhado pelo lulismo três meses atrás, depois que Caio Túlio Costa assumiu o portal. Quando ele foi contratado pelos fundos de pensão, a Veja, o Observatório da Imprensa, o NoMínimo, o New York Times e a BBC já disponibilizavam seu conteúdo no iG. As contratações que Caio Túlio Costa fez foram outras: José Dirceu, Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim, Tão Gomes Pinto, Mino Carta e Carta Capital. Se o iG é plural, o mérito não é de Caio Túlio Costa. Pelo contrário: sua função foi torná-lo menos plural, premiando os cupinchas do governo. (D.M.)
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A voz do PT
Diogo Mainardi # copyright Veja nº 1972, de 6/9/2006
José Dirceu tem um blog. Quer saber quanto o iG gasta com ele? Eu também quero. Quer saber de quem é o dinheiro do iG? É seu, tonto! De quem mais poderia ser?
O iG pertence à Brasil Telecom. E a Brasil Telecom está na esfera dos fundos de pensão estatais. Eu já contei aqui na coluna como o lulismo tomou a Brasil Telecom de Daniel Dantas. Houve de tudo: financiamento ilegal de campanha, espionagem, chantagem, achaque e propina. Eu já contei também qual foi o papel de Lula na trama. Chega de me repetir. Quem quiser saber mais sobre o assunto, consulte o arquivo de VEJA. O que importa agora é como o iG está gastando seu dinheiro. E para onde ele está indo.
Luiz Gushiken é o ideólogo da propaganda lulista. Quando os fundos de pensão passaram a influir no iG, o portal se transformou na voz do PT. Caio Túlio Costa, aquele que Paulo Francis apelidou de ‘lagartixa pré-histórica’, foi nomeado presidente do grupo em maio deste ano. De lá para cá, além de José Dirceu, foram contratados como comentaristas Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim e Mino Carta. Todos eles na fase descendente de suas carreiras. Todos eles afinados com o DIP de Luiz Gushiken. Mais do que isso: Paulo Henrique Amorim e Mino Carta se engajaram pessoalmente na batalha comercial do lulismo contra Daniel Dantas. Quer saber quanto o iG paga a Franklin Martins? Entre 40 000 e 60.000 reais. Quer saber quanto ele paga pelo programa de Paulo Henrique Amorim? 80.000 reais.
O iG pode parecer pouca coisa. Mas é o terceiro maior portal do Brasil. Agora está pronto para difundir a propaganda do governo. O PT acaba de elaborar um documento em que pede uma ‘mudança nas leis para assegurar mais equilíbrio na cobertura da mídia eletrônica’. Muita gente está alarmada com o documento. O temor é que, num segundo mandato, os lulistas atropelem as leis para tentar aumentar seu controle sobre a imprensa. O fato é que isso já aconteceu pelo menos uma vez neste mandato, quando a turma de Luiz Gushiken tomou de assalto o iG. O documento do PT fala em oferecer ‘incentivos econômicos para jornais e revistas independentes’. Independente, para o PT, é José Dirceu. É Franklin Martins. É Paulo Henrique Amorim. É Mino Carta. É o assessor de imprensa de Delcídio Amaral, que tem um blog político no iG. Só falta o Luis Nassif. Essa é a turma que, segundo o PT, precisa de incentivos econômicos do Estado. Carta Capital sempre atacou Daniel Dantas. Acaba de ser recompensada por um acordo com o iG. De quanto? Eu quero saber.
Lula cantarolou a seguinte marchinha, como relatam os repórteres Eduardo Scolese e Leonencio Nossa no livro Viagens com o Presidente:
‘Ei, José Dirceu,
devolve o dinheiro aí,
o dinheiro não é seu’
Lula conhece muito bem José Dirceu. Se diz que o dinheiro não é dele, é porque não é mesmo. Devolve o dinheiro aí, José Dirceu.
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Jornalista