O tema da coluna de domingo [18/11/07] do ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, foi campanha política. No mês passado, duas organizações respeitadas nos EUA – a Project for Excellence in Journalism e o Joan Shorenstein Center on the Press, Politics and Public Policy, da Universidade de Harvard – divulgaram estudo sobre a cobertura midiática da campanha para as eleições presidenciais de 2008. Pelo resultado da pesquisa, o público quer saber mais sobre o histórico dos candidatos, seus perfis e suas plataformas eleitorais, além de querer ter acesso a informações sobre os candidatos menos conhecidos. No entanto, o que a mídia vem oferecendo são notícias sobre a campanha em si e as estratégias políticas usadas pelos concorrentes.
Embora ainda falte quase dois meses para as eleições primárias de Iowa, um dos primeiros estados que dão início à disputa presidencial, o estudo revela que as empresas de comunicação – incluindo jornais, TVs e sítios de internet – já definiram os cinco candidatos à presidência (dos oito pré-candidatos democratas e oito republicanos). Para a mídia, do lado democrata, ficam na disputa Hillary Clinton e Barack Obama; do lado republicano, Rudolph Giuliani, Mitt Roney e John McCain. Ao analisar a cobertura do NYTimes, Hoyt concluiu que o diário realiza um bom trabalho em relação ao assunto, embora realmente dê mais destaque a estes cinco candidatos.
O estudo revelou ainda que a cobertura dos jornais impressos pende para o lado liberal, com mais matérias sobre os democratas do que sobre os republicanos: quase metade das matérias de capa sobre as eleições estava relacionada a candidatos democratas, enquanto menos de 1/3 foi destinada a republicanos. Já o NYTimes deu exatamente o mesmo espaço para ambos os partidos, em análise feita por Hoyt.
A importância da rede
O ombudsman ainda levanta uma questão importante sobre as eleições de 2008: o quanto a cobertura migrou para a internet, com diversas empresas de comunicação, incluindo o NYTimes, divulgando informações e análises que não estão nas edições impressas. O sítio do NYTimes, por exemplo, já ofereceu comparações entre os candidatos, vídeos de seus anúncios e mapas interativos que mostram as campanhas e a arrecadação de dinheiro.
Além disso, o jornalão lançou o blog The Caucus, com mais de 15 posts por dia e mais de 20 repórteres em tempo integral. Na semana passada, estreou o Open Caucus, com 10 eleitores escrevendo comentários sobre os candidatos até as eleições. Segundo a Editor & Publisher, 17,5 milhões de pessoas visitaram o sítio do NYTimes no mês passado e gastaram mais de meia hora lendo seu conteúdo. O rival mais próximo foi o sítio do USA Today, com 9,5 milhões de visitantes, com uma média de 16 minutos de leitura.