Atualmente, a veiculação de conteúdo referente ao meio ambiente está em extinção. O futuro do jornalismo ambiental depende de novos comunicadores? O comunicador, responsável pela formação de opinião, parece estar desatento à sustentabilidade, que é um dos grandes desafios deste século. Arduamente se pautam os problemas ambientais com profundidade e clareza nos diversos canais midiáticos. No intuito de gerar discussão temporária, a mídia promove conteúdo com abordagens levianas e melindrosas, as chamadas “ecocatástrofes”, que apresentam um contexto genérico do assunto e com um tratamento sensacionalista dos fatos. Os meios de comunicação ainda não se estruturaram de forma a pensar questões de base que objetivem ações transformadoras, como comunicar valores e atitudes que desenvolvam no ser humano reflexões que possibilitem a faculdade crítica e autocrítica das suas atitudes para com o meio ambiente.
Ainda com o avanço das modernas tecnologias da comunicação, que democratizam o acesso em rede, a principal demanda que impossibilita a cobertura jornalística do meio ambiente é encontrar profissionais especializados na área e que estejam comprometidos com um suporte que visa mudar o comportamento social. Tal problema se dá pelo descuido dos gestores de comunicação, que não veem o importante papel que a comunicação tem a desempenhar no jornalismo ambiental, em especial no processo de conscientização e de mobilização para o desenvolvimento humano.
É possível afirmar que os jornalistas, principalmente aqueles que trabalham nas redações do impresso, não possuem sequer instruções para atuar em pautas ambientais. Dessa forma, o comunicador não consegue compreender a relação entre a crise ambiental e o seu meio profissional. Ele precisa ficar atento aos temas, problemáticas existentes e buscar soluções para questões ambientais. A atual sociedade exige um profissional cada vez mais qualificado para atuar com pautas nessa área, não somente como um formador de opinião, mas também como educador.
A qualidade do conteúdo
A informação aprofundada com caráter educativo influencia diretamente na formação cidadã, deixando preocupação e cautela às questões ambientais, incentivando a procura de alternativas que visem melhorias na qualidade de vida e exercendo um posto formidável na formação de opinião e educação dos indivíduos. Mas, para que isso aconteça, é necessário que os veículos passem a cumprir, de forma ética, ações direcionadas a questão ambiental. Os empresários devem estimular a especialização de seus comunicadores na área ambiental e disponibilizar espaços significantes em seus canais para o conteúdo.
Mais que escrever, divulgar e informar, este deve contextualizar amplamente a atuação do homem dentro da natureza, apresentando problemáticas existentes e futuras, causas e consequências de desastres ambientais, sugerindo soluções e estimulando ações preventivas. A comunicação para o meio ambiente deve ser compreendida de forma ampla, a abranger não somente o caráter ambiental, como também os aspectos socioculturais, políticos e econômicos, pois deve englobar, impreterivelmente, todas as ações humanas, objetivando a defesa de condições ideais para que os cidadãos tenham qualidade de vida. Por sua vez, tem a atribuição de educar o seu público, disseminando a formação da cidadania ambiental e mobilizando a reflexão sobre os quatro conceitos da sustentabilidade que é agir ecologicamente correto, ter gestão economicamente equilibrada, uma sociedade socialmente justa e culturalmente diversificada.
Uma frase conhecida diz que “a destruição da natureza inicia no espírito dos homens”. Sendo assim, os comunicadores terão de mudar o seu próprio modo de vida durante o processo de aprendizado do jornalismo ambiental. Isto porque aprimorar a qualidade do conteúdo veiculado nessa área também passa pela educação dos comunicadores.
Antes de qualquer propagação de informação ambiental é necessário que as empresas de comunicação, e principalmente os comunicadores, reflitam e redefinam sua atuação frente à sociedade atual que objetiva ser melhor informada. Comunique para a sustentabilidade.
***
Jean Carlos da Silva Monteiro é jornalista