De acordo com relatório publicado pela Editor & Publisher sobre violência contra jornalistas em países da América Latina – como Brasil, Colômbia, México, Peru e Venezuela –, ainda há muitas restrições à liberdade de expressão. No Brasil, por exemplo, no dia 8/9, o prédio da Central Marília de Notícias (CMN) sofreu um incêndio criminoso e teve cerca de 80% de suas instalações destruídas. O jornal Diário de Marília e as rádios Diário FM e Dirceu AM tiveram seus equipamentos danificados. De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), sediado em Nova York, o editor-chefe do Diário de Marília, José Ursílio, recusou-se a especular quem estaria por trás do ataque, que foi filmado pelas câmeras de segurança. Quatro homens e uma mulher renderam o vigia e jogaram gasolina no segundo e terceiro andares do prédio. O jornal foi distribuído no dia seguinte com metade de sua circulação normal.
Em uma cerimônia oficial no dia 30/8, o governador do estado do Tocantins, Marcelo Miranda, interpelou o irmão de Sandra Miranda de Oliveira Silva, proprietária e editora do jornal Primeira Página, que publicou matérias sobre corrupção na administração do governador, para ameaçar a jornalista: ‘Não permitirei mais a publicação de informações que constituam ataque à minha família. Se as medidas judiciais não tiverem o efeito desejado, tomarei outras disposições’, teria dito o governador. Sandra contou aos Repórteres Sem Fronteiras que pessoas não identificadas atearam fogo a sua casa em maio deste ano.
Na Colômbia, um relatório feito em conjunto por cinco organizações em defesa da liberdade de imprensa – Comitê para Proteção de Jornalistas, Repórteres Sem Fronteiras, Fundação para a Liberdade de Imprensa de Bogotá (FLIP), Instituto Prensa y Sociedad de Lima (IPYS) e a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) – concluiu que os dois anos de ataques à liberdade de imprensa na província Valle del Cauca diminuiu o direito dos cidadãos de serem informados. A autocensura virou norma entre os jornalistas locais – dois deles foram assassinados em 2004. Apesar de a província ser um local de tráfico de drogas, o assunto é tabu na mídia local.
No México, o presidente Vicente Fox contou a uma delegação da CPJ, em setembro, que irá pedir ao procurador da república que escolha um promotor para investigar os crimes contra a liberdade de expressão. Quatro jornalistas mexicanos foram mortos em direta represália pelo seu trabalho nos últimos cinco anos, de acordo com a CPJ, que também investiga se os assassinatos de outros cinco jornalistas estão relacionados ao seu trabalho. Fox também prometeu considerar a criação de um grupo de especialistas para analisar como as autoridades federais podem se envolver mais no combate a crimes contra a imprensa.
No Peru, um taxista preso por ter ligações com o assassinato do radialista Alberto Rivera Fernandez, em abril de 2004, contou ao jornal de Lima El Comercio, em setembro, que o assassinato foi encomendado pelo prefeito de Pucallpa, Luis Valdez Villacorta. Em uma entrevista na televisão na véspera do assassinato, o jornalista disse que se ele fosse atacado, a pessoa responsável seria o prefeito.
Na Venezuela, dois jovens, de 14 e 16 anos de idade, foram presos por ter ligação com o assassinato de Edgar Rengifo, diretor do jornal Diário Sol de Maturín, em agosto, de acordo com o jornal El Tiempo. Informações de Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 23/9/05].