Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornalistas perseguidos por denunciar fraude

A imprensa egípcia sofreu, ao longo desta semana, ataques relacionados à denúncia de fraude nas eleições parlamentares do ano passado e aos protestos em prol da independência judicial – onde juizes não precisariam mais reportar ao Ministério da Justiça.


Três jornalistas foram acusados criminalmente na quarta-feira (24/5). Os repórteres Wael al-Ibrashi e Hoda Abu Bakr, do semanário independente Sawt al-Umma, e Abdel Hakim Abdel Hamid, editor-chefe do semanário Afaq Arabiya, afiliado à Irmandade Muçulmana, escreveram artigos em dezembro de 2005 afirmando que houve fraudes nas eleições parlamentares do ano passado. Os textos também citavam as iniciais de juízes supostamente envolvidos nas fraudes. Os jornalistas foram acusados por insulto e difamação de Mahmud Burham, juiz responsável pela comissão eleitoral na província de Dakhaliya. Todos eles podem ser condenados a até três anos de prisão.


O advogado Gamal Tag el-Din, ligado ao movimento islamista, também foi acusado criminalmente, pois a lista com o nome dos juízes teria sido fornecida à imprensa pelo sindicato ao qual faz parte e que representa a Irmandade Muçulmana.


Manifestações


As manifestações durante a semana foram organizadas para demonstrar apoio aos juízes Mahmoud Mekky e Hesham Bastawisi, levados ao comitê disciplinar no mês passado depois de terem confirmado que as eleições foram fraudulentas. Mekky foi inocentado, mas Bastawisi foi condenado no dia 18/5. Os juízes são líderes do Clube dos Magistrados, grupo que tem feito campanhas pela independência judicial.


Policiais e seguranças à paisana atacaram diversos jornalistas que participavam de manifestações em apoio à independência judicial em frente ao Sindicato de Imprensa do Egito, no Cairo, na quinta-feira (25/5). Cinco repórteres ainda permanecem presos depois de terem sido detidos em protestos, iniciados em abril, contra as fraudes nas eleições. ‘Estes últimos incidentes são uma evidência da total falta de respeito das autoridades com os jornalistas. O governo deve acabar com estas ameaças e ataques brutais’, declarou a diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper.


Ataques


Dina Samak e Dina Gameel, correspondentes da BBC, e Jihan Shouban, repórter do Sawt al-Umma, seguiam para cobrir um protesto silencioso de juízes em frente à Suprema Corte quando foram perseguidos e parados por um táxi. Os repórteres foram atacados por cerca de 25 pessoas, que quebraram o vidro da janela do carro em que estavam e ameaçaram agredi-los. Os três informaram que estavam acompanhados pelo jornalista Kareem al-Sha´er, que foi levado pelo grupo e está desaparecido.


Saher al-Gad, do al-Geel, e Ibrahim Sahari, do al-Alam al-Youm, estavam no protesto no primeiro dia do inquérito dos dois juízes e estão presos desde o dia 27/4. Eles são acusados de ‘perturbar a ordem pública’. Os jornalistas Nada al-Kassas, do semanário al-Mawkif al-Arabi, Alaa Abdel Aziz, do Afaq Arabiya, e Rasha Azab, jornalista online, tiveram suas detenções estendidas em 15 dias. Todos estão sob custódia desde dia 11/5. Informações do Comitê para a Proteção dos Jornalistas [25/5/06] e da AFP [24/5/06].