Jean-Marie Colombani, que por 13 anos foi uma das principais figuras à frente do Le Monde, levou um verdadeiro golpe da equipe do jornal francês. Único candidato ao posto de presidente do conselho administrativo, para um novo mandato de seis anos, ele não recebeu o apoio que precisava dos jornalistas, na terça-feira (22/5).
No dia anterior, acionistas e executivos haviam votado a favor da reeleição de Colombani, mas a equipe editorial ainda tinha poder de veto. Ele precisava de pelo menos 60% dos votos para continuar no cargo, mas obteve apenas 46,68% de aprovação dos repórteres e editores.
Monarca absoluto
Segundo nota de Kim Willsher no Guardian [23/5/07], a votação contrária a Colombani seria, mais do que um sinal de crise de confiança no jornal, um protesto contra seu estilo de administração. Críticos internos o acusam de dirigir o Monde sozinho e ‘como um monarca absoluto’. Os jornalistas também não concordavam com sua estratégia de levar a empresa cada vez mais próxima ao vermelho ao adquirir novas publicações para tentar criar um império de mídia, enquanto a marca ‘Le Monde’ perdia dinheiro e leitores.
Para tentar cobrir os prejuízos, Colombani recorreu a investimentos estrangeiros, o que também desagradou os jornalistas, que detêm ações do jornal e temiam perder sua influência nas decisões administrativas e independência editorial.
Colombani, que em editoriais recentes apoiou a candidata socialista à presidência Ségolène Royal, trabalhou como jornalista no Monde desde 1977 até começar a presidir o conselho, em 1994. Um comitê de representantes dos acionistas e da equipe editorial irá se reunir na sexta-feira (25/5) para tentar encontrar um novo candidato ao posto.