Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ Portal Revista Imprensa
Sexta-feira, 19 de junho de 2009
DIPLOMA DESNECESSÁRIO
Eduardo Neco
‘A necessidade do diploma era um interesse corporativista’, diz Juca Kfouri
‘O jornalista esportivo Juca Kfouri declarou ao Portal IMPRENSA que não é a favor da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão e que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) foi acertada.
O principal argumento de Kfouri é o fato dos ‘grandes nomes do jornalismo não terem o diploma’. ‘Essa é a minha opinião: curta e grossa’, completou. No entanto, ele salienta que é a favor da formação em jornalismo para agregar qualidade ao que é produzido.
Para ele, a lei que determinava formação específica para atuar como jornalista ‘foi herdada da ditadura militar’. Sublinhou também que ‘a necessidade do diploma era um interesse corporativista que não fazia mais sentido’.’
Ana Luiza Moulatlet
Para Eugênio Bucci, mais importante que o diploma é ‘a manutenção e o cultivo da liberdade de imprensa’
‘Eugênio Bucci, jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última quarta-feira (17) decidiu pela revogação da exigência do diploma para o exercício do jornalismo.
‘A primeira coisa que eu digo é que a decisão dos STF é uma coisa julgada, não é nem próprio avaliar se é correta ou não, não cabe a mim julgá-la’, afirmou Bucci. Em entrevista ao Portal IMPRENSA, ele disse que já havia manifestado, antes da decisão do Supremo, sua impressão de que o diploma já cumpriu um papel que classificaria como ‘civilizatório’ no Brasil.
‘Embora a exigência seja uma excentricidade brasileira, já que outros países não a tem, ela ajudou a elevar os padrões da profissão no país. No entanto, nos tempos atuais, a manutenção do diploma deixou de ser prioritária para o atendimento das necessidades do cidadão relativas à informação’.
Questionado sobre o que seria prioritário, Bucci citou como exemplo a observância, a manutenção e o cultivo da liberdade de imprensa. ‘Seria prioritário no Brasil a independência das redações e a preservação de um ponto de vista livre do poder; a capacidade de informar os cidadãos e fiscalizar o poder econômico’, declarou.
Sobre o posicionamento dos veículos de comunicação, o jornalista acredita – apesar de afirmar que não pode falar em nome das empresas – que a tendência é ‘as redações contratarem os melhores. Não acredito que seja o caso de contratarem os mais baratos. A qualidade da informação tornou-se uma exigência do público, e aqueles que têm uma formação sólida terão vantagem nessa disputa’, concluiu.’
Thaís Naldoni
O exercício do Jornalismo virou uma terra sem lei’, diz Ricardo Kotscho
‘A necessidade de que seja aprofundada a discussão sobre algumas regras que dêem algum norte ao trabalho dos jornalistas é a principal observação feita por Ricardo Kotscho sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do Jornalismo, decidido na última quarta-feira (17), pelo Superior Tribunal Federal (STF).
Segundo ele, a tomada de uma decisão definitiva já é um fator positivo, em razão do tempo em que tal discussão se arrasta. ‘Acho ótimo que, finalmente, a Justiça tenha tomado uma decisão, ao que parece definitiva’, disse. ‘Já não aguentava mais ficar discutindo esta questão do diploma nos congressos, seminários, debates de que participo faz décadas’.
No entanto, o jornalista lembra da importância de que sejam, rapidamente, estudadas algumas regras, que serviriam para nortear os trabalhos os profissionais da área. ‘Com o fim da lei de Imprensa, que todos queriam, e da regulamentação da profissão, sem colocar nada no lugar, o exercício do jornalismo agora virou uma terra sem lei. Acho que esta discussão deveria prosseguir para que alguma regra do jogo seja estabelecida, em defesa das empresas e dos profissionais sérios e, principalmente, dos cidadãos, do conjunto da sociedade’, finalizou.’
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Sexta-feira, 19 de junho de 2009
DIPLOMA DESNECESSÁRIO
Cinthia Almeida
Em palestra, Caio Túlio Costa diz ser a favor da queda do diploma desde os anos 80
‘Caio Túlio Costa declarou ser a favor do fim da exigência do diploma para exercer a profissão de jornalismo. ‘A decisão do Supremo Tribunal Federal veio coroar um trabalho que começou na década de 80’. Naquele período, Caio Túlio trabalhava na Folha de S. Paulo e já fazia manifestação para a queda do diploma. A afirmação foi feita em palestra nesta quinta-feira (18/06) promovida pela Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom).
Jornalista formado pela ECA-USP, Caio Túlio acredita que, a partir de agora, a formação possa melhorar e ser mais completa. ‘Para ser jornalista, basta ter moral e vocação. O curso universitário precisa apenas ensinar técnicas’.
Ele chamou a atenção para a dificuldade que a nova geração de jornalistas têm para interpretar textos. ‘As novas mídias, como celular, e-mail e Twitter, entre outros, tornarão a informação cada vez mais livre. Isso causará uma transformação na linguagem. O mundo está cada vez mais visual’, aposta.
Caio Túlio reforçou a importância de lidar com todas as formas de disseminação da informação para atender as necessidades de empresas cada vez mais globalizadas e se manter no mercado, que está cada vez mais exigente por qualidade final.’
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Folha de S. Paulo
Sexta-feira, 19 de junho de 2009
MÍDIA & RELAÇÕES EXTERIORES
Fernando Gabeira
Pra lá de Teerã
‘RIO DE JANEIRO – Até agora, não consigo explicar a posição de Lula sobre o Irã. Por que se precipitar e dizer que as manifestações eram brigas de vascaínos contra flamenguistas? Naquele momento, os principais líderes mundiais sinalizaram preocupação e cautela. As apurações iranianas, que levam uma semana para serem tabuladas, foram resolvidas em horas. Em Tabriz, terra de Mousavi, Ahmadinejad ganhou longe, o que não costuma acontecer.
Esses dados já estavam disponíveis. Depois da declaração, vieram outros mais embaraçosos: em mais de 30 cidades, o número de eleitores superou o de inscritos. Em Taft, o número de eleitores, segundo a oposição, elevou-se a 141 por cento: fantasmas.
Não era necessário manifestar simpatia pela oposição. Simplesmente cautela. Tanto o presidente como o Itamaraty não receberam bem as críticas sobre a visita de Ahmadinejad. Aproveitaram para dizer que a visita estava de pé. E para mostrar independência em relação à imprensa ocidental. Se ela diz uma coisa, pode ser que esteja acontecendo outra.
O Brasil quer se mostrar pragmático, disposto a tudo por um bom negócio. Mesmo bons negociantes a quem se pede, a todo instante, o sacrifício de princípios precisam saber se calar.
Não havia grandes mudanças em gestação. No Irã, às vezes, o resultado das urnas pode ser sufocado pela revolução. Mas alinhar-se aos setores mais conservadores, considerar uma luta, que depois resultaria em mortes, como um simples choque de torcidas, é qualquer coisa pra lá de Teerã.
Os iranianos que fazem seu movimento também pela internet sabem que nem todos no Brasil se alinham, nesse caso, à posição de Lula. Muitos relógios estão sintonizados com a hora de Teerã: +3:30 GMT.’
DIPLOMA DESNECESSÁRIO
Painel do Leitor
Jornalismo
‘‘Na prática, a não exigência de diploma para exercer a função de jornalista é como se tivessem cassado os diplomas de todos os profissionais já formados. A profissão será invadida por milhões de falsos jornalistas. Um enorme absurdo.
A escola é um caminho democrático para as pessoas se desenvolverem democraticamente. O jornalismo vai virar terra de ninguém, e a democracia sofre um duro golpe. Não vamos deixar isso passar em branco.’
JAIME PEREIRA DA SILVA (São Paulo, SP)
‘Infeliz a decisão do STF de acabar com a exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Infeliz pois afronta o texto constitucional (‘é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer’).
Infeliz pelos argumentos: agora jornalista é igual a cozinheiro, segundo o ministro Gilmar Mendes. E, segundo o ministro Cezar Peluso, o diploma só é necessário em profissões que exigem o domínio de ‘verdades científicas’.
Todo aluno de primeiro ano do curso de direito sabe que essa é uma ciência onde não há ‘verdades científicas’. Nesse sentido, segundo o entendimento do ministro Peluso, para ser juiz, promotor, advogado etc. não é mais preciso frequentar um curso de direito.
Infeliz pois essa definição deveria ficar a cargo do Legislativo, e não do Judiciário, que, mais uma vez, se intrometeu em um assunto que não lhe diz respeito.’
CARLO JOSÉ NAPOLITANO, advogado e professor universitário (Bauru, SP)
‘Parabéns à Folha, uma das pioneiras na luta contra a obrigatoriedade da exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão. O decreto-lei de 1969, criado pela ditadura, tinha como um dos principais objetivos o controle da informação, e não a liberdade de expressão.’
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO (São Paulo, SP)’
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
‘Ooh Lula!’
‘Do inglês ‘Telegraph’ ao sul-africano ‘Independent’, do italiano ‘La Reppublica’ ao chileno ‘La Nación’, a foto correu mundo, sob enunciados como ‘Ooh Lula!’ e, nos textos, ‘Lula surge inteiramente vestido em foto ao lado de modelo do Rio prestes a dar um beijo na testa do chefe de Estado’.
No site francês de fofocas Gala, abrindo a foto, ‘On ne parle que de ça!’, não se fala de outra coisa. Em parte, a cobertura externa segue despacho da France Presse, que ouviu até um porta-voz do Palácio do Planalto, dizendo ‘foi uma surpresa’.
Surpresa não foi. Três semanas atrás, o ‘Meia Hora’, jornal popularesco do Rio, entrevistou com exclusividade e deu a manchete ‘Lula esnoba a popozuda’. Perguntado sobre a foto a ser publicada na ‘Playboy’, se ‘Dona Marisa tem ciúme?’, o presidente respondeu que não, argumentando que ‘ela sabe como as pessoas me tratam’. Elogiou o funk e comparou às ‘marchinhas de antigamente’.
O portal Abril postou para download diversas fotos da edição, que chamou de ‘polêmica’.
BRASIL À VENDA
Na manchete da Reuters Brasil e de outros, ao longo do dia, Guido ‘Mantega vê alta do PIB de 4% em 2010’. Diz que neste ano ele ‘será positivo, mas fraco’, e fala em ‘novas medidas’. Ontem também, porém, o Banco Central já falou em reduzir o corte de juros.
O BNDES seguiu Mantega. Também na Reuters, Luciano Coutinho ‘vê retomada de investimentos’, estimulados pelo consumo das famílias. E à Bloomberg ele falou da venda de ações do banco, no ‘mercado vibrante’ que espera para o segundo semestre.
Ao fundo, o site do ‘Wall Street Journal’ deu o enunciado ‘Visanet do Brasil pronta para realizar o maior IPO do mundo’, no ano, passando um chinês.
ATRAENTE
O Pimco, tido como maior administrador de recursos do mundo, já espera um recuo dos emergentes, depois de três meses de alta no mercado financeiro, ‘mas títulos governamentais e corporativos do Brasil continuam atraentes’, segundo um de seus executivos, em entrevista à TV Reuters. Os outros Brics também seguem, supostamente, em sua carteira.
A MELHOR
De modo geral, sites de Wall Street seguem derramando elogios ao Brasil. FundStrategy e iStockAnalyst, em longas análises, lançaram previsão de que a recessão no Brasil ‘será breve’ -e até que o país é ‘A melhor economia das Américas’. Chega-se a questionar a ‘miopia’ dos aplicadores que perderam ‘uma das maiores histórias de lucro do mundo: o Brasil’.
OS ESPANTALHOS
A ‘Economist’ dá foto de Lula e dos outros três líderes Brics, sob o enunciado ‘Not just straw men’, algo como ‘Não só espantalhos’, argumentando que vão além da retórica que marcou a cúpula na Rússia. Em suma, a reportagem, especialmente longa, avisa que ‘as maiores economias emergentes estão se recuperando, mesmo sem a recuperação do Ocidente’.
Em editorial sobre as eleições na Argentina, ‘Uma oportunidade de mudar de rumo’, a revista lembra que o país até os anos 60 era ‘o mais importante e próspero na América Latina’, mas ‘agora seu vizinho Brasil está entre os líderes do mundo, enquanto ela fica para trás’. Defende que volte à ‘esquerda moderada’.
MENSAGEM
No editorial ‘Cúpula dos emergentes’, o espanhol ‘El País’ escreveu ontem que ‘não se deve ignorar sua principal mensagem: a arquitetura institucional de 1945 não corresponde à realidade internacional atual’.
De Moscou, a correspondente Pilar Bonet descreveu a reunião como busca de ‘uma alternativa ao domínio econômico dos EUA’.
DÍVIDA
Em longa análise intitulada apenas ‘Os Brics’, Nouriel Roubini escreveu na ‘Forbes’ sobre as ‘Perspectivas para Brasil, Rússia, Índia e China’. Quanto à cúpula, opinou que ainda foi ‘mais política que econômica’.
Mas alertou que, ‘apesar do apoio verbal dos Brics aos títulos americanos, os EUA podem ter que pagar mais’ para rolar sua dívida.
TWITTER 1, CNN 0
A ‘Economist’, na capa, louva o levante iraniano e prevê duas saídas, repressão ou concessão de Teerã. Sobre a cobertura, elogia a resistência do Twitter e questiona o recuo da CNN, que é o canal global de notícias e deixou escapar o início do movimento.’
TELEVISÃO
Daniel Castro
Disney encerra Jetix e lança canal exclusivo para meninos
‘A The Walt Disney Company lança na América Latina no próximo dia 3 o Disney XD (de ‘extreme’), canal assumidamente voltado para meninos de 8 a 12 anos, com séries e animações que envolvem esportes radicais, música, games e web.
Já no ar nos EUA, o Disney XD substituirá o Jetix, canal que já foi um dos mais vistos no Brasil, mas que perdeu muita audiência entre o público infanto-juvenil nos últimos tempos. Estará nos pacotes básicos.
A Disney chama o Disney XD de ‘multiplataforma de entretenimento’. ‘A gente vai gradualmente explorar a conexão entre a tela da TV e o universo on-line’, diz Cecília Mendonça, diretora de produção dos canais Disney para América Latina. ‘Aaron Stone’, uma das principais séries de sua programação, terá no site do canal versão do game que o protagonista, um rapaz que joga videogame, disputa na ficção.
Segundo Cecília, o ponto forte serão live actions, seriados com atores reais, produto que desbancou o desenho animado. Além de ‘Aaron Stone’, esse segmento será representado por ‘Zeke e Luther’, de esportes radicais. ‘O Disney XD é para meninos de 6 a 14 anos, principalmente os de 8 a 12, mas sem excluir as meninas. É um público que espera por novidades’, diz Cecília.
ALMA GÊMEA
A Globo desistiu de reprisar ‘Belíssima’ na sessão ‘Vale a Pena Ver de Novo’, após ‘Senhora do Destino’. O próximo título da faixa será ‘Alma Gêmea’ (2005), de Walcyr Carrasco, novela das seis de maior sucesso nos anos 2000.
TESOURA 1
A mudança da Globo tem a ver com portaria do Ministério da Justiça, baixada anteontem, que obriga as emissoras a mostrarem ao governo, junto com pedido de reclassificação, todos os capítulos reeditados de novelas que foram originalmente classificadas como inadequadas para menores de 10 anos.
TESOURA 2
A medida do Ministério da Justiça praticamente inviabiliza a reprise de novelas das oito no ‘Vale a Pena’. Na semana passada, o governo ameaçou impedir ‘Senhora do Destino’ antes das 20h.
FENÔMENO 1
O ‘Pânico na TV’ finalmente conseguiu entrevistar o jogador Ronaldo. O ‘furo’ foi de Sabrina Sato, que o convenceu via MSN. Ronaldo pediu para conhecer o vigia Marcos da Silva Heredia, o Zina, que apareceu no ‘Pânico’ falando ‘Ronáldo’, gesto repetido à exaustão.
FENÔMENO 2
‘Você mudou a minha vida. Nunca ouvi tanto as crianças falarem meu nome’, disse Ronaldo a Heredia, logo após Corinthians x Internacional, anteontem. Vai ao ar domingo.
CRÍTICA
Um telespectador do SBT se passou por famosos e postou críticas a ‘Vende-se um Véu de Noiva’ no blog da novela. ‘Caramba, meu, já vi coisas ruins, mas essa novela bateu o recorde’, escreveu um falso Fausto Silva. ‘Quando estava escrevendo, cheguei a dormir’, postou uma Íris Abravanel fake.’
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O Estado de S. Paulo
Sexta-feira, 19 de junho de 2009
DIPLOMA DESNECESSÁRIO
Mariângela Gallucci
STF decide se cobra diploma de seus jornalistas
‘A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que acabou com a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista ocorreu às vésperas de a corte lançar o edital de um concurso para contratar 14 profissionais da área.
Por esse motivo, a comissão de concursos do tribunal analisa se será cobrado dos candidatos o curso de jornalismo. Antes da decisão, ter concluído a faculdade era um pré-requisito para os aspirantes às vagas.
A ideia era divulgar o edital até o fim deste mês. Mas, com o resultado do julgamento de quarta-feira, a publicação poderá demorar um pouco mais. Por enquanto, há apenas uma certeza: os 14 candidatos às vagas de analista na Secretaria de Comunicação do STF deverão ter concluído uma faculdade, porque os cargos são de analista – o que exige nível superior.
Os 14 selecionados terão de assistir às sessões de julgamento do Supremo e redigir textos que serão divulgados na página da corte na internet (www.stf.jus.br). Caberá a eles, ainda, atender os jornalistas dos veículos de comunicação.
DECRETO-LEI
No julgamento de quarta-feira, o Supremo decidiu por 8 votos a 1 que jornalista não precisa ter diploma para exercer a profissão. A obrigatoriedade do diploma tinha sido imposta por um decreto-lei de 1969.
O presidente do STF, Gilmar Mendes, declarou que o jornalismo é uma profissão diferenciada, que tem vinculação com o exercício amplo das liberdades de expressão e de informação. Segundo ele, exigir o diploma de quem exerce esse trabalho é contra a Constituição, que garante essas liberdades.
Ontem, Mendes lembrou que há pessoas já exercendo a profissão sem nenhum curso superior. ‘Isso, em princípio, não está impedido’, disse. ‘O controle que existe é controle inicial da própria empresa, depois o controle social, da qualidade daquilo que é divulgado.’’
Moacir Assunção
ANJ: Redações terão maioria com diploma
‘A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert) afirmaram, por meio de seus representantes, que as empresas continuarão contratando profissionais formados em faculdades de jornalismo, apesar da decisão de anteontem do Supremo Tribunal Federal (STF), contrária à obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão.
O diretor executivo da ANJ, Ricardo Pedreira, defendeu a tese de que a decisão do STF não significou uma vitória contra a qualificação, mas a favor da liberdade de expressão. ‘A lei anterior, que já não estava em vigência por força da liminar de 2006, reservava somente a portadores do diploma a possibilidade de atuar como repórteres e agora, ao menos em tese, qualquer cidadão poderá ser jornalista’, disse. Ele fez questão de frisar, entretanto, que as empresas continuarão buscando seus profissionais em boas faculdades de jornalismo.
Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Abert, apresentou argumento semelhante. ‘A realidade atual não vai mudar ou vai mudar muito pouco. Somos contra o diploma como pré-requisito para exercer a profissão e consideramos que abrir o jornalismo a outros profissionais arejará as redações e será bom para o público’, afirmou. Naturalmente, de acordo com ele, a maior parte dos profissionais dos departamentos de jornalismo das TVs e rádios continuará sendo de jornalistas formados.
CRÍTICAS
O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murilo de Andrade, demonstrou indignação pelo resultado, de 8 a 1, contra o diploma. ‘O STF agiu de forma irresponsável. Com a decisão, tornou menor o jornalismo e o jornalista brasileiros, jogando no lixo uma luta de 40 anos em prol da qualificação profissional’, criticou.
Também contrário ao fim do diploma, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, afirmou que a decisão do STF representou um retrocesso para a profissão. ‘A formação superior qualifica o ofício. Um jornalista precisa de fundamentos técnicos e éticos que são obtidos nas universidades’, comentou ele.
Um dos principais responsáveis pela extinção da Lei de Imprensa, tema que era discutido pelo STF junto com o diploma de jornalista, o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) defendeu que seja feito um projeto a ser apresentado ao Congresso que vise a resolver a questão. ‘O diploma para o jornalista melhora a profissão, assim como melhorou a de advogado. Não vejo colisão entre o exercício da função e a liberdade de imprensa.’ O parlamentar está lendo os votos dos ministros para evitar inconstitucionalidade no projeto e vai discutir a questão com ABI e Fenaj.
Um encontro entre o presidente da Fenaj e os sindicatos de jornalistas, hoje em São Paulo, deve definir ações para contestar a decisão. Andrade não descarta ressuscitar a ideia da criação de um Conselho Federal de Jornalismo, proposta que foi apresentada pela Fenaj e muito combatida.
FRASES
Ricardo Pedreira Diretor executivo da ANJ
‘A lei anterior reservava somente a portadores do diploma a possibilidade de atuar como repórteres e agora, ao menos em tese, qualquer cidadão poderá ser jornalista’
Daniel Pimentel Slaviero Presidente da Abert
‘A realidade atual não vai mudar.A presença de outros profissionais arejará as redações’’
TELEVISÃO
Cristina Padiglione
Abril tira do ar seus canais de TV
‘O Grupo Abril informou ontem, por meio de comunicado, que ‘decidiu suspender a partir de 30 de junho as atividades dos Canais Abril, dos quais fazem parte o Ideal e o FIZ’, ambos em funcionamento há dois anos. A medida exclui a MTV Brasil, do qual a Abril é sócia. Segundo a empresa, ‘a decisão foi motivada pela dificuldade em romper uma barreira praticamente intransponível que existe no Brasil para a distribuição de canais pagos’.
‘A Abril acredita que somente por meio de uma competição saudável, com foco no consumidor, é que se pode promover e estimular o surgimento e o fortalecimento de novos núcleos nacionais de produção audiovisual’, continua a nota. O Estado tentou saber se a ‘barreira’ a que a empresa se refere seria a fracassada tentativa de inserir os dois canais nos pacotes oferecidos pelas operadoras Net e Sky. A reportagem foi informada, no entanto, que o grupo não se pronunciaria além do que foi feito pela nota oficial. FIZ e Ideal são distribuídos pela TVA, Telefônica e pequenas operadoras regionais.
Desde que FIZ e Ideal entraram em operação, a Abril negocia sua entrada na Net, ligada às Organizações Globo, e na Sky, em vão. Juntas, Net e Sky abocanham 73% dos assinantes do País. Desde o ano passado, a MTV Brasil deixou a Sky no Brasil todo (exceto na Grande São Paulo), após uma queda de braço motivada por divergências relativas ao custo que a operadora cobrava do canal.
O fim das atividades do FIZ e do Ideal devem gerar ajustes (de custo ou exposição) no pacote comercial lançado pela Abril no início do mês para a Copa de 2010. Intitulado Abril na Copa de 2010, o plano promete a veiculação de logotipos e anúncios em 14 títulos da Editora Abril, mais vinhetas patrocinadas na programação dos canais de TV do grupo. Cada cota do plano vale R$ 28 milhões (preço de tabela).’
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