Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

LabPop busca a fórmula do sucesso

O mercado das revistas de música ganhou um novo título no início do mês de junho: o LabPop (ou Laboratório Pop). Com a proposta de apostar no novo, o título tenta disputar espaço com uma série de outras publicações independentes, como Zero, Dynamite, Rock Press e Comando Rock, só para citar algumas. Na verdade, o projeto tomou forma em janeiro, com o lançamento de um site (www.labpop.com.br), abastecido diariamente com notícias e análises. Contrariando o que normalmente ocorre no mercado editorial, a página na internet veio primeiro para que depois fosse lançada a revista em papel.

O LabPop nasceu da associação do jornalista Mario Marques, com passagem marcante pelo Segundo Caderno do Globo, e Jomardo Jomas, organizador do festival musical Mada, que ocorre anualmente em Natal. A primeira edição da revista traz como algumas de suas chamadas de capa entrevistas com Bianca Jhordão, vocalista da banda Leela, Lulu Santos e a banda The Walkman, de Nova York.

Nessa entrevista, Dirley Fernandes, um dos subeditores da revista, fala desse período pós-lançamento. ‘Tivemos de todos os lados uma recepção muito calorosa’, diz. Segundo ele, o diferencial do LabPop está no conteúdo, graças às pessoas que estão escrevendo: ‘Nada nos deixa tão orgulhosos quanto o time de colaboradores que conseguimos reunir’.

A circulação do LabPop será nacional, mas dentro de um esquema que já é comum às publicações independentes. De início, chega aos primeiros centros, para depois ser redistribuída em outras localidades. ‘Aí, o problema é de fortalecimento do mercado. Estamos fazendo a nossa parte’, diz Dirley, jornalista que já escreveu para diversas publicações, entre as quais Extra, O Dia, O Globo, Seleções e Cliquemusic. A seguir, a íntegra de sua entrevista.

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Qual o balanço dessas primeiras semanas de circulação da revista LabPop?

Dirley Fernandes – Positivo, sem dúvida. A proposta de valorizar e apostar no que é novo não é das mais fáceis de ser assimilada. No entanto, tivemos de todos os lados – jornalistas, pessoas do mercado fonográfico etc… – uma recepção muito calorosa. Isso indica uma perspectiva bem interessante para a continuidade do projeto. Quanto às bancas, ainda é cedo para saber, mas temos indicações de uma resposta bem razoável, dentro das nossas expectativas. Tudo acontece com mais lentidão, especialmente porque estamos abrigados sob uma estrutura de editora independente, com marketing, comercial e jornalismo tocados por uma equipe reduzida.

Existe algum modelo editorial, tanto nacional como internacional, no qual a equipe se inspirou para fazer a revista?

D.F. – Na parte gráfica, nos inspiramos na elegância de revistas como a ‘Q’, mas buscamos um formato original. Ainda temos alguns ajustes a fazer, mas ficamos bastante satisfeitos com o trabalho do nosso editor de arte, Christiano Menezes. Quanto à parte editorial, a forma é relativamente simples. Buscamos o diferencial no conteúdo. Aí, o que define a cara da revista são as diferentes experiências e conhecimentos de caras como Mario Marques, Antonio Carlos Miguel, Mauro Santa Cecília, Bruno Gouveia, Luiz Henrique Romanholli etc. Nada nos deixa tão orgulhosos quanto o time de colaboradores que conseguimos reunir. E tudo em torno da confiança na proposta da revista. Estamos em contatos com jornalistas de São Paulo e em Minas. Acho que vamos estar com um elenco ainda mais completo a partir da próxima edição.

O LabPop nasceu primeiro como site. Agora, com a publicação nas ruas, qual será a função da homepage na internet?

D.F. – O site perdeu um pouco de agilidade nesse período de lançamento da revista. Mas já estamos retomando a função dele, que é de ser um diário do que acontece no mundo da música pop e do mercado fonográfico. O site e a revista, nesse sentido, se complementam, não disputam espaço entre si. O interessante é que o site nasceu como uma prévia da revista, mas a demanda dos leitores levou a esse caminho de atualização diária, mais para o lado do hard news. Agora, vai ter que ser por aí, e para isso que estamos nos estruturando. Uma parte da equipe está trabalhando diretamente nas mudanças do site, que deve, até o fim do ano, contar com um banco de dados com biografias e discografias do pop nacional. E já implantamos a venda de música digital, em parceria com o imusica, e de CDs e DVDs, com a Som Livre.

Uma das propostas da revista é ‘revelar o novo e ser uma alternativa pop entre o mainstream e o independente’, segundo palavras de Mario Marques, o editor-chefe da revista. Uma vez que as rádios e as gravadoras não estão cumprindo esse papel, a imprensa teria condições de assumir essa responsabilidade?

D.F. – A imprensa tem parte dessa responsabilidade, sim. E o LabPop nasceu com essa profissão de fé. É esse nosso espaço de atuação por definição. Temos muito orgulho de termos saído com a Bianca Jhordão, um nome da cena independente, na nossa primeira capa. Mas é preciso frisar que revelar o novo, dar espaço ao que é alternativo, é algo que todo mundo que está envolvido com a música e com o mercado musical deve ter como obrigação pessoal. Por isso, é importante a luta pela lei anti-jabá, porque o rádio ainda pode ser o grande espaço de divulgação da produção musical brasileira, como sempre foi. E o que tem acontecido com a pasteurização e a troca descarada de espaço por dinheiro nas rádios brasileiras é um crime de lesa-cultura, o que dá no mesmo que dizer lesa-pátria.

Existe uma grande dificuldade para que revistas independentes cheguem às bancas de todo o país de forma simultânea. Como vocês do LabPop estão enfrentando esse problema?

D.F. – Chegamos no dia 5 de julho às bancas dos principais mercados e de várias capitais nordestinas, e obviamente será feita a redistribuição para atingirmos o máximo de cidades. Mas nenhuma revista de média tiragem tem condições de atingir o país todo ao mesmo tempo. Aí, o problema é de fortalecimento do mercado. Estamos fazendo a nossa parte.

Como está sendo a receptividade da revista junto ao mercado publicitário?

D.F. – Estamos em processo de contato inicial, conversando com agências, apresentando-a às pessoas do meio. Esse trabalho é demorado. Achamos que até o fim do ano teremos uma boa relação com as agências.

Pela experiência com essa primeira edição, você acha que existe preconceito das áreas de mídia das agências de propaganda em programar anúncios em revistas independentes. Se títulos como LabPop ou mesmo a Zero tivessem o selo (e a estrutura) de uma Editora Abril, seria mais fácil?

D.F. – Claro que numa editora grande tudo seria mais fácil. Mas nós falamos de música pop, segmento que é do interesse de um mercado consumidor muito grande. Não queremos que a revista seja exclusividade de um gueto. Queremos transformá-la numa referência para o mercado de música. Se atingirmos esse objetivo, temos certeza que o mercado vai responder de forma positiva.

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Colaborador dos sítios LabPop, Ruídos e Papo de Bola; blog pessoal: (http://onzenet.blogspot.com)