Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Larry King perde a linha, e CNN esconde comentários

O apresentador de TV Larry King e o comediante Bill Maher parecem ter esquecido que estavam no ar ao vivo durante entrevista na semana passada. Na conversa, um dia após as eleições intermediárias americanas, os dois falavam sobre os fatores que contribuíram para a vitória democrata no Congresso. O entrevistado Maher citou, entre estes fatores, escândalos envolvendo diversos republicanos, entre eles o deputado Mark Foley – caso que já havia sido divulgado pela imprensa nos EUA. Não satisfeito, o comediante começou a fazer especulações sobre a orientação sexual de importantes membros do Partido Republicano. King, por sua vez, pediu por nomes.


Os comentários foram exibidos ao vivo, mas a CNN os cortou na reprise do programa. Além disso, a transcrição apresentada no sítio da emissora omite trechos do diálogo, com uma nota alertando que ‘parte desta transcrição foi removida’.


Um videoclipe, também divulgado no sítio da CNN, termina logo antes de King perguntar a Maher sua opinião sobre o escândalo envolvendo Mark Foley. A blogosfera conseguiu exibir a entrevista original: o vídeo foi postado por John Aravosis, autor do Americablog, no YouTube – sendo retirado depois que a CNN reclamou de violação de direitos autorais.


Responsabilidade


Em uma declaração por e-mail, uma porta-voz do Larry King Live explicou que, mesmo que a emissora não seja inicialmente responsável pelos comentários de Maher, poderia ser considerada responsável caso os divulgasse novamente sem apurar sua veracidade. ‘Quando alguém diz algo potencialmente difamatório ao vivo, nós geralmente não somos responsáveis por isso. Entretanto, se continuamos a retransmitir esta fala, sem nenhuma apuração nossa ou nenhum comentário do objeto da acusação, poderíamos ser responsabilizados legalmente pelo que o convidado falou’.


Segundo artigo de Maria Aspan [The New York Times, 13/11/06], há um único ponto mal-explicado na história toda: logo após o escândalo com o seio da cantora Janet Jackson no Super Bowl, em 2004, programas de TV americanos que são transmitidos ao vivo passaram a ser submetidos a um pequeno atraso na transmissão, o que permite que se corte eventuais surpresas desagradáveis. A CNN, diz Maria, usa este tipo de atraso no programa de King. Procurada pelo Times, a emissora não respondeu.