Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Lula, mais uma vez, critica a imprensa

Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


 


AZIA
Simone Iglesias, Letícia Sander e Fernanda Odilla


Lula ataca imprensa e diz que ‘povo não é marionete’


‘Diante de uma plateia de cerca de 4.000 dos 5.564 prefeitos do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a imprensa ao rejeitar o tom eleitoral do encontro organizado pelo governo federal, mas fez promessas típicas de campanha, sobretudo ao dizer que pode cortar de tudo no governo, ‘até o batom’ da ministra Dilma Rousseff, menos obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).


Lula foi aplaudido no evento, mas o ‘pacote de bondades’ anunciado frustrou parte dos presentes. ‘Os prefeitos queriam medidas que aumentassem a arrecadação e dessem maior flexibilidade para enfrentar a crise. Mas o governo quer empurrar programas que podem desequilibrar ainda mais as contas’, afirmou, ao final, Paulo Ziulkoski, presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios).


As seis medidas desse ‘pacote de bondades’, nem todas inéditas, foram associadas na véspera pela imprensa à possível candidatura da ministra Dilma à Presidência em 2010, o que irritou Lula. ‘Fiquei triste como leitor porque estão abusando de minha inteligência. Tem gente que pensa que o povo é marionete, é vaca de presépio. Disseram que este ato eu ia fazer o pacote da bondade e que o presidente vai dar dinheiro para prefeito bandido. Como é fácil julgar as pessoas. Não deram nem sequer a oportunidade para vocês [prefeitos] mostrarem que não são os ladrões que escrevem que vocês são.’


Lula prosseguiu: ‘Não é possível que a gente possa se calar diante de tamanha ofensa. Disseram que é um ato para promover dona Dilma Rousseff. São pessoas pequenas. Eu, graças a Deus na minha vida, nunca tive favor de ser eleito porque a imprensa me ajudou’.


Apesar de negar o tom eleitoral no discurso de 50 minutos, Lula fez referências positivas à ministra e atacou indiretamente o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) pelo índice de analfabetismo em São Paulo.


Em uma série de autoelogios, o presidente afirmou que ‘nunca antes na história deste país’ os prefeitos tiveram tantas políticas sociais e obras públicas viabilizadas pela União. A frase foi a introdução para falar do PAC, carro-chefe da pré-campanha de Dilma. Apesar da ênfase dada por Lula ao principal programa do seu segundo mandato, o PAC gastou até agora só 40% de seu orçamento original.


Entre os seis atos assinados por Lula está a medida provisória que possibilita o parcelamento de débitos com o INSS em 20 anos, solução adotada quatro vezes nos últimos 12 anos e que ainda não resolveu o problema -a dívida só cresce.


Os prefeitos, porém, esperavam mais, ao se deslocarem até Brasília para ouvir Lula. ‘Para mim o governo só reassume o compromisso de que os programas vão chegar. O PAC na minha região, o Jequitinhonha, ainda não é realidade’, disse o prefeito de Francisco Badaró (MG), José Oliveira (PDT), lembrando-se de que já recusou o programa Caminho da Escola. ‘Esse não é de agora.’


Um dos principais argumentos do Planalto para realizar o evento foi o de que ele seria uma forma de ‘apresentar’ os diferentes programas do Executivo aos recém-empossados. Cerca de 40% dos prefeitos foram reeleitos em 2008.


No discurso, Lula reclamou da burocracia na relação entre União e municípios e citou as enchentes em Santa Catarina como exemplo da dificuldade de repassar recursos, mesmo em meio a catástrofes.


O evento, organizado pelo governo, se sobrepõe à tradicional marcha dos prefeitos, que ocorria todos os anos. Ontem, no palco, o clima foi de elogios ao Planalto, exceto no discurso de Ziulkoski. ‘Não dá mais para que Brasília tome a decisão e os prefeitos tenham que assumir. Vamos fazer enfrentamento contra o INSS para que pare de abocanhar a parte dos municípios’, disse. Ele foi aplaudido de pé pelos prefeitos.’


 


 


GRAMPO
Paulo Cobos


Filho de Sarney diz desconhecer gravações


‘O empresário Fernando Sarney, investigado pela Polícia Federal na Operação Boi Barrica, disse ontem à Folha, em Londres, que gravações feitas pela Polícia Federal com acusações contra ele e divulgadas nos últimos dias não aparecem no inquérito a que teve acesso.


‘Isso que vazou para a imprensa não aparecia nas fitas do inquérito’, disse o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


Fernando também reclamou das dificuldades para ter conhecimento do inquérito da PF para se defender. ‘Agora tive acesso, mas ele é tão grande que ainda não conseguimos entender tudo’, disse ele, o principal executivo das empresas de comunicação da família Sarney no Maranhão.


Mesmo dizendo desconhecer as gravações divulgadas no final de semana, o filho de Sarney afirmou que em nenhum momento tratou de assuntos envolvendo a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ou discutindo o uso de duas empresas de comunicação da família, a TV Mirante (afiliada da Rede Globo) e o jornal ‘O Estado do Maranhão’, para veicular denúncias contra rivais na política maranhense que integram o grupo do atual governador, Jackson Lago (PDT).


‘Em nenhum momento falei sobre Abin. Tudo era uma conversa entre pai e filho. Não houve nada para prejudicar ninguém’, afirmou Fernando.


‘Isso foi feito contra o meu pai e acabou me atingindo.’ Ele disse estranhar que as fitas só tenham aparecido às vésperas da eleição para a presidência do Senado. Fernando evitou falar em perseguição política à sua família, mas afirmou que isso não teve resultado, pois seu pai foi eleito.


Vazamento


O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que a PF não vazou o suposto grampo telefônico de uma conversa entre Sarney e seu filho. ‘Eu não sei se o presidente Sarney foi grampeado. O que posso dizer é o seguinte: enquanto os processos estão sob a jurisdição e o controle da PF, nem sei se essa gravação existe. De lá não sai e de lá não saiu, se é que essa gravação existe’, disse, após audiência com Sarney no Senado.


Fernando está em Londres desde domingo para chefiar a delegação da seleção brasileira que ontem enfrentou a Itália. Antes do jogo, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não divulgou nenhum compromisso oficial envolvendo o empresário, que está hospedado no mesmo hotel dos jogadores.


O Hilton Park Lane tem diárias nos quartos mais simples em torno de R$ 800.


Colaborou Sucursal de Brasília’


 


 


ELEIÇÕES
Folha de S. Paulo


Governo propõe mudar tempo na TV


‘A proposta de reforma política do Executivo, apresentada ontem no Congresso, muda a distribuição do tempo de TV na propaganda eleitoral: em vez da soma dos tempos dos partidos coligados, valerá só o maior tempo de um dos partidos. Além disso, ela prevê a lista fechada para eleições proporcionais, financiamento público de campanha e inelegibilidade dos fichas-sujas.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Obama já fracassou?


‘O ‘Financial Times’ adiantou à tarde na submanchete a coluna de Martin Wolf, ‘Por que o plano de Obama vai fracassar’ no resgate aos bancos. Ao abrir o texto, ele foi além: ‘A presidência de Obama já fracassou?’ (leia à pág. B3). Paul Krugman foi menos apocalíptico em seu blog no ‘New York Times’, focando a crítica no fato de que ‘não se consegue entender’ o plano e elogiando ‘o que não é’ -ele não prevê compra em massa de títulos podres dos bancos. A ‘Economist’ também foi por aí, questionando a falta de ‘detalhes’, mas já lamentando que o plano recusa ‘nacionalização’, que ‘talvez seja a melhor opção, se os maiores bancos já estiverem insolventes’.


DETALHES ESCASSOS


O ‘NYT’ chegou a dar na manchete que o secretário do Tesouro ‘detalha novo plano de resgate dos bancos’, mas logo trocou o verbo para ‘oferece’. No ‘Wall Street Journal’, o enunciado foi ‘Detalhes escassos no plano’. Até o liberal Huffington Post linkou o ‘WSJ’, para a manchete. Todos ressaltaram que Wall Street ‘caiu fortemente’.


Em tom ligeiramente mais otimista, até para se contrapor à coluna de Wolf, o ‘FT’ deu na manchete o montante do pacote, ‘Limpeza bancária de US$ 2 trilhões’.


JUROS JÁ


Valor Online e a Bloomberg, entre outros, ressaltaram que também a Bovespa caiu, em resposta ao plano financeiro de Obama, ‘mas defendeu os 41 mil pontos’.


Na mesma Bloomberg, na Reuters Brasil, na Agência Brasil, o foco sobre a economia brasileira está ainda nos juros altos. O Itaú, sob pressão para cortar spread, espalhou ontem a previsão de que o Banco Central vai acelerar os cortes no mês que vem, em reação ao ‘crescimento frágil’. Em outra direção, o governador de São Paulo, José Serra, e o presidente do Ipea, Márcio Pochman, se uniram à pressão para antecipar a reunião do Copom.


MATARAM


O ‘Dayton Daily News’, jornal da cidade natal da freira Dorothy Stang, assassinada no Brasil em 2005, anunciou que a HBO decidiu fazer em Dayton, Ohio, a ‘première’ de seu documentário ‘They Killed Sister Dorothy’, Eles Mataram Irmã Dorothy, premiado no festival de Austin.


E MATAM


Ao noticiar o novo relatório do Comitê para Proteção dos Jornalistas, AP e outras destacaram a frase de Carl Bernstein, do caso Watergate, dando a violência para ‘incitar medo’ como a maior ameaça à liberdade de imprensa, hoje. Os primeiros países citados são Brasil e Colômbia.


A SÉRIE


Segundo o Radar On-line, na segunda-feira a série policial ‘A Lei e o Crime’, da Record, com Ângelo Paes Leme e Caio Junqueira, alcançou média de 24 pontos no Rio contra 16 da Globo, esta com o filme hollywoodiano ‘Plano de Vôo’, com Jodie Foster’


 


 


RADIODIFUSÃO
Andreza Matais


Governo quer punição menor para donos de rádios piratas


‘O governo encaminhou para o Congresso no final de janeiro projeto que descriminaliza as rádios piratas ao acabar com a pena de prisão para quem for flagrado operando sem autorização. A punição passa a ser administrativa.


O texto mantém a punição para quem operar sem autorização, mas as penas passam a ser administrativas, com multa e apreensão de equipamentos, além da suspensão do pedido de licença. A prisão está mantida nos casos em que se identificar riscos a serviços de emergência e ao setor aéreo.


A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) disse que o projeto incentiva as rádios piratas e que vai trabalhar pela sua rejeição. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) afirmou que não iria comentar o teor do projeto. O Ministério das Comunicações não retornou.


Segundo Pedro Abramovay, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, o texto atende à reivindicação da Polícia Federal. A PF tem mais de mil inquéritos abertos para investigar esse tipo de denúncia. A Anatel informou que em 2008 foram interrompidas as frequências de 1.252 rádios. Em 2007, foram 1.343. A Abert estima que em todo país há 15 mil emissoras piratas.


Para evitar a discussão do texto na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, composta em sua maioria por deputados ligados ao setor, o governo só enviou o projeto ao Congresso depois de aprovado pelo colegiado outro texto que anistia rádios comunitárias processadas por descumprir a lei.


Com isso, o projeto do governo pode ser apensado ao já aprovado e seguir diretamente para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na qual será analisada a constitucionalidade da medida.


O texto foi encaminhado pelos ministros Tarso Genro (Justiça) e Hélio Costa (Comunicações), para quem ‘o direito penal deve ser utilizado apenas como mecanismo de intervenção no caso de violação dos direitos fundamentais’.


A Justiça disse que a votação do projeto é prioridade na pasta neste ano porque ‘um líder comunitário que monta uma rádio irregular não é bandido, não pode ir para a cadeia’.


Para o presidente da Abert, Daniel Slaviero, a prisão é um fator inibidor. ‘O projeto pode servir como estímulo a transgressão. Vemos com grande preocupação discriminalizar uma atividade que causa tantos danos às telecomunicações.’


Ele disse que a Abert defende as rádios comunitárias, aquelas que operaram dentro das regras que impedem a comercialização dos espaços e limitam a frequência a 25 KW.’


 


 


ENTRETENIMENTO
Folha de S. Paulo


Ticketmaster e Live Nation fazem fusão


‘A Live Nation, a maior produtora de shows dos EUA, e a Ticketmaster, a principal empresa de venda de ingressos, anunciaram uma fusão avaliada em US$ 2,5 bilhões. O negócio, no entanto, depende da aprovação das autoridades reguladoras norte-americanas e europeias e, caso fechado, só deverá ser concluído no segundo semestre deste ano.’


 


 


TELES
Folha de S. Paulo


Lucro da Brasil Telecom cai 41,7%


‘A Brasil Telecom anunciou ontem que seu lucro líquido caiu 41,7% no quarto trimestre do ano passado na comparação com o mesmo período de 2007, de R$ 197,7 milhões para R$ 115,3 milhões.


No acumulado de 2008, a empresa lucrou R$ 782,2 milhões, o que representa alta de 16,2% na comparação com 2007. Já as receitas subiram 2,2% no ano.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Caem as queixas contra TV paga na Anatel


‘Cobranças indevidas e abusivas são a principal queixa de assinantes de TV paga registradas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).


Os problemas com faturas representaram 32% das reclamações feitas por consumidores à agência federal em 2007 e 2008, mostra ranking inédito obtido pela Folha. A segunda maior causa de reclamações, o atendimento das operadoras, aparece bem atrás: representou ‘só’ 13,5% em 2008. Banda larga é a terceira maior causa: 12,5% no ano passado. Programação é a sétima (4,4%).


Ao longo de 2008, a Anatel recebeu 50.363 reclamações contra TV paga. O número é 5,5% maior do que as 47.743 de 2007, mas é relativamente menor, porque o número de assinantes cresceu mais. Em novembro do ano passado, o Brasil tinha 6,249 milhões de domicílios com TV por assinatura, contra 5,349 milhões em dezembro de 2007, de acordo com a Anatel. O crescimento em 11 meses foi de 17%. Em 2007, as reclamações representavam 1,1% dos assinantes. Em 2009, foram 0,8%.


A Anatel começou a registrar reclamações contra TV paga em 2006, quando implantou um plano de metas e qualidade. As queixas servem de parâmetro para fiscalizações e regulamentações. Os usuários só procuram a Anatel (pelo telefone 133) após tentarem solução com as operadoras. A agência diz resolver 97% delas.


DESVIO


A TV Cultura tirou do ar o ‘Opinião Nacional’. Informa que o programa foi extinto porque ‘tinha custo elevado e não atraía patrocinadores suficientes’. A justificativa afronta a missão de uma TV pública, que é a de oferecer programação de qualidade, não comercial.


ÁFRICA


O fim do ‘Opinião’ faz parte do pacote de economia da emissora. Mas seu apresentador, Alexandre Machado, foi mantido. Ao todo, foram demitidos 31 profissionais na segunda (quatro deles eram do ‘Opinião’). Paulo Markun, presidente da Cultura, está de férias.


CASAMENTO


O SBT começou ontem a desenvolver um programa em que filhos tentam arrumar casamentos para mães separadas.


NATURAL


O bronzeado que Ana Maria Braga vem ostentando veio do sol do Caribe, onde ela passou férias, e gerou queixas na Globo, porque chama muita atenção no vídeo e não combina com a iluminação da TV.


RODADA 1


A Globosat iniciou negociações com a Record pelos direitos do Pan de 2011 na TV paga. A Record, que pagou US$ 12 milhões pelo evento (fora impostos), deve pedir cerca de US$ 8 milhões, uma superquantia.


RODADA 2


A Globosat já fechou a compra da Record da Olimpíada de 2012 por mais de US$ 20 milhões. O valor gerou protestos de executivos da Globo, que julgaram a negociação precipitada (se demorasse mais, a Record teria de vender por menos).’


 


 


Fernanda Ezabella


Bresson divaga sobre vida e fotografia


‘‘Luz é como perfume para mim.’ Cheio de boas frases e divagações serenas sobre a vida, o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004) estrela um documentário que o Eurochannel exibe amanhã. Com mais de uma hora, no entanto, o filme perde o foco ao fazer longos parênteses para falar de outros três artistas pouco conhecidos, mas com algum tipo de relação com Bresson.


Deixamos, então, de ouvir o francês descrevendo seu modo de fazer um retrato ou comentando as próprias fotos para ver o trabalho social de outro fotógrafo, com jovens de uma penitenciária da Geórgia. Ainda assim, vale aguentar ver os jovens descobrindo a máquina fotográfica, na espera pela volta dos comentários de Bresson. O fotógrafo explica, por exemplo, como fez a famosa foto de um homem saltando sobre um espelho d’água. Ele diz que não viu o homem pulando, já que colocara a máquina numa espécie de tábua. ‘Sorte é o que sempre conta. Você só precisa estar disponível’, diz, após reiterar que o importante também é o olhar. ‘Mas as pessoas não olham; 75% das pessoas apenas apertam o botão.’ E como se aprende a olhar?, pergunta o entrevistador.


‘Oras, mas aprendemos a fazer sexo?’, responde, rindo. ‘Ops, corta, corta!’


HENRI CARTIER-BRESSON


Quando: amanhã, às 22h


Onde: Eurochannel


Classificação: não indicado para menores de 14 anos’


 


 


Bruno Romani


Cupom de subsídio à TV digital vira moeda ilegal nos EUA


‘Nanna Candelaria não tem TV a cabo. Fabricado nos anos 90, seu televisor não parece nem mesmo pertencer a uma frase que contenha a palavra ‘digital’. Ela vive em um dos 6,5 milhões de lares norte-americanos que, segundo o instituto de pesquisas Nielsen, não estão preparados para o fim das transmissões analógicas televisivas nos EUA -que aconteceria na próxima semana, mas foi adiado para junho.


Candelaria se cadastrou para receber do governo um cupom de US$ 40 para subsidiar a compra do conversor que permite que televisões antigas recebam o sinal digital. A ajuda, porém, nunca chegou.


Com o esgotamento do orçamento de US$ 1,3 bilhão destinados ao subsídio dos aparelhos, a lista de espera pelos cupons aumenta -e cresce o mercado negro dos cartões. Candelaria acredita que o seu tenha sido roubado da sua caixa de correios para venda ilegal.


Classificados


Anúncios de cupons aparecem em sites como Craigslit e eBay. A Folha encontrou dois anúncios do tipo, ambos no Craiglist. Em um deles, o vendedor dizia que precisava do dinheiro ‘desesperadamente’, pois teria perdido seu emprego.


Até o fechamento desta edição, a NTIA (sigla em inglês para Administração de Telecomunicações e Informação Nacional), agência do governo que cuida dos cupons, não havia se manifestado sobre o assunto.’


 


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


Criminosos sexuais são motivo de polêmica entre redes sociais


‘O MySpace retirou do site, em dois anos, o perfil de 90 mil criminosos sexuais cadastrados na rede social.


A revelação foi feita na semana passada e ganhou os sites especializados -mas na forma de guerra entre redes sociais.


‘O Facebook é um paraíso seguro’ para os criminosos sexuais, disse John Cardillo, presidente-executivo da Sentinel, uma empresa de segurança na tecnologia.


A declaração foi feita para o blog TechCrunch. A Sentinel é responsável pelo software usado pelo MySpace para detectar os criminosos. O MySpace, uma das duas maiores redes sociais do mundo, é um dos grandes clientes da empresa.


O Facebook, grande rival do MySpace, não usa os serviços da Sentinel.


De acordo com Erick Schonfeld, responsável pelo post, Cardillo cruzou os dados das pessoas retiradas do MySpace com os membros do Facebook e disse que 8.000 deles estão lá.


A planilha com os nomes foi entregue a Schonfeld, que identificou 4.679 deles no Facebook.


O porta-voz do Facebook, Barry Schmidt, disse ao TechCrunch que a metodologia usada pela Sentinel, no caso do site, pode estar errada, e que os cadastros identificados como criminosos deveriam ser listados como ‘potencialmente coincidentes’.


Ele criticou a conduta da Sentinel. ‘Para uma empresa que tem a missão de manter as crianças seguras, nós consideramos irresponsável que eles não dividam [essas informações]. Se não com a gente, com as autoridades. Esse poderia ser um anúncio de que a Sentinel e o Facebook removeram 8.000 potenciais criminosos sexuais [do site].’


O blogueiro enviou a planilha com os nomes para o Facebook, que suspendeu os cadastros preventivamente.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009


 


AZIA
Tânia Monteiro


Para Lula, imprensa foi ‘pequena’ ao ligar Dilma a benesses a prefeitos


‘Irritado com os jornais que trataram o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas como um ato político-eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a solenidade de abertura da reunião, ontem, em Brasília, para responder à crítica de que o Planalto montou um ‘pacote de bondades’ para cooptar os dirigentes municipais – entre outras medidas, conforme o Estado noticiou ontem, o governo aumentou o parcelamento das dívidas de prefeituras com o INSS de 60 para até 240 meses.


Para Lula, a imprensa foi ‘pequena’ ao tratar as concessões do Planalto como benesses oferecidas aos municípios de olho nas eleições de 2010 e para arregimentar apoio para a ministra e pré-candidata Dilma Rousseff.


Admitindo que estava ‘virado’, mal-humorado, o presidente chegou a fazer uma revisão da reiterada declaração de que foi eleito ‘graças à liberdade de imprensa’. Ontem, em um discurso inflamado, afirmou: ‘Não é porque a imprensa me ajudou que fui eleito, mas porque suei para enfrentar o preconceito e o ódio dos de cima para com os de baixo’. No embalo, chamou as notícias sobre o ‘pacote de bondades’ da União de ‘insinuações grotescas’. E acrescentou: ‘Nunca fui eleito porque a imprensa brasileira ajudou. Fui eleito porque o povo quis’. Em 2008, em entrevista à revista Piauí, Lula já havia dito que ficava ‘com azia’ quando lia jornais.


‘Estou meio frustrado. Tem dia em que a gente acorda virado e, se cair um pingo de suor no copo, vira limonada’, afirmou o presidente, ao revelar o desconforto com o noticiário.


Diante de cerca de 3.500 prefeitos, o presidente fez um ataque indireto ao governo de São Paulo, sem citar o nome do governador José Serra (PSDB). Ao falar sobre educação, Lula se dirigiu ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e disse que o Estado mais rico do País tem 10% de analfabetos. ‘Kassab, você vai cair da cadeira. Você não sabe e eu não sabia, mas no Estado de São Paulo ainda temos 10% de analfabetos. O Estado mais rico da federação. Significa que tem alguma coisa errada’, disse o presidente, causando constrangimento ao prefeito, aliado de Serra.


No início da noite, o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), disse que é ‘mentiroso’ o dado apresentado pelo presidente. Segundo Aníbal, o dado dos 10% é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1991. O último dado da PNAD é de 2007 e diz que 4,6% da população paulista, acima de 15 anos, é que é analfabeta. ‘(Lula) passou uma mentira como se fosse uma verdade. Foi uma propaganda e mostra a deliberada intenção política desse ato’, afirmou o deputado. ‘É muito grave usar um dado mentiroso.’


Lula criticou a burocracia que, na sua opinião, atrapalha a liberação de obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). ‘Vivemos a burocracia do preencha a papelada, se não preencher você está ilegal. E se estiver ilegal o TCU e o Ministério Público vêm em cima de você, e vem processo’, afirmou, tendo ao lado o presidente do Tribunal de Contas da União, Ubiratan Aguiar, responsável pelo embargo de obras do PAC. ‘Então, cumpra-se a papelada, preencha-se cada palavra e cada letra. É assim a máquina pública brasileira.’


No ‘pacote de ataques’ do presidente, sobrou até para a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Depois de afirmar que o PAC atrasou no final do ano passado por causa das eleições municipais, Lula declarou que a crise econômica não vai atrapalhar as obras. ‘Nós cortaremos o batom da dona Dilma, cortaremos (a verba para) o meu corte de unha, mas não cortaremos nenhuma obra do PAC.’


Um das informações que mais incomodaram o presidente foi a que tratou o encontro de prefeitos como um ato político para arregimentar apoio para a ministra Dilma.


‘Fiquei triste como leitor porque abusaram de minha inteligência e pensam que o povo é marionete, pensa como manada, é vaca de presépio. As pessoas não percebem que o povo consegue pensar com sua própria cabeça. (…) Acabou o tempo em que alguém achava que poderia influenciar uma eleição por ser formador de opinião’, afirmou Lula, no discurso de 50 minutos.’


 


 


RADIODIFUSÃO
Gerusa Marques e Clarissa Oliveira


Hélio Costa critica projeto sobre rádios comunitárias


‘O projeto de lei do governo que alivia as punições para as emissoras de rádio clandestinas repercutiu mal no Congresso e na própria Esplanada. O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, mostrou-se insatisfeito com a proposta, reforçando a opinião de parlamentares de que ela poderá servir de incentivo à ilegalidade.


A operação de rádio sem licença, de acordo com o projeto, deixa de ser crime e o responsável pela emissora responde apenas a processo administrativo. ‘Quando você flexibiliza, você abre uma porta que pode aumentar a criminalidade no setor’, disse Costa, que foi voto vencido na discussão do projeto. ‘Há setores do governo que entendem que o crime não é tão grave para permitir a prisão das pessoas.’


O setor de radiodifusão comunitária recebeu o projeto com um misto de comemoração e apreensão. De um lado, entidades celebraram a descriminalização. Do outro, alegaram que as rádios comunitárias estarão sujeitas a punições mais severas que as emissoras comerciais.


O coordenador da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, José Sóter, disse que o projeto ‘é uma forma de legalizar a perseguição das rádios comunitárias’. Defensor da descriminalização, o coordenador da Intervozes, João Brant, atribui parte da clandestinidade no setor à lentidão do governo. ‘A maioria das rádios é ilegal porque não consegue se regularizar.’


Para Sérgio Gomes, do escritório paulista da Associação Mundial de Rádios Comunitárias e diretor da Oboré, a descriminalização corrigiria um dos ‘absurdos’ na regulamentação da lei que rege o setor. Já o presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, Daniel Pimentel Slaviero, que representa as emissoras comerciais, criticou: ‘É um retrocesso’.’


 


 


FOGO
Claudia Trevisan


TV chinesa desculpa-se por causar incêndio


‘O incêndio que destruiu na noite de segunda-feira um dos edifícios do complexo que abrigaria a rede estatal de televisão CCTV foi provocado por um show ilegal de fogos de artifício, contratado pela direção da própria emissora, indicou uma investigação das autoridades de Pequim concluída em menos de 12 horas.


O fogo consumiu o prédio de 30 andares, provocou a morte de um bombeiro e deixou outras seis pessoas feridas. A rede oficial de televisão divulgou uma nota na qual se desculpou pelo acidente e lamentou ‘o severo dano causado à propriedade do Estado’.


Na noite do incêndio, os chineses festejavam com a incessante queima de fogos de artifício o Festival da Lanterna, que marca o fim das festas do ano-novo – iniciadas em 26 de janeiro. De acordo com Luo Yuan, porta-voz do Escritório de Controle de Incêndio, a administração da CCTV contratou uma empresa para colocar ‘várias centenas’ de fogos de artifício no terreno em frente ao edifício incendiado, cuja inauguração deveria ocorrer em maio.


Os foguetes utilizados eram muito mais poderosos que os comuns e precisariam de autorização especial da prefeitura de Pequim para serem acessos no perímetro urbano, afirmou porta-voz do Escritório de Controle de Incêndio.


‘Os donos da propriedade ignoraram a advertência da polícia de que esses tipos de fogos de artifício não são permitidos’, ressaltou, referindo-se à administração da CCTV, que é totalmente estatal.


O fogo começou às 20h27 no topo do edifício e só foi controlado às 2 horas de ontem. O incêndio provocou prejuízos materiais imensos, em um projeto construído com dinheiro público. O custo de todo o complexo é estimado em algo entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões, dos quais cerca de US$ 120 milhões foram destinados à construção do edifício destruído.


NEGLIGÊNCIA


Como a investigação indica que o incêndio foi provocado por negligência da empresa proprietária do edifício é pouco provável que o seguro cubra o dano.


O prédio seria a sede da Television Cultural Center (TVCC), uma torre de 30 andares onde funcionariam estúdios de gravação, um teatro de 1.500 lugares, cinemas digitais, restaurantes, salão de baile e um hotel cinco-estrelas. O edifício fica a 200 metros da futurista nova sede da CCTV, formada por duas torres inclinadas e conectadas na base e no topo, com um imenso vão livre no centro.


Tanto a CCTV quanto a TVCC fazem parte do complexo projetado pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas em parceria com o alemão Olen Scheeren. A intenção do governo chinês era concluir a obra antes da Olimpíada de 2008 e utilizar o prédio incendiado para transmissão da programação da CCTV, mas houve atrasos no cronograma.


A empresa de engenharia Arup, responsável por viabilizar tecnicamente o projeto, divulgou nota ontem na qual afirma ser muito cedo para determinar a extensão dos danos causados pelo incêndio à estrutura do prédio.


O complexo tem uma área total construída de 560 mil metros quadrados, dos quais 120 mil metros quadrados são do edifício destruído ontem.


Internautas chineses inundaram sites de discussão online com mensagens iradas de protesto contra o desperdício de dinheiro público usado no prédio destruído.


‘Bilhões do dinheiro dos contribuintes foram embora com as chamas. Quem deve ser responsável pela perda?’, escreveu o internauta ‘Assassino Perdido’ no site douban.com.


Alguns comentários lamentavam o fato de o incêndio não ter atingido o prédio vizinho, onde funcionará a sede da CCTV. A estrutura formada por duas torres inclinadas nunca contou com a aprovação unânime dos moradores de Pequim e ganhou o apelido de ‘cueca de ferro’ por causa de seu formato.


Na noite de ontem, muitos dos comentários críticos que haviam sido colocados por internautas durante o dia em sites de discussão foram apagados pelos censores do governo chinês.’


 


 


TELEVISÃO
Laís Cattassini


SP bloqueia dinheiro dado a escolas por TV


‘A verba destinada pela Rede Globo às escolas de samba pelos direitos da transmissão do carnaval de São Paulo está congelada e não será repassada às agremiações, por causa de uma dívida de R$ 27 milhões de tributos e multas que a Liga das Escolas de Samba tem com a Prefeitura. O contrato com a emissora foi utilizado como garantia de pagamento em negociações da administração municipal com a Liga.


Cada escola de samba receberia R$ 300 mil da Rede Globo. Segundo o advogado Marcelo Rocha, da Liga, não há condições de pagar a dívida tributária. ‘O carnaval não pode ser tributado. É uma fonte de cultura’, diz.


A importância cultural do carnaval não é reconhecida pela Prefeitura, segundo o presidente da Liga, Sidnei Carrioulo. ‘Dependemos muito dos órgãos públicos. O problema não é o dinheiro, mas a estrutura.’ Para ele, a beleza dos desfiles é garantida mesmo sem incentivo. ‘Se com tão pouco fazemos um espetáculo como esse, imagine o que poderíamos fazer com mais’, afirmou.


A Prefeitura é a principal patrocinadora do carnaval de São Paulo. Este ano, as entidades carnavalescas receberam, no total, R$ 19,9 milhões do órgão, investimento, segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), 5% maior do que no ano passado. ‘A Prefeitura não está deixando de cumprir seu papel. O congelamento da verba não é punição, mas consequência da má administração e de anos de não cumprimento da lei’, declara o membro da comissão de carnaval da SPTuris Luiz Sales.’


 


 


TECNOLOGIA
The New York Times


Google entra no mercado de ‘energia inteligente’


‘O Google anunciou ontem sua entrada no mercado pequeno, mas em expansão, de ‘rede elétrica inteligente’ (smart grid), tecnologias digitais que procuram, ao mesmo tempo, manter o sistema elétrico em uma situação de equilíbrio e reduzir o consumo de energia elétrica. Várias empresas buscam maneiras de controlar a demanda por energia elétrica como uma alternativa à construção de mais usinas. O Google desenvolveu um serviço gratuito na internet, chamado PowerMeter, que permite aos consumidores medir o uso de energia em casa e na empresa, no momento em que a energia é consumida.


O Google espera que outras empresas fabriquem equipamentos para fornecer dados ao PowerMeter. Apesar de a empresa querer lançar o serviço nos próximos meses, ainda não teve adesão de fabricantes de equipamentos. ‘Não conseguimos desenvolver sozinhos esse produto completo’, disse Kirsten Olsen Cahill, uma gerente do Google.org, braço filantrópico da empresa. ‘Dependemos de todo um ecossistema de prestadoras de serviços, fabricantes de equipamentos e políticas públicas que permitam aos consumidores ter acesso detalhado ao uso de energia em sua casa, para tomar decisões mais inteligentes.’


‘Smart grid’ é a expressão da moda no setor de energia, englobando várias medidas que incluem mais comunicação entre as empresas de energia e componentes da rede, como transformadores, linhas de energia, medidores e até mesmo eletrodomésticos, como lavadoras de louça.’Eles colocam há muito tempo um chip na sua lavadora de louças, que permitiria que você a mandasse funcionar a qualquer momento que quisesse’, afirmou Rick Sergel, presidente da North American Electric Reliability Corp., associação que define padrões abertos para a rede elétrica. ‘Se a empresa de eletricidade conseguisse ?conversar? com a lavadora, poderia dizer à máquina para trabalhar às 2 horas da manhã no lugar de 2 horas da tarde, ou dizer ao dono da casa quanto poderia economizar se usasse a máquina num outro horário.’


A rede inteligente também pode ser útil para carros híbridos, reconhecendo-os da mesma forma que a rede de telefonia celular reconhece um aparelho quando ele é ligado. A empresa poderia cobrar o dono do carro pela energia independentemente dos locais em que ele recarrega o veículo.’


 


 


 


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