Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mais de cem mil assinaturas pedem soltura de correspondente

Perto de entrar no terceiro mês, o seqüestro do jornalista Alan Johnston continua a ser um misto de indefinição, medo e esperança. Enquanto o governo britânico tenta conseguir ajuda de um clérigo islâmico para a soltura do correspondente da BBC, a rede já reuniu mais de cem mil assinaturas em uma petição online em apoio à causa.


Johnston, que completou 45 anos na semana passada, foi levado por homens armados na Cidade de Gaza, em 12/3. Ele era o único jornalista ocidental que ainda vivia e trabalhava em tempo integral na conturbada região.


Em abril, o diretor-geral da BBC, Mark Thompson, esteve em Gaza para se encontrar com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Na ocasião, o político afirmou ter recebido informações de que Jonhston estaria bem e garantiu que o governo palestino faria o possível para a soltura do jornalista. No início de maio, a al-Jazira recebeu um vídeo que mostrava, aparentemente, a credencial de imprensa do correspondente. A filmagem trazia também, segundo a emissora do Catar, ordem de que prisioneiros muçulmanos fossem libertados – incluindo o clérigo radical Abu Qatada, que passou grande parte dos últimos seis anos sob custódia do governo britânico por ser considerado uma ameaça à segurança nacional. O vídeo teria sido enviado por um grupo que se identificou como Jaish al-Islam (Exército do Islã).


Apelo


O jordaniano Abu Qatada é descrito como ‘peça-chave’ da al-Qaeda e enfrenta processo judicial por suspeita de ligação com a organização terrorista. Depois da divulgação da gravação, na semana passada, o governo britânico deu início a um diálogo com o clérigo para obter ajuda no caso Johnston. ‘Nós temos conversado com o advogado de Abu Qatada para ver se ele estaria disposto a fazer um apelo humanitário pela soltura de Alan Johnston’, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.


Foi divulgada também a informação de que Qatada teria se oferecido a ir a Gaza com representantes da BBC para tentar fazer contato com os seqüestradores do jornalista. Em uma carta ao Islamic Observatory Centre, organização islâmica com sede em Londres, o clérigo teria dito que o governo não parece estar falando sério sobre conseguir a libertação de Johnston, pois estaria tentando lidar com ele de maneira incorreta. Qatada pode ser deportado para a Jordânia, mas seus advogados alegam que, em seu país de origem, ele teria um julgamento falho.


Homenagem


Este mês, Johnston foi homenageado como jornalista do ano na premiação anual do London Press Club. O pai do correspondente, Graham, e Mark Thompson, representando a BBC, receberam o prêmio em seu nome, em cerimônia no hotel londrino Claridge. ‘Alan ficou [em Gaza] por tanto tempo, e ficou depois que tantos outros correspondentes ocidentais foram embora, porque ele queria contar a história de Gaza. Não contá-la de um estúdio em Londres ou narrando sobre imagens de agências, mas diretamente de lá, entre o povo de Gaza’, afirmou Thompson, ressaltando que o prêmio é um reconhecimento pelos três anos em que o jornalista trabalhou na região. Com informações de Ben Dowell, Jason Deans e John Plunkett [MediaGuardian, 9, 10, 15 e 17/5/07].