Marcelo Bechara, assessor jurídico do Ministério das Comunicações, é o presidente da Comissão Organizadora Nacional da 1ª Conferência Nacional de Comunicação , convocada pelo governo federal em abril e que, entre os dias 14 e 17 de dezembro, reuniu em Brasília 1.684 delegados das 27 unidades da Federação para discutir a comunicação no Brasil. Ao fim dos trabalhos, Bechara resumiu em duas palavras a Confecom: ‘coragem e tolerância’.
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Agora que terminou, como o senhor descreve a Confecom?
Marcelo Bechara – Foi a Conferência do impossível. Era muito mais fácil ela não acontecer. Ainda assim, a sociedade civil conseguiu sensibilizar o Governo e também agregar a sociedade civil empresarial. Foi um exemplo de coragem e tolerância. Coragem do presidente Lula e dos ministros envolvidos e tolerância dos setores que entraram na discussão. Todas as diversidades e pluralidades estavam bem representadas aqui.
Quais as maiores dificuldades encontradas ao longo do processo?
M.B. – Foi uma conferência que foi convocada em abril, mas que, na prática, começou no dia 1º de junho e teve pouquíssimo tempo para ser organizada. Mas contamos com a ajuda dos estados, que formularam mais de 6 mil propostas, que viraram 1.500 na etapa nacional.
E durante os dias de trabalho em Brasília, o que mais impressionou?
M.B. – Os grupos de trabalho conseguiram aprovar muitas propostas. Alguns deles nem chegaram a encaminhar a cota de 10 propostas para a plenária final. No fim, todos saíram daqui contemplados, propostas importantes para todos os segmentos foram apreciadas. Foi muito bonito ver os grupos de trabalho fazendo acordos inimagináveis tempos atrás.
O que será feito agora?
M.B. – As propostas aprovadas vão compor o relatório final, que terá também uma retrospectiva de todo o processo realizado. Teremos uma fotografia das idéias da sociedade aqui representada. Acho que temos subsídios importantes para a construção de políticas públicas de comunicação daqui para frente.
A Confecom não teve a participação de algumas entidades da sociedade civil empresarial. Isso atrapalhou?
M.B. – Se tivéssemos mais tempo para trabalhar e estruturar a Conferência, mais associações estariam aqui. Mas a delegação do segmento empresarial estava extremamente significativa. E mesmo assim, muitas das entidades que não estavam na organização estiveram aqui com observadores. Isto é fazer parte da Conferência também.
Qual o resultado final?
M.B. – O mais importante na Conferência é que foi aberto um canal de diálogo entre segmentos importantes da indústria de comunicação. Vi que os delegados saíram daqui com a sensação de dever cumprido e todos com a impressão de ter conquistado grande parte das reivindicações. Foi uma contribuição histórica, uma conquista da sociedade no sentido mais amplo. Empresários, movimentos sociais e poder público. Estivemos aqui como funcionários, mas somos todos cidadãos.