Após 50 anos de existência, a revista American Heritage, dedicada a cobrir a História americana, foi suspensa por tempo indeterminado, anunciou o editor Richard F. Snow no início do mês. A publicação bimestral, de propriedade da Forbes, está à venda desde janeiro. Na falta de um comprador, a editora decidiu colocar a próxima edição (junho/julho) em espera por prazo indefinido. O sítio da revista ainda será mantido. Desde dezembro do ano passado, Snow e sua equipe estão ‘no limbo’. A tiragem da publicação era de 350 mil cópias e centenas de leitores ainda entram em contato com a revista, por cartas e e-mails.
Novidades agradaram leitores
Fundada em 1954 por James Parton, Oliver Jensen e Joseph J. Thorndike Jr., que eram da Life, a revista quebrou, desde seu lançamento, a maioria das regras do mercado editorial. Os fundadores determinaram que não aceitariam anúncios, pela ‘incompatibilidade entre os tons de voz da História e os da publicidade’, e cobravam do público uma assinatura anual de US$ 10, valor tão alto na época que os leitores podiam pagar em prestações.
Publicada em capa dura e com impressão colorida, o formato foi um sucesso instantâneo. Em vez de jogarem a revista fora, os leitores guardavam as edições em casa. No início, o serviço postal determinou que a American Heritage não poderia usar a taxa de livros nem a de jornais para envio aos assinantes. Posteriormente, os correios permitiram a taxa de periódicos, mas a revista já tinha quase falido por pagar por postagem elevada.
O primeiro editor da American Heritage foi Bruce Catton, historiador da Guerra Civil que escreveu na edição inaugural de dezembro de 1954 que ‘a fé que nos move é, de maneira simplificada, a crença de que nossa herança é mais bem compreendida por um estudo daquilo que os cidadãos comuns da América fizeram, pensaram e sonharam desde que começaram a viver aqui’.
Começo da crise
Em 1980, a revista deixou de ser publicada em capa dura, exceto para assinantes que queriam pagar extra por isto. Em 1982, devido a necessidades econômicas, ela passou a publicar anúncios publicitários. ‘Ficamos nos sentindo mal na época sobre o fato de aceitar anúncios. Mas isso teve um efeito estranho que nos fez sentir em contato com o mundo. Havia uma sensação de conexão com um processo que era até divertido – pelo menos enquanto tivemos anunciantes’, ironiza Snow. Mesmo assim, a revista continuou sendo financiada mais por tiragem do que por anúncios.
De acordo com Scott Masterson, vice-presidente da Forbes e presidente da American Heritage, a revista perdia dinheiro quando a Forbes a comprou, em 1986. Após a aquisição, sua situação econômica melhorou por um tempo. Mas, no final dos anos 90, ela começou a enfrentar sérios problemas. Para Snow, parte deles deveu-se à internet.
Há três anos, Snow e Masterson decidiram focar na faixa etária dos chamados baby boomers – geração que nasceu entre os anos 1940 e 50 – e passaram a publicar artigos sobre fatos que aconteceram no período de vida deles. A fórmula foi um sucesso editorial, mas não conseguiu os lucros esperados. ‘A Forbes foi muito paciente, mas basicamente eles nos ‘carregaram’ por um tempo’, reconhece Snow, que ainda assim lamenta a possibilidade de ver a revista extinta. Informações de Charles McGrath [The New York Times, 17/5/07].