Mesmo com as promessas do governo paquistanês de proibir a propaganda terrorista, em particular a jihadista, grupos extremistas têm divulgado mensagens que contribuem para a ‘demonização’ do Ocidente e a ‘talibanização’ do Paquistão, segundo artigo de Stephen Graham [Associated Press, 24/4/07]. Um diário local alerta, por exemplo, que judeus e cristãos estão engajados em um ‘genocídio’ contra muçulmanos; um sítio informa que crianças devem gostar de armas, em vez de brinquedos; um vídeo na internet mostra uma criança decapitando um militante acusado de trair seus companheiros.
Este tipo de mensagem ainda está longe da grande mídia no país, aliada dos EUA na região. Mas em pequenas publicações e na rede, os chamados para a jihad (guerra santa) contra o Ocidente estão ganhando força – influenciados pelo ódio disseminado pelas guerras do Afeganistão e Iraque, lideradas pelo governo americano.
Os materiais mais extremistas pioraram depois que o presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, rompeu seus laços com o regime Talibã, no Afeganistão, após os ataques do 11 de setembro pela organização terrorista al-Qaeda. ‘Senti que o tom aumentou e ficou mais hostil’, opina Mohammad Shahzad, que administra um serviço de monitoramento da mídia no Paquistão, para clientes como embaixadas e organizações de direitos humanos. ‘O nível de extremismo e fanatismo subiu’.
Pouca reação
Críticos alegam que o governo do Paquistão tem feito muito pouco para evitar que extremistas publiquem este tipo de conteúdo com grande potencial para atrair voluntários e doações para ataques no Paquistão, Afeganistão e em outros países vizinhos. ‘Há leis contra o discurso que incite ódio. Eles nem sequer as usaram’, diz Samina Ahmed, analista do International Crisis Group, grupo independente de pesquisa sobre política e conflitos externos.
Forças pró-Talibã parecem atuar nas regiões que fazem fronteira ao Paquistão, usadas por militantes como refúgio e base de recrutamento para ataques a tropas da OTAN e dos EUA no Afeganistão. A pior situação é na capital paquistanesa, Islamabad, onde clérigos lançaram uma campanha ativa contra a imoralidade. No mês passado, por exemplo, radicais da Mesquita Vermelha, que administra dois madraçais (escolas muçulmanas), seqüestraram a gerente de um bordel. O líder deles, Maulana Abdul Aziz, alertou que seus estudantes iriam visitar residências em Islamabad para tentar convencer os moradores a queimar ‘objetos satânicos’, como aparelhos de TV. Ele também ameaçou mulheres de diplomatas que não se vestem de modo adequado.