Como em todas as situações de crise, o apagão aéreo está servindo como um tremendo sacolejo em nossas estruturas. Está evidente que o Estado nacional tem um gravíssimo problema de gestão, que se agrava a cada novo dia, em vez de diminuir.
O problema não é político ou partidário. Um sistema funciona, ou não funciona, independente da ideologia dos seus gestores. E a partir da tragédia da Gol, ficou provado que a nossa aviação comercial desenvolveu-se em bases muito precárias. Basta lembrar que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que deveria ter sido estabelecida em 2003, só começou a funcionar efetivamente no último ano.
Qual o motivo desse atraso? A descrença de alguns ministros na eficácia das agências reguladoras. Com uma Anac devidamente instalada e devidamente autônoma, problemas como o controle do tráfego aéreo há muito tempo teriam sido sanados, ou pelo menos encarados antes da grande tragédia com o Boeing da Gol. Com uma Anac rigorosa e competente, a solução para a Varig poderia ter sido outra e a TAM não teria se agigantado a ponto de tornar-se incontrolável.
Mas, e a mídia com isso? Claro, a mídia não pode levar a culpa pela falta de treino da Anac. Mas se a nossa mídia tivesse profissionais especializados em número suficiente este alarme já deveria ter soado há muito mais tempo.