Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
É inédito em nossa história política: a cinco dias das eleições, o assunto dominante na mídia é a própria mídia. E não pelo que ela fez, mas pelo que fizeram com ela.
O partido do governo tentou desmoralizar a imprensa plantando um dossiê suspeito na revista IstoÉ. Não contava com o efeito-bumerangue: a repercussão foi tão ruim que figuras de proa deste mesmo partido não tiveram outra alternativa senão atacar a imprensa. E assim, no lugar de discutir propostas de governo, prioridades e políticas públicas, as forças políticas discutem a imprensa como se ela fosse a culpada pelos escândalos e responsável pelo que acontece na Esplanada dos Ministérios.
Mas é bom lembrar que discutir a imprensa significa discutir a democracia. Políticos que não gostam de democracia começam sempre suas reclamações atacando a imprensa. Exemplo disso é o governador do Paraná, Roberto Requião, que jamais soube conviver com uma imprensa independente e agora se aproveita do clima geral para tentar a quebra do sigilo telefônico dos jornalistas que denunciaram sua truculência.
E o que é que a imprensa mundial acha desta inusitada disputa eleitoral? Em 2002, o franco favorito dos correspondentes estrangeiros aqui sediados era o candidato do PT. Quatro anos depois, qual é o balanço que fazem? E o que acham do desempenho da imprensa? Ela não é candidata, mas contra a vontade foi levada aos palanques. Isso é bom?
Bom mesmo é que há 20 minutos, desde as 22h30, os eleitores de 26 estados assistem aos debates entre os candidatos aos respectivos governos. É um megacomício, democrático e eletrônico organizado pela Rede Globo, em que os postulantes estão sendo cobrados pelos rivais. Em matéria de serviço público é muito mais importante do que a chatíssima Caravana JN.