Os EUA tiveram uma década de preparo e um esforço de US$ 2 bilhões do governo para a migração do sinal analógico para o digital, mas, ainda assim, após a data limite para a conversão, no dia 12/6, restaram 2 milhões de lares sem-TV no país, segundo estimativas da indústria televisiva. Kevin Freeman, de 53 anos, é um deles. Ele vive em um abrigo e espera receber um conversor de doação. Assim como ele, pessoas de idade, mais pobres e que não falam inglês deixaram de comprar o conversor e não terão mais acesso à TV. O Departamento de Comércio dos EUA está oferecendo, até julho, cupons de desconto de US$ 40 por consumidor.
Em todo o país, emissoras de TV estabeleceram canais de ajuda por telefone e organizações comunitárias realizaram eventos para ajudar aqueles que não estão tão informados sobre o que deve ser feito. Muitas emissoras, entretanto, não receberam a quantidade de ligações esperada em suas linhas de ajuda, o que demonstra que a transição não foi tão brusca assim. Nas primeiras horas digitais, Mike Burgess, gerente da KOB em Albuquerque – local que teria o índice mais alto de telespectadores despreparados – informou ter recebido apenas três telefonemas, sendo um deles de um telespectador curioso sobre o retorno das férias do ‘homem do tempo’. Segundo Michael J. Copps, presidente em exercício da Comissão Federal de Comunicações (FCC, sigla em inglês), a ‘grande maioria das casas’ estava preparada para a transição. Ainda assim, ele reconheceu que a migração representou um ‘grande desafio’ para muitos telespectadores.
A maior parte dos lares americanos pagam para assistir TV por meio de serviços de cabo ou satélite. Estes assinantes não foram afetados pela mudança. Há, ainda, milhões que assistem à TV aberta por antena e estes tiveram que comprar conversores. Mesmo com a TV sendo uma mídia muito assistido por entretenimento, o governo enfatizou seu poder de comunicação em emergências. Frank Michel, diretor de comunicação da prefeitura de Houston, por exemplo, deixou claro que o meio é essencial em alertas de furacão. ‘É uma questão de segurança pública para nós da Costa do Golfo’, afirmou.
Com a transição, muitos telespectadores em áreas rurais disseram ter menos canais disponíveis que antes, pois os sinais digitais são mais suscetíveis à interferências. ‘Pode levar um tempo para encontrar a posição exata para sua antena’, explicou Rick Kaplan, porta-voz da FCC. Informações de Brian Stelter [New York Times, 14/6/09].