Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Ministro ataca ‘veneno’ da imprensa britânica

O ministro do Interior britânico, Charles Clarke, acusou a mídia do Reino Unido de perpetuar ‘mitos’ sobre as medidas antiterrorismo lideradas por ele. Em discurso na London School of Economics, na noite de segunda-feira (24/4), Clarke afirmou que a imprensa britânica faz uso de um ‘veneno perigoso e pernicioso’ ao tratar do assunto.


O plano antiterrorismo de Clarke, criticado por violar as liberdades civis garantidas em qualquer nação democrática, passou a gerar ainda mais controvérsia após os atentados a bomba em Londres, em julho do ano passado. As medidas foram reforçadas para que qualquer suspeita de ameaça à ordem pública, à segurança nacional ou ao estado de direito pudesse ser rapidamente investigada e punida – o que gerou críticas da oposição e preocupação por parte de organizações civis.


Preguiça intelectual


Diante do complexo debate sobre o equilíbrio entre liberdade e segurança, reclamou o ministro, a imprensa teria criado uma verdadeira batalha, usando termos reservados anteriormente a ditadores para descrever ‘políticas legítimas de governos democráticos’. ‘Na ausência de ditaduras totalitárias genuinamente perigosas e malévolas para combater, a mídia transferiu retoricamente para as democracias existentes, particularmente os EUA e o Reino Unido, algumas das características daquelas ditaduras’, completou.


Clarke citou artigos recentes do Guardian, Observer e Independent para pontuar suas críticas à imprensa. Segundo ele, os jornais teriam feito declarações ‘incorretas, tendenciosas e simplificadas’ na cobertura do tema. ‘Estes artigos são, em minha opinião, sintomas de uma preguiça intelectual geral’.


‘Alguns comentaristas usam rotineiramente expressões como ‘fascista’, ‘seqüestro da democracia’ e ‘destruição das leis’; palavras como ‘holocausto’ e ‘apartheid’ são regularmente usadas para descrever nossa sociedade, e isso deve ofender aqueles que viveram estas realidades’, continuou o ministro, para dizer que, com este comportamento da imprensa, a verdade e os padrões jornalísticos de qualidade são jogados no lixo. Clarke completou ainda que muitos críticos das novas leis antiterror estão tão dispostos a acusar o governo de destruir a democracia e construir um ambiente tirânico que acabam deturpando a realidade dos fatos simplesmente para ‘reforçar seu caso’. Informações da BBC News [24/4/06] e de Alan Travis [The Guardian, 25/4/06].