Depois de 18 meses de convalescença, visivelmente recuperado segundo opinião de um seleto grupo de visitantes, por que razão o comandante Fidel Castro ainda não foi fotografado ao ar livre, andando?
Por que razão veste-se com joggings soltos no corpo e não com uma guayabera, uniforme ou terno? Restabelecido, por que mandou o seu voto ao invés de colocá-lo pessoalmente na urna?
O paciente e o padecente têm direito a preservar sua privacidade. O sofrimento é inviolável.
Mas Fidel Castro, até recentemente chefe de Estado, é uma das figuras mais importantes dos últimos 50 anos. Mesmo que não seja reconduzido à presidência de Cuba, deve desempenhar importante papel não apenas em seu país, mas em toda a América Latina. E, oxalá, por muito tempo ainda. Seu irmão, Raul Castro, só poderá empreender reformas políticas significativas com o aval do irmão mais velho.
Lembrança histórica
Se jornalistas não têm condições de avaliar o verdadeiro estado de saúde de Fidel, se as fotografias divulgadas contrastam com a ‘fragilidade’ alegada pelo próprio, por que razão ainda não se sabe exatamente o que o acometeu, que tipo de cirurgia sofreu e quais as conseqüências dessas intervenções?
Médicos não podem sugerir hipóteses e os únicos que poderiam oferecer diagnósticos têm compromissos incontornáveis com a ética médica.
A única coisa que pode ser dita é que a dramática situação lembra a lenda de El Cid, o Campeador (1049-1099): ferido e amarrado ao cavalo, ajudou a vencer os mouros no início da Reconquista da Espanha.