Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************
Quarta-feira, 22 de agosto de 2007
TV PÚBLICA
Autonomia em risco na nova TV pública
‘QUANDO O governo federal anunciou a intenção de construir uma rede pública de televisão, setores da sociedade logo se preocuparam em definir as diferenças fundamentais entre emissoras públicas e estatais.
Para ser de fato pública, a nova TV deveria ter gestão independente do governo, financiamento não contingenciável e uma programação que refletisse a diversidade da sociedade brasileira. Não cumpridas essas premissas, a nova instituição acabaria por se constituir como uma TV estatal ou governamental, mas não uma TV pública.
A apreensão de que tais princípios não fossem respeitados não nos impediu de apoiar a iniciativa. Afinal, é evidente a necessidade de instituir no país um autêntico sistema público de comunicação, autônomo e independente dos governos e do mercado.
Historicamente, o setor comercial de rádio e TV tem se mostrado incapaz de garantir o debate plural sobre as questões centrais para o Brasil. São inúmeros -e permanentes- os exemplos em que os interesses particulares dos donos da mídia se impõem ao interesse público, com resultados desastrosos para a democracia.
A polêmica ‘público X estatal’ parecia ter sido dirimida com a realização do 1º Fórum Nacional de TVs Públicas, em maio deste ano, quando governo, emissoras do campo público e organizações da sociedade civil assinaram a Carta de Brasília, documento que estabelecia diretrizes para a nova TV pública: deveria ser independente em relação ao governo federal, com autonomia para estabelecer sua programação e gerenciar seus recursos.
O conselho gestor da TV Brasil, explicitava o documento, deveria ser representativo da sociedade e, em sua composição, o governo não deveria ter maioria. Buscava-se, assim, afastar o risco de a emissora se tornar braço político do Executivo federal, qualquer que seja seu ocupante.
Nos últimos meses, prevaleceu a convicção de que o governo cumpriria o compromisso assumido e daria efetividade aos princípios pactuados.
De fato, alguns princípios parecem estar se concretizando. Será um avanço se o governo realmente adotar um modelo de rede horizontal e descentralizado. Também é positivo o incentivo à autonomia das emissoras estaduais em relação aos governos locais.
Entretanto, o que parecia consolidado -o caráter público da nova instituição- está sob risco. A proposta atual do governo contraria os princípios da Carta de Brasília ao estabelecer mecanismos de gestão vinculados direta e exclusivamente ao Executivo federal. Pela proposta, tanto o conselho gestor da TV (responsável por zelar pelas finalidades públicas da instituição) quanto a presidência da nova emissora seriam indicados pelo presidente da República, sem nenhuma necessidade de aprovação por órgão independente.
Ora, com um conselho de ‘personalidades’ indicado pelo presidente, a TV perde sua autonomia e independência, com ameaça a seu caráter público. Não é a mera existência de um órgão gestor que confere à emissora esse caráter público. É preciso que ele seja plural e representativo, preservando a independência da instituição em relação ao governo. Além disso, é a própria sociedade quem deve escolher os seus representantes.
A idéia de um governo que indica, em nome da sociedade, quem a representa é paternalista e antidemocrática, independentemente de quem sejam esses indicados.
Alega o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) que representantes de instituições no conselho gestor da emissora tendem a defender interesses corporativos. A preocupação com a possível contaminação da instituição por interesses particulares é legítima, mas a solução proposta é a pior possível.
É certo que não deve haver no conselho vagas fixas para nenhuma instituição. O desafio é estabelecer mecanismos democráticos e participativos de indicação, seja por conferência, seja por eleição direta.
Esse modelo já é utilizado -e bem-sucedido- em estruturas como o Conselho Nacional de Saúde e o Conselho das Cidades que, embora tenham atribuições distintas daquelas do conselho de gestão da nova TV pública, também têm a missão de representar o conjunto da sociedade.
A ousadia e a coragem que o governo teve ao propor a criação de uma nova rede de televisão devem permanecer na escolha de seu modelo de gestão. Neste momento de definições, é imprescindível zelar pelo caráter efetivamente público da futura instituição, para que nenhum governo, a qualquer tempo, possa utilizá-la como um instrumento político. Que assim seja, para o bem da ainda incipiente democracia brasileira.
DIOGO MOYSES, 28, graduado em comunicação social pela Escola de Comunicações e Artes da USP e mestrando em direitos humanos pela Faculdade de Direito da USP, e JOÃO BRANT, 28, graduado em comunicação social pela Escola de Comunicações e Artes da USP e mestre em políticas de comunicação pela London School of Economics and Political Sciense (Inglaterra), são coordenadores do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.’
TODA MÍDIA
Expectativa
‘Na manchete do site Reuters Brasil, a ‘expectativa’. ‘Um dos julgamentos mais importantes da história do Supremo’ abre às 10h, por TV Justiça e outras, com o ministro Joaquim Barbosa, o procurador-geral Antonio Fernando de Souza e o advogado José Luiz de Oliveira Lima, de José Dirceu. É a primeira de três sessões programadas para decidir se a denúncia será aceita -o que pode sair somente na semana que vem.
Mas a ‘expectativa’ e supostas pressões de parte a parte levaram ontem às manchetes, da Folha Online ao iG, a ‘reunião a portas fechadas’ de ministros para rever ‘probleminhas’, no dizer de Joaquim Barbosa. Um deles, as apostas que correm quanto ao resultado. A expectativa também tomou o blog de José Dirceu e demais, mas não os telejornais, com posts como o de que o petista ‘decidiu não comparecer às sessões’, no registro de Josias de Souza que foi manchete do UOL.
VER PARA CRER
O plano de segurança de Lula rodou mundo, da BBC de Gary Duffy ao ‘Monde’ de Paulo Paranaguá e até o ‘Pravda’, com atenção aos US$ 3 bi e à recepção positiva, mas ‘cautelosa’, de entidades tipo Viva Rio
O QUE FAZER COM OS JUROS
O debate é incipiente por aqui, mas já era o segundo destaque ontem nos sites de ‘Financial Times’ e Market Watch, com idéias opostas sobre eventual ação do banco central americano, em meio ao sobe-e-desce das bolsas. O primeiro adiantou seu editorial ‘Não corte as taxas’, o segundo postou o artigo ‘Mr. Bernanke, corte esta taxa’.
Enquanto isso, nos estatais ‘China Daily’ e ‘Shangai Daily’, a manchete era que o banco central chinês elevou juros. Para o ‘Wall Street Journal’, ‘sublinha o foco de Pequim em seus problemas internos de inflação, mesmo quando outras nações enfrentam a contração de crédito’.
BRASIL E OS GIGANTES
Dias atrás, quando Taiwan fez novo pedido de integrar a ONU, o Brasil correu a dizer, com destaque no ‘Diário do Povo’, que ‘reafirma seu apoio à política de uma só China’. E ontem, no indiano ‘Economic Times’, lá estava o apoio do Brasil ao programa atômico indo-americano.
CORRIDA À ÁFRICA
Do francês ‘Le Figaro’ ao ‘New York Times’, em textos anteontem e ontem, cresce a atenção ao avanço de China, sobretudo, Índia e até Brasil sobre a África. O primeiro lamenta a perda de influência da França. O ‘NYT’, os efeitos negativos na economia local.
SEDUÇÃO AMERICANA
Está no Brasil para ‘seduzir estudantes’ aos EUA, dizem o ‘Washington Post’ e outros, a secretária de educação. Eles vêm tomando outros destinos diante das restrições de visto. ‘A questão é espalhar que a situação mudou’, diz ela, ‘e fazer as pessoas acreditarem’.
VISTO E OS POBRES
No início do mês, editorial do ‘WSJ’ saudou nova lei que liberou maior proporção de vistos temporários a ‘nossos parceiros mais próximos’, na expressão de George W. Bush. Entre eles, Brasil. Mas ontem, no ‘WSJ’, uma carta criticou, prevendo ‘uma inundação de brasileiros pobres’ nos EUA.
ESPANHA VS. MÉXICO
Por aqui, desde a notícia no site Tela Viva, na sexta, e em seguida por Reuters e Bloomberg, o destaque foi que o acordo da Globosat com a Telefônica/TVA seguia aquele com a Telmex/Net, nada mais. Não é bem o que sublinha o financeiro ‘Cinco Días’, na Espanha, com repercussão pela Thompson Financial. Nos enunciados, ‘Telefônica bate Carlos Slim em contrato de TV no Brasil’, na disputa ‘para liderar as telecomunicações na América Latina’.’
CVM & CENSURA
ANJ ataca regra de conduta para jornalista
‘A ANJ (Associação Nacional dos Jornais) divulgou nota de repúdio à intenção da Comissão de Valores Mobiliários de regulamentar o trabalho de jornalistas que cobrem o mercado financeiro. A entidade diz ser ‘frontalmente contra’ pois a mudança compromete o livre exercício do jornalismo.
‘Nenhuma instância, governamental ou não, pode se colocar acima do preceito constitucional que protege a liberdade de expressão.’’
INTERNET
O melhor e o pior da web 2.0
‘Desde que o termo web 2.0 surgiu, em 2004, ele causa polêmica. É só um rótulo, dizem alguns. É a evolução da internet, afirmam outros.
O termo web 2.0 foi cunhado por Tim O’Reilly, da editora de livros de tecnologia que leva seu sobrenome, para descrever sites que, após o estouro da bolha da internet, sobreviveram com um novo modelo focado na participação do usuário.
Mas o próprio O’Reilly disse, em artigo que escreveu sobre o tema em 2005, que há muita discordância sobre o que exatamente é a web 2.0 -alguns dizem que ela não passa de uma palavra de marketing da moda.
Apesar da polêmica, a maioria dos internautas reconhece um site da web 2.0 quando o vê.
Uma enquete com especialistas, blogueiros e membros da Redação da Folha, com respostas espontâneas, revelou grande concordância em relação aos melhores sites da web 2.0.
Em comum, os sites mais lembrados têm a forte geração de conteúdo pelo usuário.
‘A web 2.0 não é uma determinada tecnologia, e sim o conceito de o usuário produzir e não só para ele mesmo, mas para todos’, diz Ana Laura Gomes, professora dos cursos de internet e de computação gráfica do Senac de São Paulo.
Na opinião de Steve O’Hear, responsável pelo blog de web 2.0 do site norte-americano ZDNet, os melhores sites ‘têm em comum o fato de remover barreiras para que as pessoas publiquem e se expressem na internet’, diz ele.
A Wikipédia (pt.wikipedia.org), enciclopédia on-line produzida e editada pelos usuários, e o YouTube (www.youtube.com), site que permitiu a todos postar seus filmes na internet de forma fácil, foram os mais lembrados.
Negativo
Mas a web 2.0 não é só esse mundo maravilhoso de autonomia total ao internauta.
As empresas responsáveis pelos sites costumam ter poder muito grande sobre o que é gerado pelos internautas: em muitos casos, pode decidir unilateralmente remover conteúdo e alterar seus serviços.
Os especialistas ouvidos pela Folha consideraram ruins também os sites com ferramentas da web 2.0, como tags, mas que não levam a sério a contribuição dos internautas.’
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Wikipédia e YouTube são os mais lembrados
‘Os sites da web 2.0 se contam aos milhares na internet e nem mesmo os especialistas conhecem todos eles. Mas algumas páginas do tipo se tornaram tão populares que servem de exemplo para explicar o conceito e marcam presença em quase todas as listas de melhores feitas por publicações especializadas.
Uma dessas listas, o prêmio de web 2.0 do site SEOMoz, reúne premiados em 41 categorias (www.seomoz.org/web2.0). Sites como Digg, Del. icio.us, Google Maps e Flickr marcaram presença entre os campeões.
Um dos sites ‘queridinhos’ das listas é a Wikipédia, que existe desde 2001 e foi uma das pioneiras no quesito descentralização, com seus verbetes escritos pelos internautas.
A Wikipédia foi lembrada como um dos melhores sites da web 2.0 por oito das onze pessoas que participaram da enquete feita pela Folha.
Para Gilberto Alves Jr., colunista do site Webinsider e responsável pelo blog de web 2.0 Prática, a Wikipédia ‘inaugurou um modelo novo de confiança radical no usuário’.
Também lembrado oito vezes, o YouTube começou como uma resposta à dificuldade de compartilhar vídeos e atingiu proporções astronômicas.
Além de possibilitar a qualquer um mostrar seus vídeos caseiros a todo o mundo, o YouTube inovou por organizar essa massa de conteúdo com avaliações dos usuários, tags (etiquetas), busca poderosa, canais e RSS, que permitem achar um vídeo de interesse em meio aos milhões de clipes.
Flickr e Google Docs & Spreadsheets também costumam aparecer com freqüência em votações dos melhores da web 2.0 e foram lembrados sete vezes cada um na enquete.
O Flickr permite ao usuário publicar fotos para o mundo ver; mas a informação é organizada com etiquetas, álbuns, redes e, claro, poderosa busca.
Com o Google Docs & Spreadsheets, documentos de texto e planilhas podem ser editadas por várias pessoas, facilitando a colaboração.
Geografia
Uma forte tendência da web 2.0, que não depende de sites específicos, são os mashups (junção de informações de várias fontes) com mapas, como os do Google Maps (maps.google.com) ou do Yahoo! Maps (maps.yahoo.com).
Participaram da enquete Ana Laura Gomes, professora dos cursos de internet e de computação gráfica do Senac de São Paulo; Steve O’Hear, editor do blog de web 2.0 do ZDNet (blogs.zdnet.com/social); Daniel Tolouei, fundador do PCForum (www.pcforum.com.br); Augusto Campos, da equipe do BR-Linux (br-linux.org); Alexandre Fugita, editor do site Techbits (www.techbits.com.br); Gil Giardelli, do blog Humanidade 2.0 (gilgiardelli.word press.com); e Gilberto Alves Jr., colunista do site Webinsider (webinsider.uol.com.br).
Da Redação da Folha, participaram a equipe do caderno Informática e a equipe da editoria de Informática da Folha Online.’
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Digg aposta na inteligência coletiva
‘Uma característica forte da web 2.0, o uso da inteligência coletiva para classificar e organizar informação, apareceu na enquete nos sites Digg (www.digg.com) e Del.icio.us, lembrados, cada um, por cinco dos participantes.
‘O Digg é muito preciso, ele extrai da multidão o que é mais importante naquele momento’, afirma Alexandre Fugita, do site Techbits.
Na página, os usuários registrados votam para fazer subir ou descer as notícias; as mais votadas, ou seja, consideradas mais importantes pela multidão, vão para a capa do site.
O Digg ‘é útil para acompanhar as principais notícias do dia e, para os blogueiros, pode trazer muito tráfego se um post seu for escolhido’ pelas massas para a primeira página, diz Steve O’Hear, responsável pelo blog de web 2.0 do site ZDNet.
Pior também
Mas o blogueiro O’Hear apontou o Digg como personificando tanto o melhor quanto o pior da web 2.0.
‘O nível da discussão nos comentários é muito baixo’, diz ele, que afirma também que quando uma notícia é votada para baixo, não há como o autor saber por que isso aconteceu, o que faz com que o site não seja muito transparente.
Além disso, diz ele, o tráfego direcionado a um site ou blog por ter uma notícia na primeira página do Digg é temporário, segundo O’Hear, e não ajuda a conquistar leitores fiéis.
Termômetro
O Del.icio.us permite ao internauta manter uma espécie de lista de sites favoritos turbinada.
O usuário pode etiquetar os sites ou páginas com as palavras que preferir; assim, cria suas próprias listas de páginas referentes aos assuntos de seu interesse, com a vantagem de que um mesmo favorito pode estar em várias listas ao mesmo tempo.
O interessante é que, juntando as informações de vários usuários, o site pode mostrar as palavras mais freqüentemente associadas a uma página, classificando-a.
Além disso, também é uma espécie de termômetro da internet, pois pode-se visualizar os sites mais populares no momento, que estão sendo guardados por mais pessoas.
Talvez o sinal mais claro da importância do Digg e do Del. icio.us na internet seja o número de cópias deles que surgiu na rede, como Reddit (www.reddit.com), no caso do Digg, e Ma.gnolia.com, no caso do Del.icio.us.’
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Web 2.0 sofre com funções sem conteúdo
‘O maior problema da web 2.0 apontado pelos participantes da enquete da Folha foi a apropriação do rótulo por sites que pouco ou nada acrescentam ao internauta, mas que contam com funções típicas, como etiquetas.
Cópias malfeitas de sites famosos, páginas difíceis de usar e uso de recursos irrelevantes para o público-alvo são algumas das reclamações dos especialistas.
‘O site é lançado em beta e depois é preciso esperar, deixar um espaço para sugestões dos usuários para melhorar a página. Mas muitos sites são depois abandonados e os comentários, ignorados’, diz Ana Laura Gomes, do Senac de São Paulo.
Para a especialista, a falta de atenção ao usuário é um fator determinante no sucesso dos sites da web 2.0.
Já Daniel Tolouei, do PCForum, reclama das páginas mal-desenhadas, que reúnem muitos recursos de forma desordenada.
‘Parece que para o webmaster aquilo tinha lógica, mas na hora que o usuário vai navegar, não tem’, diz.
MySpace
O MySpace foi escolhido como um dos piores por Steve O’Hear, do ZDNet, devido às páginas muito poluídas e à usabilidade ruim.
A equipe da Folha Online também escolheu o MySpace como um dos piores da web 2.0, devido à poluição visual e à navegação confusa.
O pior da web 2.0, para Gilberto Alves Jr., colunista do site Webinsider, são as cópias de sites famosos como Digg e Orkut.
Ele também reclamou dos sites ‘com idéias ruins, mas que usam tecnologias da web 2.0 como etiquetas e Ajax’.
Alves levantou ainda o problema das páginas que não utilizam a inteligência coletiva, ou seja, ‘que não se tornam melhores quanto mais pessoas as utilizam’, diz ele.
Posição semelhante tem Gil Giardelli, do blog Humanidade 2.0, que considera que os piores sites da web 2.0 são aqueles que não têm o que ele chama de três Cs: colaboração, compartilhamento e comunidade.’
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Páginas lentas e que poluem perdem pontos
‘A enquete da Folha não mostrou grande concordância em relação aos que seriam os piores sites da web 2.0.
‘Nós tendemos a tirá-los da cabeça’, diz Steve O’Hear. Com tantas opções, a maioria dos usuários foge rapidamente quando confrontado com um site difícil de usar.
Mas O’Hear, além do MySpace e do Digg, escolheu como piores páginas o portal NetScape (www.netscape.com), o Pay per Post (www.payperpost.com) e o Jalipo (www.jalipo.com).
O NetScape, para ele, nada mais é do que uma cópia de sites de classificação de notícias como o Digg que falhou.
Já o Pay per Post ‘polui a internet’, segundo O’Hear. O site paga blogs para que escrevam sobre produtos ou empresas, a pedido destas últimas.
O Jalipo é um site de vídeos no qual os produtores de conteúdo podem cobrar, por minuto, de quem assistir aos clipes. Mas, para o blogueiro, a página criou um modelo que achata a renda dos produtores.
A equipe da Folha Online escolheu como piores sites o Hotmail (www.hotmail.com), o Squidoo (www.squidoo.com), o antigo Fo.rtuito.us (agora Friends4days.com) e o Friendster (www.friendster.com). O Hotmail perde pontos por ter ficado muito lento, segundo a equipe.
Já o Squidoo permite aos usuários criar páginas sobre tópicos e ganhar dinheiro com a venda de anúncios nela. Mas, segundo a equipe da Folha Online, ‘está para aparecer quem tenha ganho algo’.
O Friends4days, além do antigo nome copiado do Del. icio.us, é uma rede social que apresenta desconhecidos, que devem decidir depois de quatro dias se querem ser amigos.
Para a Folha Online, o Friends4days não funciona e vive fora do ar.
Já a rede de relacionamentos Friendster foi pioneira, mas hoje é muito lenta, segundo a equipe.’
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Fique atento à política de privacidade
‘Além de problemas como usabilidade e conteúdo irrelevante, a web 2.0 pode trazer outros inconvenientes aos usuários, mesmo os que usam as melhores páginas do tipo.
A maioria dos serviços é gratuita, mas isso não significa que não exista um contrato. Ao criar uma conta no site, o internauta geralmente tem que aceitar uma licença de uso que, muitas vezes, é por demais favorável à empresa.
Em muitos casos, a empresa não se responsabiliza pela guarda do conteúdo lá colocado pelo usuário; ou seja, fotos e filmes colocados em um site podem sumir.
Outro problema é que as empresas geralmente se reservam o direito de alterar unilateralmente os termos de uso.
Com isso, um serviço gratuito pode tornar-se pago, ou um recurso antes presente no plano básico passar a constar só da modalidade paga.
Em algumas páginas, também não fica claro o que a empresa faz para resguardar a privacidade do internauta, já que, ao personalizar serviços, assistir a conteúdos e postar seus próprios trabalhos, ele pode se expor muito.
Mudanças unilaterais na forma como o site funciona também podem causar reclamações dos usuários. Foi o caso do YouTube, quando criou sites específicos para cada país.
Mesmo que o usuário brasileiro, por exemplo, possa retornar à versão norte-americana do YouTube, muita gente reclamou do fato de que não é mais possível acessar o site internacional -em que as buscas não levavam em conta a nacionalidade do usuário e dos vídeos.
O Flickr passou por problema semelhante. Quando foi lançada a versão para a Alemanha, usuários descobriram que só podiam usar a busca ‘segura’ -em que fotos com nudez são bloqueadas.
Após alguns dias, o site disse que teve que alterar a política devido a leis locais. Mas, enquanto isso, os internautas, revoltados, publicaram imagens atacando o Flickr.’
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Empresas brasileiras aparecem com poucos votos na enquete
‘Os sites brasileiros da web 2.0 não tiveram votação forte na enquete, mas vale a pena conhecer dois deles, que foram lembrados duas vezes pelos participantes.
A suíte on-line Aprex (www.aprex.com.br), voltada a negócios, permite ao usuário criar uma página personalizada para um projeto, que pode ter blog e ser acessada por colaboradores e clientes.
Os participantes têm acesso também a um escritório on-line, com software de calendário e contatos, editor de texto, lista de links e de tarefas, ferramenta para apresentações e outros.
Todos os softwares são on-line, ou seja, não é necessário baixar nada no computador.
A Aprex oferece um plano básico gratuito, no qual o internauta tem direito a convidar mais um colaborador e um cliente, tem disco virtual de 20 Mbytes e pode montar uma apresentação.
Os planos pagos, a partir de R$ 19,90 por mês, oferecem a possibilidade de adicionar mais usuários e de utilizar mais espaço em disco virtual.
A Aprex foi lembrada por duas pessoas na enquete, além de ter sido escolhida como um dos melhores sites da web 2.0 fora dos EUA pela revista norte-americana ‘Business 2.0’.
Já o Apontador (www.apontador.com.br), site brasileiro de mapas que também foi lembrado duas vezes na enquete, passou a contar com funções de comunidade recentemente.
O site permite que usuários registrem nos mapas pontos de interesse. Além disso, conteúdo como vídeos e fotos também podem ser associados a um determinado ponto no mapa.’
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OS MAIS VOTADOS
‘WIKIPÉDIA
VISITE
Acesse pt.wikipedia.org e navegue pelos verbetes PARTICIPE
Para editar ou a criar verbetes, clique em Criar conta CONFIRA
Depois, acesse pt.wikipedia.org/wiki/ Wikipedia:Como_contribuir_para_a_Wikip%C3%A9dia e siga as instruções
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Conheça os portais personalizados
‘Todo o conteúdo da web 2.0 pode ser organizado para consumo no formato que o usuário preferir utilizando um agregador ou uma página inicial personalizada.
Hoje, essas ferramentas não reúnem só textos em RSS vindos de diferentes fontes: podem ter a interface personalizada, trazer fotos, vídeos e outros conteúdos e guardar os favoritos do internauta.
O agregador Netvibes foi lembrado três vezes na enquete e o Pageflakes, duas. iGoogle, Bloglines e Google Reader tiveram um voto cada um.
Nesse universo, a concordância não é tão grande em relação aos melhores sites, possivelmente porque, nesse caso, têm mais peso a preferência pessoal de cada usuário.
‘A idéia de customizar as coisas já existia, e aí acabou indo para a internet’, diz Ana Laura Gomes, professora do Senac de São Paulo.
Ela lembra que essa personalização pode se estender até mesmo aos celulares, já que em alguns sites pode-se escolher conteúdos para serem recebidos por SMS no telefone.
Portal personalizado
Muitos internautas usam esses serviços como um portal personalizado para a web: reúnem as manchetes de seus sites e blogs preferidos, os vídeos mais populares das principais páginas e as fotos mais vistas, além de conteúdo produzido por seus amigos.
O Netvibes ajuda o usuário a configurar sua página inicial, sugerindo sites e blogs de acordo com os temas escolhidos por ele (tecnologia, esportes, blogs, entretenimento etc.).
Já o Pageflakes tem como ponto forte o conteúdo de mídia, já que se pode adicionar serviços de vídeo, música, fotos e jogos à página inicial.
Tanto no Netvibes quanto no Pageflakes o internauta pode criar diversas abas, pelas quais pode separar diferentes conteúdos de sua página inicial personalizada.
Suíte on-line
Diferentes participantes se lembraram também de ferramentas da empresa 37 Signals, que tem uma espécie de pacote on-line de programas de organização e colaboração.
Steve O’Hear, do ZDNet, incluiu o Basecamp como um dos melhores sites da web 2.0.
O programa on-line facilita a colaboração de vários usuários em um mesmo projeto.
Já Augusto Campos, do BR Linux, citou o Backpack, também da 37 Signals, em que o internauta cria um site pessoal para arquivar fotos, anotações, links e qualquer outro conteúdo e publicá-lo facilmente.
O Writeboard, que também faz parte do pacote, é um dos favoritos de Daniel Tolouei, do PCForum.
O programa é um editor de texto on-line com foco em colaboração, no qual se pode controlar as diferentes versões de um mesmo documento.
Os softwares on-line da 37 Signals têm semelhança com a suíte on-line da brasileira Aprex. A diferença é que os sites da norte-americana são feitos também para serem usados separadamente, não sendo necessário utilizar todo o pacote.’
YouTube vai ter novo sistema de publicidade
‘O Google vai lançar hoje um novo sistema de publicidade para o YouTube, o site de vídeos mais acessado na internet.
Pelo novo sistema, segundos antes de o vídeo começar, propagandas aparecerão na parte de baixo da tela. Caso queira saber mais detalhes sobre o anúncio, basta clicar que ele aparecerá na íntegra.
O Google diz que o novo sistema é de cinco a dez vezes mais eficiente que o usado por outros sites de vídeos. ‘Esse é o mais eficiente e que mais respeita o usuário’, disse a diretora do Google Eileen Naughton ao ‘Financial Times’.’
TELEVISÃO
Globo sai à rua para montar elenco de ‘BBB’
‘No mínimo cinco e até sete dos 14 participantes da próxima edição de ‘Big Brother Brasil’ serão pessoas convidadas por ‘olheiros’ da Globo. Os demais serão selecionados entre milhares inscritos pela internet, a partir de 1º de setembro.
Será a segunda vez desde 2002 que a Globo oficialmente usará ‘olheiros’ para montar o reality show mais visto do país. A rede apelou a esse recurso nos dois primeiros ‘BBBs’. No final do ano passado, às vésperas da estréia de ‘BBB 7’, teve que ‘caçar’ participantes, porque o elenco masculino obtido pelas inscrições não agradava. O vencedor Diogo Gasques, o Alemão, foi um dos ‘caçados’.
Neste ano, J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor-geral do programa, resolveu não correr riscos e antecipou, para outubro, a seleção por ‘olheiros’. O argumento é que bons personagens, como Alemão, não têm coragem de se inscrever.
Após a primeira avaliação dos inscritos pela internet, a Globo despachará para São Paulo, Salvador, Recife e Porto Alegre três produtores _um homem e duas mulheres.
Os locais de abordagem (ruas, praias, boates da moda) e os tipos buscados (sarados, saudáveis, baladeiros) também vão depender da internet.
A Globo manteve o prêmio para o vencedor (R$ 1 milhão líquidos), mas aumentou para o segundo (de R$ 50 mil para R$ 100 mil) e terceiro (de R$ 30 mil para R$ 50 mil) colocados.
OSCAR 1 Pela terceira vez na década, o ‘Jornal Nacional’ é finalista do Emmy Internacional, o Oscar da TV mundial. Os finalistas de jornalismo, que concorrerão em Nova York em setembro, foram anunciados ontem.
OSCAR 2 O ‘JN’ disputará o Emmy (categoria ‘news’) pela ‘Caravana JN’, da cobertura das eleições de 2006. A Globo também concorrerá na categoria ‘current affairs’ (atualidades) pelo ‘Linha Direta’ que reconstituiu a chacina da Candelária.
CONFETE O ministro da Previdência, Luiz Marinho, deu anteontem longa e tranqüila entrevista ao ‘A Casa É Sua’, programa de fofocas da Rede TV!, que acaba de negociar uma dívida de R$ 54 milhões com o INSS.
SOLO Daniella Cicarelli vai apresentar sozinha o Video Music Brasil (VMB) deste ano. Em 2006, ela dividiu a apresentação da premiação com Cazé Peçanha e Marcos Mion.
APITO A Band contratou ontem o comentarista Oscar Roberto de Godói, ex-Record, que esvaziou sua área esportiva. Godói estréia na Band hoje, com Botafogo x Corinthians, pela Copa Sul-Americana.
EFEITO O SBT fez mudanças em sua grade anteontem, com estréias e o cancelamento de ‘Sob Controle’, mas não evitou derrota para a Band. ‘Chaves’ e ‘Chiquititas’ se saíram bem, mas o ‘SBT Brasil’, meia hora mais cedo, deu só dois pontos e ficou em quinto lugar no Ibope.’
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 22 de agosto de 2007
CVM & CENSURA
ANJ vê ameaça à Constituição em minuta da CVM
‘A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou ontem nota de protesto contra a minuta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que sugere mudanças na regulamentação da atividade de jornalistas especializados em finanças.
A iniciativa de CVM, colocada em audiência pública no dia 15 de agosto, ‘propõe dar tratamento explícito à atuação de jornalistas da mídia especializada que, no exercício de suas atividades, formulem comentários sobre investimentos em valores mobiliários’.
‘A minuta pretende estabelecer um ponto de equilíbrio entre os benefícios inegáveis que podem ser produzidos com a atuação profissional de jornalistas especializados em mercado de capitais, que se constitui em uma ferramenta de esclarecimento e democratização de informações principalmente ao investidor de varejo, e a grande capacidade de influência e condicionamento que podem exercer sobre o mercado de capitais’, diz o texto do edital que abre a consulta pública sobre o assunto.
A minuta sugere alterações na Instrução nº 388, de 30 de abril de 2003, que disciplina a atividade de analistas de valores mobiliários.
A proposta da CVM despertou críticas de diversas entidades de classe de jornalismo, que a classificaram como censura. Para a autarquia, porém, o objetivo da medida é coibir conflito de interesses entre analistas e jornalistas.
ÍNTEGRA
Segundo a nota da ANJ, assinada pelo seu vice-presidente e responsável pelo Comitê de Liberdade de Expressão, Júlio César Mesquita, a minuta da CVM viola o preceito constitucional que protege a liberdade de expressão e o livre exercício da profissão de jornalista.
‘A Associação Nacional de Jornais (ANJ) manifesta-se frontalmente contra qualquer tentativa de normatização do trabalho jornalístico pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no âmbito das alterações que pretende fazer nas disposições sobre a atividade de analista de valores mobiliários. A ANJ assinala que nenhuma instância, governamental ou não, pode se colocar acima do preceito constitucional que protege a liberdade de expressão e garante o livre exercício da profissão de jornalista.
‘Na minuta de alteração da Instrução da CVM colocada em consulta pública no dia 15 de agosto, está aberta a possibilidade de enquadramento dos jornalistas, no exercício de sua profissão, na legislação de crimes contra o mercado de capitais. Tal perspectiva é inadmissível, diante do disposto no parágrafo primeiro do artigo 220 da Constituição: ‘Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social’.
‘A ANJ considera saudável e necessária a preocupação da autarquia com a lisura e transparência na atuação dos profissionais do mercado financeiro. Mas alerta que se colocará contra qualquer iniciativa que fira o direito de acesso à informação e o livre exercício do jornalismo.’’
TELEVISÃO
‘A teledramaturgia está histérica e isso é de enlouquecer a todos’
‘Como Ágata, Claudia Raia encara sua segunda vilã na TV. Depois de sair de uma cena em que encontra Dante (personagem de Reinaldo Gianecchini) para cometer mais uma maldade em Sete Pecados, a atriz conversou com o Caderno 2. Nesta entrevista exclusiva, Claudia diz que sua carreira se divide entre antes e depois de Engraçadinha, minissérie que protagonizou em 1995. E que a maior frustração foi a novela Terra Nostra. ‘Nem me recordo do nome da personagem.’ E que seu pecado capital é a gula e que come como uma caminhoneira.
Para você o que dá mais prazer: ser boa ou bruxa?
Ser boa é morno, a mocinha é sempre vítima. A bruxa é a dona da ação, é uma personagem mais complexa. Ágata é minha segunda vilã, a primeira foi Ângela, em Torre de Babel, uma psicopata que matava e depois comia morangos. Ágata não é psicopata, é uma bandida, que quer o dinheiro dos outros. Ela representa as pessoas que são reféns do dinheiro.
Qual foi sua referência para fazer Ágata?
A personagem de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada, um ser que usa o poder para pisotear as pessoas, que é má por prazer.
O que você tem de Ágata?
O fascínio pela moda, pelos lindos vestidos. Adoro o visual anos 80 que ela usa. O figurino e maquiagem inspiram o ator. Quando Gogóia (figurinista) me botou uma saia lápis, me veio aquele andar curtinho de Safira em Belíssima. A maquiagem de Ágata dá uma coisa dura nos olhos e cria uma máscara que não é minha. Eu sou uma palhaça, doce, o oposto de Ágata. Miguel Falabella diz que eu dou dois passos e caio do salto.
Que desfecho você pediria para sua personagem?
É cedo ainda, mas eu gostaria que ela se apaixonasse e não fosse correspondida para sofrer muito. Pediria para ela ser presa e levar uma surra para aprender a não brincar com a vida dos outros. Mas eu também gosto de vilões que se dão bem no fim, como a Bia Falcão da Fernanda Montenegro, em Belíssima. Não é assim que acontece com os vilões da vida real?
Qual é seu pecado capital favorito?
A gula. Mesmo com este corpinho, só Deus sabe o que eu como, sou uma caminhoneira: como arroz, feijão, carne, quando vou a uma churrascaria quase saio pendurada no espeto. Não gosto de doces, de massas, de álcool e compenso isso nas pratadas. Acredito na idéia de que você é o que você come. Venho de uma família de diabéticos e de obesos mórbidos, por isso sempre pensei na saúde.
Qual trabalho mais te recompensou?
Meu ápice foi Engraçadinha (minissérie na obra de Nelson Rodrigues), tanto que divido minha carreira em antes e depois de Engraçadinha. Mas foi importante fazer TV Pirata e virar da turma de Guel Arraes, da qual fazem parte não mais do que 10 ou 12 artistas, entre eles, Débora Block, Fernanda Torres, Diogo Vilela, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Marcos Nanini e Ney Latorraca. Destaco Tancinha, de Sassaricando, e Safira, um presente de Silvio de Abreu nos meus 25 anos de carreira.
E qual o que mais te frustrou?
A novela Terra Nostra, nem me recordo o nome da personagem, só me lembro de dizer ‘Mamá’, e Lolita Rodrigues responder: ‘Si, hija, depois te explico.’ Benedito Rui Barbosa não sabia o que fazer com nossas personagens. Passei seis meses grávida na novela até que um dia dei um toque no Jaime Monjardim para lembrá-lo que já estava na hora. E aí nasceu. Foi uma novela que eu não tinha porque ter entrado, mas é necessário saber lidar, porque nem tudo na vida são só flores e sucesso. Às vezes, mesmo com todo esforço, não rola.
O que dá mais prazer: fazer novela ou musicais?
São coisas tão diferentes. Para se fazer musical, o ator tem de ter três cérebros e para fazer novela, ele precisa de mil porque é tudo tão ágil e tem de ser eficiente. Transformar erros em acertos na maior rapidez.
Por que você escolheu estrelar um musical enlatado como o Sweet Charity em vez de procurar uma opção brasileira?
Não trouxe um musical enlatado, não montamos a versão americana da Broadway. Fiz com brasileiros: Charles Muller, Cláudio Botelho. Nosso coreógrafo foi Alonso Barros, um brasileiro que vive na Áustria. Colocamos até samba no musical. Sou fãzíssima de Bob Fosse e faz 17 anos que queria fazer um musical dele. E não podemos fingir que os americanos não sabem fazer musicais, eles têm know-how e temos de aprender com eles. Além disso, não temos no Brasil autores e compositores de musicais.
Por que o Sweet Charity parou?
Por falta de patrocínio, precisávamos de R$ 2 milhões e só consegui captar R$ 350 mil para montar a temporada que incluía Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Porto Alegre. Fui pessoalmente a pelo menos 20 empresas, fui bem recebida, mas fui infeliz na época, porque o orçamento do ano já estava comprometido. É uma produção cara porque são 72 pessoas entre artistas e técnicos, só a folha de pagamento custava R$ 400 mil.
O que a TV e o teatro ainda devem a você?
Nada, nem a vida me deve coisa alguma. Eu trabalhei e ela me deu tudo: meus dois filhos e o meu amor (Edson Celulari), que me deu os dois. A minha melhor personagem é a de mãe do Enzo e da Sofia.
Qual é a avaliação que você faz da TV hoje?
A teledramaturgia está um pouco histérica por pressão do ibope. Antes as histórias tinham seu tempo para desenvolver, hoje tem de acontecer mil coisas em cada capítulo. É enlouquecedor para todos: autor, diretor, atores. Acho que também falta um entretenimento mais lúdico.
Dois atores dentro da mesma casa ajuda ou atrapalha?
Só ajuda, um dá força para o outro. Estou embarcando para Salvador, ver meu marido estrear no teatro Don Quixote de Lugar Nenhum.’
Cristina Padiglione
Globo reavalia séries
‘O mau desempenho de A Pedra do Reino no ibope não inibirá a produção dos próximos títulos do projeto Quadrante, de Luiz Fernando Carvalho. Mas a direção da Globo há de acompanhar com mais atenção os títulos a seguir. Dom Casmurro, por exemplo, próximo Quadrante, será feita no Rio, o que já torna sua supervisão mais acessível do que um trabalho no sertão paraibano, como aconteceu com A Pedra.
Não que a Globo tenha perdido a confiança no diretor. Mas, depois daquela Pedra, a ordem é manter um olho extra no seu vanguardismo.
O caso é que nem Hoje É Dia de Maria nem A Pedra do Reino somaram custos exorbitantes de produção. Mais salgadas são as cifras das macrosséries de temáticas históricas de janeiro, como JK, Mad Maria e Amazônia. São produções que assumem ritmo de novela, mas com locações fora do comum e menor número de capítulos para diluição de custos.
O cancelamento da série sobre Maurício de Nassau, portanto, planejada para janeiro de 2008, não é casual. Faz parte de uma avaliação que poderá atingir os janeiros e os projetos a seguir. O formato vem sendo repensado e pode sair de linha.
Confusão à vista
Eduardo Dusek será o Barão de Munchausen no próximo episódio do Sítio do Picapau Amarelo, Quem quiser que conte outra, que começa na segunda-feira. O vilão disputará com Dona Benta (Bete Mendes) a compra da terra prometida aos personagens do mundo encantado.
entre-linhas
O Provocações completa sete anos no ar e mereceu gravações internacionais. Antônio Abujamra mostra hoje, às 23h10, na Cultura, a primeira safra dos registros culturais trazidos da Europa. Em foco, o 30.º Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) realizado no Porto, Portugal.
Há alguns dias de molho por obra de problemas na coluna, William Bonner anunciava para ontem seu retorno ao expediente do Jornal Nacional.
A Globo garante que o BBB8, que estréia em janeiro, terá Boninho na direção, Pedro Bial no comando e que Diego, o Alemão, não terá participação no reality show. Não até então.
O Universal Channel exibe os três últimos episódios da oitava temporada de Law & Order nos dias 28 e 30, às 20 h.
Mais uma dupla engrossa a lista de famosos que processam a turma do Pânico: Luana Piovanni e Dado Dolabella. Pedem na Justiça que os humoristas não se aproximem mais deles.
O site globoesporte.com e o Sportv fecharam parceria envolvendo um game do Campeonato Brasileiro, o Cartola FC. Produto do site, o game ganhará um quadro no Tá na Área, do Sportv, e o público poderá disputar partidas com o elenco do canal.
Em tempo: o lançamento de A Pedra do Reino em DVD é esperado para setembro. São dois discos e um documentário inédito de 50 minutos, mostrando o processo de criação da série.’
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